Azul, a Rede de Teatros do Algarve nasceu no sábado e já dá primeiros passos (com Infografia)

A Azul – Rede de Teatros do Algarve nasceu no sábado, mas já está a dar os primeiros passos. A […]

A Azul – Rede de Teatros do Algarve nasceu no sábado, mas já está a dar os primeiros passos. A rede informal que, para já, liga 11 salas de espetáculo algarvias em outros tantos concelhos, pretende coordenar a programação entre os diversos espaços, apoiar a criação e a produção cultural da região e ainda promover a circulação artística no Algarve.

«Hoje faz-se história nos teatros do Algarve, esta é a primeira concretização de uma ideia já com muitos anos», salientou, na sua intervenção, Alexandra Gonçalves, diretora regional de Cultura do Algarve.

Joaquim Guerreiro, diretor do Teatro Municipal de Faro/Teatro das Figuras, onde decorreu a sessão de apresentação da rede, salientou que os principais objetivos são criar uma «programação em comum», que evite situações de «choque» entre eventos de equipamentos em concelhos próximos.

Para ilustrar o «choque entre programações» que tantas vezes resultava da falta desta coordenação, Dália Paulo, diretora do Departamento de Educação e Desenvolvimento Sociocultural da Câmara de Loulé e por isso responsável pelo Cine-teatro Louletano, recordou o caso do dia 1 de outubro de 2014, em que «havia uma programação igual em Loulé e em Faro – num lado estava o pianista Pedro Burmester a dar um concerto, no outro o pianista António Pinho Vargas». Eram, sublinhou, espetáculos «exatamente para os mesmos públicos», separados por uma dezena de quilómetros.

Mas o diretor do TMF sublinhou que a criação da rede destina-se também a «ganhar escala». É que, salientou, «uma coisa é contratar um espetáculo, outra é contratar dez». «Cada município por si não tem escala. Se não estivermos unidos não chegamos a lado nenhum», disse. Ganhar escala, disse, também permite trazer ao Algarve «produções nacionais e internacionais», que, de outra forma, ficariam afastadas.

Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro e presente na sessão enquanto anfitrião, salientou que «o Algarve tem o problema da sua dimensão. Em termos populacionais somos poucos, temos apenas 440 mil pessoas. Há concelhos que têm mais do que isso». Por isso, salientou, «precisamos de nos organizar mos e de cooperarmos mais uns com os outros».

Por outro lado, tendo em conta que «o turismo, no Algarve, se centra apenas em poucos meses do ano, por todas as razões e mais algumas temos de combater isso», nomeadamente através de uma maior e mais estruturada oferta cultural.

 

Rede de Teatros do Algarve_01

Joaquim Guerreiro, que é também um dos dois coordenadores desta Rede Azul (a par de Dália Paulo), anunciou que esta organização em rede vai permitir ainda «apoiar a criação e a mobilidade de agentes locais, bem como a sua circulação pelos diversos espaços», fazendo com que as criações culturais algarvias efetivamente circulem pela região.

Será igualmente «criado um evento regional, descentralizado pelos diversos municípios», cujos contornos estão ainda a ser definidos no âmbito da rede.

Para já, além de coordenarem as programações, os membros da rede vão começar a partilhar espetáculos, entre os Serviços Educativos dos teatros. «Aqui há efetivamente públicos diferentes de município para município, mesmo vizinhos, já que se trata das comunidades escolares de cada um», explicou Dália Paulo. Por isso, não há problema em partilhar a mesma atividade ou espetáculo e ganha-se em escala, facilitando a vinda ao Algarve de produções de fora da região ou a circulação das que aqui são criadas.

Antes de encerrar a sessão que contou com a presença de pessoas ligadas ao setor, sobretudo vereadores da Cultura, bem como diretores e técnicos dos equipamentos, todos desde há dois anos a trabalhar na criação do projeto, Dália Paulo lançou o convite da Rede Azul à criação.

«Estamos apenas no início de uma caminhada, estamos apenas a escrever a primeira linha. Por isso, a nossa opção foi sobre aquilo que, na região, podíamos promover e apoiar já. E a escolha recaiu sobre as estruturas e outros agentes culturais de cariz amador, que são a maioria na região».

Assim, a rede, com o apoio da Direção Regional de Cultura do Algarve, disponibiliza 7 mil euros para apoiar um projeto de estruturas e artistas algarvios. As candidaturas estão abertas até dia 28 de Fevereiro, seguindo-se, em Março, a análise do júri, sendo depois feita a audiência de interessados em Abril. Desde esse mês até Setembro, decorrerá o trabalho de criação do projeto escolhido, que será depois apresentado, em itinerância pelos espaços do Algarve, entre Setembro e Março do próximo ano.

 

Rede de Teatros do Algarve_02

E como serão avaliados os projetos candidatos? Dália Paulo explica que será criado um júri de cinco pessoas, «reconhecido, idóneo e isento, composto por profissionais ligados às áreas da Cultura, Programação e Artes do Espetáculo». Desses cinco elementos, um representará a Rede Azul, outro a Universidade do Algarve, outro ainda a Direção Regional de Cultura e os restantes dois serão «pessoas de reconhecido mérito nacional». Isto até para que «os agentes culturais da região sejam cada vez mais conhecidos no exterior».

O convite à criação, o primeiro lançado pela Rede Azul, integra 10 dos 11 municípios que participam, tendo um dos parceiros, «por razões próprias», optado por ficar de fora (Vila Real de Santo António).

Quanto à rede (ver INFOGRAFIA acima), entre teatros, cineteatros e auditórios, estão presentes onze equipamentos: os Auditórios Municipais de Albufeira, Lagoa e Olhão, o Centro Cultural de Lagos, o Cine-Teatro Louletano, os Teatros Municipais de Faro e de Portimão (TEMPO), o Cine-Teatro de São Brás de Alportel, o Teatro Mascarenhas Gregório (Silves), o Teatro António Pinheiro (Tavira) e o Centro Cultural António Aleixo (Vila Real de Santo António). Em breve deverá juntar-se à rede o Centro Cultural de Vila do Bispo.

Mas o objetivo, segundo revelou Dália Paulo ao Sul Informação, é juntar ainda o Espaço Alcoutim, nesta vila, o Espaço+, em Aljezur, e alguma sala que os Municípios de Monchique e Castro Marim queiram propor, de modo a tornar a rede efetivamente de abrangência regional.

 

Infografia da autoria de Nuno Costa|Sul Informação
Fotos da autoria de Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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