Aljezur: a lenda de Cássima encantou mesmo quem não percebe uma palavra de português

Cássima, escondida para sempre na frescura da fonte em Loulé, de certeza que não tem tanto calor como tiveram, ontem […]

Aljezur_Cássima_Ao Luar Teatro_er_15Cássima, escondida para sempre na frescura da fonte em Loulé, de certeza que não tem tanto calor como tiveram, ontem à tarde, público e atores durante a representação da lenda da moura encantada que o grupo «Ao Luar Teatro» fez, no pequeno largo frente ao Museu Municipal de Aljezur.

O sol estava a pino (eram 16h00 quando a representação começou) e a pouco e pouco os espectadores foram saindo dos bancos corridos frente ao pequeno palco feito com uma réplica de um carro de bois – à maneira dos saltimbancos -, para a frescura da sombra do edifício do Museu, meia dúzia de metros ao lado.

Resistente ao sol, sem perceber uma palavra do que ali se dizia, mas fascinada pelo som e pela performance, quase que só ficou uma senhora alemã sexagenária, de calções, grossas botas de caminhada e mochila às costas, que anda a percorrer a Rota Vicentina a pé, com o marido e um casal amigo.

«Não percebi as palavras, mas percebi que é uma história de mouros e cristãos, pelos gestos e pelos desenhos que o ator ia mostrando», disse a senhora ao Sul Informação. «Foi uma boa surpresa encontrar este espetáculo aqui em Aljezur!», concluiu.

No fim, por entre as palmas da trintena de pessoas, entre as quais algumas crianças, que desafiaram o calor e as ruas íngremes de Aljezur para assistir aos espetáculo, Rui Penas, diretor do grupo «Ao Luar Teatro», colocou o seu turbante num banco, para «à maneira dos saltimbancos», recolher donativos. E o público não se fez rogado.

O ator, em conversa com o Sul Informação, confessou ter tido dificuldade em orientar o pequeno palco em relação ao sol. «Andámos às voltas e acabámos por colocar o palco de modo a que o sol desse mesmo nos olhos do público…», lamentou. Coisas que acontecem nestas artes santimbancas.

Rui Penas, com a sua voz tonitruante, contou a história trágica da moura Cássima, num trabalho a partir da obra de Francisco Xavier de Ataíde de Oliveira, auxiliado por um teatrinho de bonecreiro que colocou ao pescoço e onde se sucediam cenários e bonecos de reis mouros, cristãos e mouras encantadas (bonecos da autoria de Filipa Faísca, de Querença).

Aos pés do palco, duas jovens cantaram e tocaram flauta e tambores: Ana Figueiras, professora no Conservatório de Música de Loulé, diretora musical do «Ao Luar Teatro» e membro do grupo «Flor-de-Sal», e ainda a atriz Liliana Vidal.

A representação, tendo como palco e cenário o centro histórico da vila de Aljezur, foi promovida pela Direção Regional de Cultura e pelo Museu Municipal de Aljezur, integrando-se na programação do DiVaM e nas comemorações das Jornadas Europeias do Património.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

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