CCMAR quer cavalos marinhos deixados em paz para que não desapareçam da Ria

Os cavalos marinhos são para ser deixados em paz ou corremos o risco de os ver desaparecer da Ria Formosa, […]

Cavalo marinhoOs cavalos marinhos são para ser deixados em paz ou corremos o risco de os ver desaparecer da Ria Formosa, avisou um grupo de investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) do Algarve que se dedica ao estudo desta espécie há mais de dez anos.

Os cientistas do Grupo de Biologia Pesqueira e Hidroecologia (GBPH) avisam que é necessário proteger os habitats desta frágil espécie e evitar por todos os meios o seu manuseamento indevido, já que «se registou recentemente um acentuado decréscimo dessas populações», segundo o centro de investigação associado à Universidade do Algarve.

Uma das principais preocupações dos especialistas é «a frequência com que algumas empresas de atividades marítimo-turísticas ou mesmo turistas de passagem pelo Algarve, certamente por desconhecimento, têm encontrado cavalos marinhos na Ria e têm manuseado as espécies».

Isso destabiliza o habitat dos cavalos marinhos, «causando uma possível e involuntária dispersão, o que será certamente um problema para a manutenção de populações saudáveis».

Este é um dos fatores de risco já identificados e que podem estar por detrás deste desaparecimento de cavalos marinhos da Ria Formosa, que se juntam a pesca direta ou acessória e a poluição. Mas não há, ainda, certezas do que está a causar o decréscimo na população desta espécie

«O Hippocampus hippocampus e o H. guttulatus são espécies com uma elevada suscetibilidade a fatores disruptivos, como sejam as alterações do habitat e a sobre-exploração que, por sua vez, são potenciadas pelas particularidades da biologia e da ecologia das espécies deste grupo, designadamente, a baixa mobilidade, a reduzida capacidade de dispersão, a baixa fecundidade, os cuidados parentais especializados e de duração relativamente longa e a fidelidade ao parceiro», segundo os investigadores do GBPH.

«Como tal, e tratando-se de espécies protegidas, abrangidas pela Diretiva de Habitats 92/43/CEE, de 1992, qualquer atividade que implique o seu manuseamento, detenção ou captura carece de autorização por parte das entidades competentes», acrescentou o CCMAR.

«O grupo tem desenvolvido ações de sensibilização e educação ambiental junto das populações de forma a chamar a atenção para este tipo de atividades de cariz irresponsável, que ameaçam as espécies de cavalos marinhos da Ria Formosa», segundo centro de investigação.

Por outro lado, «os cientistas desenvolveram ferramentas não invasivas para estudos de abundância (foto-identificação) e projetos para promoção do aumento da complexidade de habitats, através da criação de estruturas artificiais».

«Para auxiliar na vertente da conservação, o grupo conseguiu igualmente fechar o ciclo completo de reprodução desta espécie em aquacultura, tornando possível hoje em dia o cultivo de cavalos marinhos para fins de aquariofilia ou para possível repovoamento no meio selvagem», concluiu o centro associado à UAlg.

Os investigadores preparam-se ainda para propor a inclusão das duas espécies de cavalos marinhos na Convenção de Berna (ou Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa) que vai brevemente ser revista pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

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