Progressão mais rápida na carreira será “isco” para atrair médicos para o Algarve

O Ministério da Saúde prepara-se para lançar «medidas de diferenciação positiva, nomeadamente na progressão nas carreiras, para a atração e […]

médico2O Ministério da Saúde prepara-se para lançar «medidas de diferenciação positiva, nomeadamente na progressão nas carreiras, para a atração e fixação de médicos» no Algarve, anunciou o Grupo Parlamentar do PS.

Interpelado pelo deputado algarvio socialista Luís Graça, numa audição na Comissão Parlamentar de Saúde, o ministro Adalberto Campos Fernandes disse estar atento ao que se passa no Algarve, ao nível do Serviço Nacional de Saúde e «assumiu a região como alvo prioritário da ação do seu ministério».

O membro do Governo revelou que está a ser feita uma avaliação ao modelo de funcionamento do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), que deverá ser concluída no final do 1º semestre de 2016 (Março). Só depois serão anunciadas as medidas a tomar.

A necessidade de alterar o modelo de gestão, nomeadamente o facto de os três hospitais do Algarve estarem fundidos numa só entidade, foi uma das questões levantadas pelos membros da Comissão Parlamentar de Saúde que visitaram a região em Dezembro. Mas o problema mais premente é a falta de médicos nas unidades de saúde da região, tendo em conta as declarações dos diferentes deputados contactados, na altura, pelo Sul Informação.

Daí que esteja previsto este “isco”, para tentar convencer mais médicos a ficar no Algarve. Esta medida junta-se a outras que haviam sido lançadas pelo Governo liderado pelo social-democrata Pedro Passos Coelho, que, tendo em conta a persistência de carência de clínicos, apesar das muitas vagas que foram abertas, não parecem ter surtido o efeito desejado.

Hospital de Faro_1Uma perceção confirmada pelo presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos Jaime Mendes, que considerou que as medidas já lançadas estão longe de ser suficientes para convencer o número suficiente de médicos a vir para as unidades de saúde da região.

«Isso não deu resultado. os incentivos tinham de ser maiores do que aqueles que estavam previstos. Podia haver, por exemplo, aquela questão de as Câmaras arranjarem casas para os médicos, como aconteceu em alguns locais», disse.

«O problema é que o incentivo [monetário] que os médicos recebem pra se fixar no Algarve ou no Alentejo é muito menor do que aquele que recebem se forem, por exemplo, para França, país que anda a recrutar muitos portugueses. Se cá vêm ganhar mil e tal euros, lá chegam a oferecer 10 mil euros por mês. Não estou a dizer que se aumente para 10 mil, mas se houver mais incentivo, as pessoas preferem sempre ficar no seu país», disse Jaime Mendes.

Certo é que «saíram mais de 400 médicos de Portugal, em 2015», ano em que se atingiu o pico de uma “debandada” que começou há alguns anos e se tem acentuado.

O dirigente da Ordem dos Médicos também aponta a necessidade de haver «bom ambiente», nomeadamente entre a administração e os profissionais de saúde, algo que assegurou não existir.

Outra forma de atrair clínicos para a região, defendeu o porta-voz da Comissão de Saúde, no seguimento da visita ao Algarve, é a abertura de mais vagas para especialização, na região. Até porque há, actualmente, cerca de 130 internos para os quais não houve vagas de especialização, a nível nacional.

Segundo Jaime Mendes, isto aconteceu porque «os colégios de algumas especialidades consideraram que não é preciso formar mais médicos». Uma decisão que parece não estar de acordo com a realidade vivida no Serviço Nacional de Saúde e que o próprio Jaime Mendes admite ser «um contra-senso».

«As recomendações são consultivas, mas é difícil para a direção da Ordem ir contra elas. Mas vamos fazer tudo para que abram mais vagas», assegurou.

 

Ministro quer criar um Centro Académico de Medicina no Algarve

Luís GraçaO modelo de gestão das unidades hospitalares do Algarve que será aplicado no futuro ainda está a ser equacionado, não sendo certo se o Centro Hospitalar do Algarve está para ficar ou se haverá uma reversão da fusão operada há cerca de quatro anos, voltando os Hospitais de Faro e do Barlavento Algarvio a ter administrações próprias.

Esta é uma solução defendida pelos deputados dos partidos da Esquerda, que pertencem à Comissão de Saúde, entre os quais o socialista Luís Graça, eleito pelo Algarve, que defendeu, igualmente, a criação de uma «missão académica» para pensar o setor, na região, que a tutela promete criar.

Adalberto Campos Fernandes «anunciou parcerias estratégicas com as áreas da economia e da ciência de forma a promover “coligações virtuosas” na criação de valor em áreas como a investigação científica e biomédica, admitindo a criação de um Centro Académico de Medicina no Algarve, a exemplo do que existe no Hospital de Santa Maria, em Lisboa».

Para Luís Graça, as medidas anunciadas pelo ministro da Saúde «são decisivas para a recuperação do Serviço Nacional de Saúde na região depois de quatro anos de destruição da oferta pública».

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