Joanaz de Melo: As concessões de petróleo no Algarve «são um negócio escuro»

Cada vez se está a usar menos petróleo e seus derivados, por esse mundo fora e em Portugal, e a […]

Joanaz de Melo em Faro_1Cada vez se está a usar menos petróleo e seus derivados, por esse mundo fora e em Portugal, e a tendência é para que continue a diminuir a procura desta matéria prima. Daí que o engenheiro do Ambiente João Joanaz de Melo, especialista em política energética, não perceba porque se decidiu conceder licenças para prospeção e exploração de hidrocarbonetos, no Algarve.

«A única justificação que encontro é que haja por detrás de tudo isto uma qualquer negociata, como a dos Estádios de Futebol e das SCUT», disse, durante um jantar-conferência que a associação Faro 1540 promoveu este sábado, na Tertúlia Algarvia, na Vila-Adentro da capital algarvia.

O convidado da associação farense, que além de licenciado e doutorado em Engenharia do Ambiente, é professor na Universidade Nova de Lisboa e um conhecido ambientalista, já que foi fundador do  Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, do qual é o atual presidente da Mesa da Assembleia Geral. No sábado, foi desafiado a falar sobre a exploração de petróleo, na região, mas acabou por desistir, tão escassa é a informação sobre este assunto.

«Eu tentei perceber o que está por detrás dos contratos de concessão. Mas essa questão parece estar no segredo dos Deuses e não consegui obter quase nenhuma informação», começou por dizer. Uma dificuldade de acesso a informação que o faz chegar a uma conclusão. «Eu odeio negócios escuros. E isto do petróleo é um negócio escuro!», afirmou.

Apesar de ter decidido centrar a sua intervenção no tema Política Energética, Joanaz de Melo nunca fugiu ao tema da prospeção e exploração de petróleo. Até porque liga com algumas das questões que abordou, como as rendas excessivas a grandes empresas do setor e alguns projetos que estão previstos, como a construção de novas barragens, que considera «um disparate».

Joanaz de Melo em Faro_2Até porque a forte dependência energética do nosso país, que está, atualmente, perto dos 75 por cento (ou seja, importamos três quartos da energia que consumimos), poderia ser fortemente atenuada «com a tecnologia e com o conhecimento que já existem», sem necessidade de grandes investimentos. Uma aposta séria na eficiência energética, aliada a outras medidas, permitiria reduzir para metade a fatura energética do país, no curto/médio prazo.

Daí para baixo, rumo a uma hipotética sustentabilidade e autosuficiência, teremos de contar com «tecnologias futuras», mas também com uma atitude diferente da parte da própria população, já que, defende, os portugueses gastam muito mais energia do que aquela que realmente precisam.

Outra maneira de reduzir os custos com energia, é baixando os chamados custos de interesse geral, que são, no fundo, subsídios do estado à produção de energia. Apesar de haver alguns incentivos com os quais concorda, nomeadamente alguns ligados às energias renováveis, há algumas soluções que rejeita liminarmente. «A co-geração fóssil é uma fraude e as novas barragens são outra fraude», afirmou.

Tomando como exemplo estes casos, na área energética, mas também outros noutros setores, alguns dos quais associados a esquemas de corrupção que estão a ser investigados, e, claro, a potencial exploração de petróleo no Algarve, Joanaz de Melo é claro: «Vale a pena é exigir mais transparência aos Governos, para que revele os números envolvidos nestes negócios. Porque, de uma maneira ou de outra, somos sempre nós, os contribuintes, a pagar essas brincadeiras», defendeu.

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