«O Grande Naufrágio» político inspira Carnaval de Loulé (com fotos)

Já se sabe que o Carnaval, em Loulé, é sempre recheado de sátira e de humor. E a atualidade política portuguesa […]

Carnaval de Loulé_2016_2Já se sabe que o Carnaval, em Loulé, é sempre recheado de sátira e de humor. E a atualidade política portuguesa mostrou-se um terreno fértil para dar largas à imaginação e criar um corso cujo tema é «O Grande Naufrágio», onde os dirigentes dos principais partidos ocuparão um lugar de destaque.

A edição do Carnaval de Loulé que sairá à rua nos dias 6,7 e 9 de Fevereiro será a 110ª da história do evento, o mais antigo do género em Portugal, o que levou a Câmara de Loulé a investir um pouco mais do que em 2015, ano em que o Orçamento esteve próximo dos 300 mil euros. «Vamos esmerar-nos para que esta edição do Carnaval se supere, em termos de qualidade», assegurou o presidente da Câmara de Loulé Vítor Aleixo.

Carnaval de Loulé_2016_1O “naufragado” XX Governo Constitucional, que sulcou as águas da política nacional durante breves semanas, com Pedro Passos Coelho e Paulo Portas ao leme, mas também o novo Governo liderado pelo socialista António Costa, são motivos que irão estar presentes em alguns dos 14 carros alegóricos.

Mas haverá muito mais do que política, nomeadamente a sátira desportiva, com os presidentes dos “grandes” e o treinador Jorge Jesus em destaque, e também uma homenagem a José Batista, ilustrador louletano intimamente ligado ao Carnaval de Loulé.

Palhó, o principal criativo e coordenador da equipa de trabalhadores autárquicos que, ano após ano, cria os carros alegóricos e as figuras que fazem as delícias dos louletanos e daqueles que fazem questão de assistir ao Carnaval de Loulé, adiantou que este ano haverá um forte enfoque nas questões nacionais, com personalidades como Angela Merkel a ficar de fora.

«Teremos muita sátira política, mas também uns quantos carros para “quebrar” um pouco, porque as pessoas não querem só sátira. Por exemplo, haverá o samba, porque sem ele acho que o Carnaval não é a mesma coisa», considerou Palhó.

Tratando-se de um “naufrágio”, não vão faltar barcos, alguns ainda em condições de navegar, outros nem por isso. «Haverá três barcos, que estarão em guerra política. Representarão o PSD/CDS, o PS, mas também o Bloco de Esquerda, o PCP e o PAN, que será representado por um pittbull terrier, um cão de “guerra”, pronto para a luta», descreveu.

Carnaval de Loulé_2016_5Também haverá um barco para o futuro Presidente da República, bem como barris para os que ficarem pelo caminho, nas Eleições Presidenciais de 24 de Janeiro. Isto, claro, se tudo se resolver na primeira volta, senão «ficam todos de fora do barco», gracejou Palhó.

O tema está, de resto, muito ligado à ideia da pirataria. «Nós começámos a pesquisar na história de Loulé um fator diferenciador para servir de inspiração a esta edição do Carnaval e chegámos à pirataria que, juntando à sátira política, deu origem ao nome», explicou Carlos Carmo, o adjunto do presidente da Câmara de Loulé.

«No fundo trata-se de juntar aquilo que aconteceu recentemente no país: uns que saem outros que entram. Há o naufrágio para uns e outros a chegar ao poder, e isso inspirou a criação dos elementos que compõem este Carnaval», acrescentou.

Como sempre, são esperadas «dezenas de milhar de pessoas», num evento que se tem vindo a tornar cada vez mais internacional, já que a Câmara de Loulé tem «registado que há cada vez mais estrangeiros a assistir ao corso», segundo Vítor Aleixo.

Uma boa notícia para o turismo do concelho, mas também para Instituições Particulares de Solidariedade Social de Loulé, já que «50 por cento das receitas revertem a favor de várias IPSS que trabalham em colaboração com a autarquia».

Desta forma, «mantém-se uma tradição retomada há alguns anos», mas que tem uma base histórica muito forte, «já que foi esse o espírito por detrás do primeiro Carnaval e Loulé, em 1906».

Equipa Carnaval de LouléQuem optar por festejar com o corso em Loulé, desfrutará de crítica social «picante, com uma boa dose de humor à mistura», garantiu o edil louletano. Para isso, há uma equipa de trabalhadores da autarquia a trabalhar afincadamente, até porque o Carnaval, em 2016, acontece mais cedo do que o habitual.

Apesar da proximidade com o Natal, época em que a equipa das oficinas camarárias está particularmente ativa, não se vislumbram problemas. «Felizmente, o capital humano é muito rico e composto por pessoas competentes a organizar e a executar», ilustrou o presidente da Câmara.

Também Palhó não tem dúvidas que quando chegar 5 de Fevereiro, dia em que as crianças do concelho celebram o Carnaval Infantil e em que os carros fazem a sua primeira aparição, tudo estará pronto.

«Temos estado sempre a dar, até há malta a trabalhar mais horas. Reforçou-se a equipa e, mais duas horas por dia ou menos uma, sei que as coisas vão estar prontas», disse. Mas, admite, «apertou um bocadinho», até porque ainda há equipas a desmontar as iluminações de Natal.

Esta equipa de profissionais é coordenada por Palhó, o principal criativo de serviço, a que se juntam Luís Furtado, que «desenha e concebe todos os arranjos exteriores de rua» e, este ano, Bruno Guerreiro, que ficará responsável pelas coreografias dos diferentes grupos de dança, outra imagem de marca do corso louletano.

Veja as fotos do andamento do trabalho nas Oficinas Municipais de Loulé:

Fotos Hugo Rodrigues/Sul Informação

Comentários

pub