Hotel encerrado em Faro por causa de ligação a 4 casos de Doença dos Legionários

A Autoridade de Saúde determinou hoje a «suspensão da atividade» de uma unidade hoteleira em Faro, «na sequência da notificação […]

Doca de Faro (1)A Autoridade de Saúde determinou hoje a «suspensão da atividade» de uma unidade hoteleira em Faro, «na sequência da notificação de quatro casos de Doença dos Legionários epidemiologicamente associados à permanência» nesse estabelecimento, anunciou, em comunicado a Administração Regional de Saúde do Algarve.

As vítimas são «todas estrangeiras e eram todas clientes do hotel», não tendo a bactéria afetado qualquer membro do pessoal da unidade hoteleira, segundo revelou ao Sul Informação Ana Cristina Guerreiro, a Delegada Regional de Saúde do Algarve.

O nome do hotel em causa não é, para já, conhecido, nem será revelado pelas autoridades.«Decidimos, em articulação com as autoridades locais e regionais, não divulgar o nome da unidade hoteleira, por razões éticas e comerciais», explicou Ana Cristina Guerreiro.

«Trata-se de uma unidade de pequena dimensão, que não tem mais de 20 quartos. Ou seja, não é nenhum dos grandes hotéis de Faro», disse, apenas.

Ao que o Sul Informação apurou, trata-se do Hotel Adelaide, uma pequena unidade de 2 estrelas, situada no coração da cidade de Faro.

O alerta para a existência de legionella neste hotel foi dado através de uma rede internacional, onde são reportados todos os casos de pessoas que ficaram doentes no seguimento de viagens. «Soubemos de três dos casos através desta rede internacional. No outro caso, a paciente está internada no Hospital de Faro e está em situação estável», revelou a Delegada Regional de Saúde, que acrescentou que também não há indicação que os demais afetados estejam em perigo.

Segundo a Delegada Regional de Saúde, a equipa da Unidade de Saúde Pública local procedeu à «investigação epidemiológica e avaliação de risco» e recolheu amostras de água para pesquisa de bactérias do género Legionella, «que foram detetadas».

Os resultados das análises, feitas pelo Laboratório Regional de Saúde Pública Dr.ª Laura Ayres e conhecidos esta quarta-feira, dia 2, «revelaram forte positividade para a espécie Legionella pneumophila, em diversos pontos da rede predial de abastecimento», precisou a ARS do Algarve.

Por este motivo, o Delegado de Saúde do ACES Central, numa intervenção conjunta com a ASAE, determinou a suspensão da atividade do hotel.

Em declarações ao canal televisivo SIC, Adelaide Santos, a proprietária do Hotel de 2 estrelas, garantiu que esta «foi a primeira vez» que teve problemas desta natureza e justificou a situação com uma bomba de água defeituosa. «Há uma bomba que não faz a circulação como deve ser», disse, garantindo que as obras necessárias vão ser feitas já.

Um investimento que terá mesmo de ser feito já que, segundo a ARS do Algarve, esta suspensão fica em vigor «até à verificação da efetivação dos procedimentos de contingência, com resultados analíticos negativos no sistema de água do empreendimento, bem como a garantia da implementação de um “Programa de Prevenção e Controlo” neste âmbito».

Ana Cristina Guerreiro adiantou que a medida de encerramento «é temporária» e será depois reavaliada a pedido da unidade hoteleira, quando esta cumprir com as exigências feitas pelas autoridades.

Segundo a Delegada Regional de Saúde, «o hotel terá que contratar uma empresa especializada para o tratamento imediato da rede de água. Primeiro será feita uma avaliação da rede e, se for recente, será efetuado o tratamento térmico e químico». A reabertura do pequeno hotel só terá lugar «quando os resultados forem negativos».

A ARS explica que a doença dos Legionários apresenta-se habitualmente sob a forma de pneumonia, provocando um quadro clínico caracterizado por cansaço, febre, dores de cabeça, dores musculares e tosse.

Trata-se de uma doença rara que atinge preferencialmente pessoas idosas, fumadores, imunodeprimidos e pessoas com doenças crónicas.

A bactéria causadora da doença, designada como Legionella, vive em ambientes aquáticos naturais, podendo contaminar sistemas de água criados pelo Homem, como redes prediais, torres de refrigeração, fontes ornamentais, entre outros.

A infeção pode acontecer por inalação de gotículas de água contaminadas com a bactéria. É uma doença que pode ocorrer sob a forma de casos esporádicos ou surto, registando um maior número de casos habitualmente entre o fim do Verão e o Outono.

As Autoridades de Saúde e a Direção Geral de Saúde, a quem a situação já foi comunicada, continuam a acompanhar esta situação.

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