Em quase todos os filmes, mesmo nos de produção portuguesa, se há uma cena mais arriscada, de pancadaria, uma manobra um pouco mais difícil de condução, um passeio de moto, um acidente, quem dá o corpo ao manifesto não são os atores principais, mas os duplos.
No filme «Son Corps», do realizador francês Benôit Jacquot, que por estes dias está a ser rodado no Algarve, os atores principais – Mathieu Amalric e Julia Roy – são dobrados por dois duplos portugueses – João Gaspar e Giby.
A dupla esteve na sexta-feira em Monchique, no Largo dos Chorões, todo o dia de prevenção para filmar, à tarde, uma cena que envolvia apenas um arranque de mota.
João Gaspar, duplo, ator e realizador, dono da empresa JGDuplos, levantou um pouco a ponta do véu do trabalho que tem estado a fazer para o filme. Como duplo, já filmou, por exemplo, uma cena a andar de moto, ao luar, na Praia dos Salgados («é proibido, mas ainda me pagam para isso», gracejou) e outra a acelerar no túnel da CRIL, em Lisboa, («e a fazer disparar os flashes por causa do excesso de velocidade»).
Na sexta-feira, apenas precisava de fazer um «arranque de moto», no Largo dos Chorões em Monchique. «As outras foram coisas um pouco mais stressantes, esta cena, em teoria, é mais simples, mas temos de estar sempre a 100% como nas outras», disse ao Sul Informação, compenetrado.
João Gaspar já perdeu a conta aos filmes, séries e novelas de televisão e até anúncios publicitários onde já trabalhou. Mas Giby é bem menos experiente e confessa que ser dupla não chega ainda para pagar as contas, por isso tem uma outra «profissão normal», é designer gráfica.
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