Litão na cataplana e na arte deu início ao ciclo «Fazer Render o Peixe» no Museu de Portimão

O chef André Magalhães mostrou, perante mais de meia centena de pessoas, como se faz uma cataplana de litão, o […]

O chef André Magalhães mostrou, perante mais de meia centena de pessoas, como se faz uma cataplana de litão, o pequeno tubarão seco que, em algumas partes do Algarve, antigamente substituía o bacalhau na dieta dos mais pobres.

Antes, o artista plástico guineense Kwame Sousa já tinha explicado a génese da sua exposição «Um Olhar sobre o Peixe Seco».

E assim se fez render o peixe, no Museu de Portimão, dando o pontapé de saída para o ciclo que, desde ontem, 27 de Outubro, até fins de Maio, vai aliar gastronomia e artes.

Kwame Sousa apresentou-se como um «artista global, não apenas africano, mas com as raízes em África». Uma ligação bem visível no colorido dos seus quadros, patentes no átrio do Museu.

Quanto ao chef André Magalhães, a feitura da sua cataplana de litão foi seguida por muito interesse, sobretudo por se tratar de um peixe que, no Barlavento algarvio, pouca gente conhece, mas também por levar três espécies de algas, apanhadas nas praias.

Em termos de bebida, além dos vinhos algarvios, a cataplana, que foi dada a degustar, foi acompanhada por sumo feito a partir da polpa do fruto do imbondeiro. Uma forma de ligar as raízes angolanas de André Magalhães e de Kwame Sousa ao peixe que ali se pretendia homenagear.

O ciclo «Fazer Render o Peixe» continua a 20 de Dezembro, às 18h00, com a performance audiovisual dos Sampladélicos «Os Antípodas da Gastronomia», a que se segue, duas horas depois, e apenas com inscrição prévia, um jantar que será uma «experiência gastronómica» a cargo, de novo, do chef André Magalhães.

No dia seguinte, 21 de Dezembro (18h00), abre a instalação escultórica de João Leonardo intitulada «Europa: Polar Shift», seguida de degustação oferecida pela Docapesca.

De 28 de Fevereiro a 5 de Março, o Museu de Portimão vai acolher a primeira de duas semanas gastronómicas, desta vez com a ementa a cargo dos chefs Fernando Agrasar del Rio, do restaurante «As Garzas», da Galiza, e Francisco Siopa, o mestre chocolateiro e chef de pastelaria. Que delícias reservará este encontro?

A 4 de março (18h00), abrem as exposições «Bivalvia», de Beatriz Lobo, e «Uma Casa Portuguesa», de Miki Leal.

A segunda semana gastronómica estará a cargo do chef Hans Neuner, duas estrelas Michelin com o seu restaurante Ocean, no Vila Vita. Vai decorrer de 11 a 15 de Abril, no restaurante do Museu de Portimão.

No dia 13 (18h00) terá lugar a performance artístico-gastronómica de Douglas Fitch, bem como a inauguração de mais duas exposições: «Natureza-Morta em Movimento», do mesmo Douglas Fitch, e «Cirúrgico», de Filipe Lucas Frazão. Ambas poderão ser vistas até 31 de Maio.

Falta apenas dizer que toda esta programação ao longo de oito meses, sempre no Museu de Portimão, se integra no programa 365 Algarve, que pretende contribuir para esbater a sazonalidade do turismo algarvio, atraindo mais visitantes à região, fora da época alta. Um objetivo que ontem não se concretizou, já que os visitantes eram quase todos portugueses e os poucos estrangeiros que por lá estavam eram residentes no Algarve.

Aliás, o Sul Informação viu duas turistas, mas, como tudo era falado em português, acabaram por se ir embora, sem sequer ficar para a degustação final da cataplana, dos vinhos e do sumo. Ou seja, há ainda muito trabalho a fazer na divulgação eficaz da vasta programação do 365 Algarve, numa fase mais imediata junto das unidades hoteleiras algarvias, sob pena de se gorar um dos principais objetivos do ambicioso programa que junta Cultura e Turismo.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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