Guia de Geologia e Paleontologia Urbana desvenda segredos escondidos nas rochas de Faro

Quem entra na Sé de Faro e olha para a base do seu púlpito estará longe de imaginar que aquelas […]

guia de geologia faro (2)

Quem entra na Sé de Faro e olha para a base do seu púlpito estará longe de imaginar que aquelas rochas escondem fósseis de animais que já se extinguiram há milhares de anos. Ou que, em plena Rua de Santo António, se podem encontrar, num edifício, corais do período dos dinossauros – o Mesozóico.

Estas foram algumas das descobertas de Luís Azevedo Rodrigues, reveladas da apresentação do Guia de Geologia e Paleontologia Urbana de Faro, que decorreu ontem no Centro Ciência Viva do Algarve.

Este é o terceiro guia bilingue (em português e inglês) deste género editado, após Lagos e Tavira. Luís Azevedo Rodrigues, que é também diretor do Centro Ciência Viva (CCV) de Lagos, revelou ao Sul Informação mais algumas das suas descobertas em Faro: «tanto na Sé, como noutros pontos de Faro, conseguimos encontrar rochas como a brecha da Arrábida, que, por exemplo, também está presente no Coliseu de Roma».

Em algumas igrejas de Faro, «encontramos ainda uma variedade de rochas, que vieram da exploração de mármore, mas utilizadas de outra forma».

Quanto ao edifício, que é o número 68, da Rua de Santo António, Luís Azevedo Rodrigues explica que os corais «são de grande tamanho» e permitem olhar para a parede e ter uma ideia «de um mar tropical de há 150 milhões de anos». Este é, para o autor, um «exemplo de edifício moderno, mas com rochas antigas».

Para fazer estas descobertas, explanadas agora em livro, Luís Azevedo Rodrigues andou a percorrer as ruas de Faro. Em cada recanto, olhou – «com outro tipo de olhar» – ao longo de um passeio que é «uma das fases mais interessantes deste trabalho», no entender do diretor do CCV Lagos.

E se é verdade que «cada cidade tem as suas caraterísticas», em Faro, o Guia de Geologia e Paleontologia Urbana tem, ainda, pontos de referência na Praça Ferreira de Almeida, num edifício que até está grafitado. Neste existe uma utilização de um calcário vidraço, com fósseis muito grandes, como bivalves. No percurso que este livro apresenta da capital algarvia, Luís Azevedo Rodrigues tentou fazer «um balanço entre edifícios históricos e outros mais modernos».

guia de geologia faro 4Um dos objetivos deste guia é, tal como o de Tavira e o de Lagos, levar ao grande público o conhecimento geológico e paleontológico de Faro. O trabalho de Luís Azevedo Rodrigues – e da sua restante equipa – é identificar as rochas para as «introduzir às pessoas, como personagens de histórias geológicas, que fazem parte também de uma história humana dos edifícios», explicou ao nosso jornal.

Este guia pretende, também, ser uma nova forma de os turistas visitarem tanto Faro, como Tavira e Lagos. João Fernandes, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), esteve presente na sessão de apresentação do Guia de Geologia e Paleontologia Urbana de Faro e adiantou que estes exemplares vão passar a ser vendidos, nos postos de turismo das cidades das quais já há guias, a partir de 2017.

Também quanto ao futuro, mas de próximos guias, Luís Azevedo Rodrigues revelou que há «várias cidades com potencial» para novas edições. «Gostava que alguns municípios usassem este exemplo para ajudar e produzir este tipo de guias, que servirão de apoio e valorização para os seus turistas», acrescentou.

As vendas dos Guias de Lagos e Tavira estão, segundo o autor, «a correr bem», existindo já um acordo com as lojas FNAC do Algarve, na Guia e em Faro, para que estes livros também possam lá ser vendidos.

Uma futura aplicação, para smartphones tablets, é também uma hipótese, mas Luís Azevedo Rodrigues disse preferir fazer uma exposição itinerante pelas escolas para «introduzir a questão da geologia urbana e a sua importância».

 

Veja aqui mais fotos:

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

Comentários

pub