A Câmara de Olhão quer ter três novas praias na frente de Ria do concelho, duas para ir a banhos e outra para «fruição da Ria Formosa». Uma delas, a Praia dos Cavacos, poderá estar a funcionar «já no próximo Verão, se as autoridades do Ambiente deixarem», revelou o presidente da autarquia António Pina, numa entrevista ao Sul Informação.
Para que esta praia possa ser usada, há que fazer um enchimento de areia. «Se se aproveitasse as operações de dragagens que a Polis ainda está a levar a cabo, era muito rápido», defendeu. Em Setembro, a Sociedade Polis já havia feito uma intervenção na zona terrestre desta praia, requalificando o parque de estacionamento e os acessos.
Além da Praia dos Cavacos, junto à Aldeia de Marim, onde a água «tem boa qualidade» e estão já reunidas as condições para avançar de forma rápida, estão em causa a praia do Pedro Zé, próxima da sede do PNRF, e a antiga Praia dos Moinhos, um pouco a poente da Marina e do Hotel de 5 estrelas. Nestes casos, perspetivar prazos é mais difícil.
A praia a criar na zona poente da cidade será «um espaço de cariz urbano». «A água, naquela zona, não tem muita qualidade. Mas, com alguma imaginação, poderemos criar ali um areal com pontos de refrescamento. Não será uma praia de banhos, mas sim uma praia de fruição da Ria, do bom tempo e para ir passear», explicou.
«Nos últimos dois ou três anos, criaram-se espaços nas grandes cidades, com piscinas e praias urbanas, onde as crianças podem estar ao sol, brincar, onde se pode ler um livro ou fazer desporto. Depois, o refrescamento é feito de forma artificial», exemplificou.
Já a chamada Praia do Pedro Zé «obrigará a uma intervenção mais profunda», pelo que é difícil dizer quando poderia ser utilizada, de uma forma regular, pela população. «Também aqui se conseguirá ter uma boa qualidade da água, com algum trabalho», acredita.
A criação de três praias em pleno Parque Natural da Ria Formosa dependerá sempre da autorização das autoridades do Ambiente, que o presidente da autarquia olhanense está confiante em obter, já que «historicamente, sempre existiram Praias nestes locais». «Olhão [cidade] já teve praias, há muitos anos, que eram mais usadas pela população olhanense, mas que, hoje, podem ajudar a esta crescente dinâmica do setor do turismo, no concelho», assegurou. No fundo, trata-se de recuperar «as três praias de memória onde os olhanenses iam a banhos.
António Pina argumenta, ainda, que «há que romper com esse preconceito de que fazer intervenções na Ria Formosa danifica o Ambiente». «Nós não estamos a transformar o Ambiente. Ele foi danificado pelo pouco cuidado que houve nestas praias urbanas. Até porque foi a Polis, na sua intervenção no paredão, que destruiu o pouco que havia naquela zona [praia dos Moinhos], onde havia areia tão branca como no Farol. Trata-se, com estes enchimentos de areia, de ter a qualidade ambiental que já tivemos há 60 anos», disse.
A aposta da Câmara de Olhão está ligada ao facto de as praias de Olhão, além de serem«as melhores Praias do Algarve», serem também «as que ficam mais longe», referindo-se ao facto de se situarem nas ilhas-barreira. «Além de melhorar acessibilidade às ilhas, porque não tentar recuperar aquilo que já tivemos há muitos anos?», disse.
Este foi um dos muitos assuntos abordados na entrevista a António Pina, no seguimento do balanço feito recentemente pelo edil dos dois anos de mandato. O crescimento do turismo, a requalificação da zona ribeirinha da cidade, o Ambiente, a recuperação das finanças da autarquia e os refugiados foram alguns dos temas em cima da mesa, que o Sul Informação irá abordar em novas peças, que poderá ler nos próximos dias.
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