Nova espécie de animal fóssil com 455 milhões de anos foi descoberta em Portugal

Uma nova espécie de animal fóssil com 455 milhões de anos, uma trilobite cuja existência era desconhecida até agora em […]

nova trilobiteUma nova espécie de animal fóssil com 455 milhões de anos, uma trilobite cuja existência era desconhecida até agora em Portugal e no mundo, foi descoberta no nosso país.

A identificação foi feita no âmbito dos trabalhos de doutoramento de Sofia Pereira, aluna da Universidade de Lisboa (UL), orientada por Artur Sá, docente e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e Carlos Marques da Silva, docente e investigador da UL.

Trata-se de um fóssil de trilobite, com pouco mais de um centímetro e com cerca de 455 milhões de anos, encontrado em rochas da Formação Cabeço do Peão no concelho de Mação (Santarém).

“Este fóssil foi encontrado pelo paleontólogo não profissional Pierre-Marie Guy, que contactou a equipa do Centro de Geociências para a sua identificação. Depois de observado concluiu-se tratar de uma espécie nova de trilobite, um animal já extinto que existiu muito antes dos primeiros dinossauros”, afirma Artur Sá, da UTAD.

À trilobite foi atribuído o nome Radnoria guyi, em homenagem ao descobridor, que ofereceu o fóssil às coleções paleontológicas do Museu de Geologia Fernando Real da UTAD e indicou o local do achado, onde, posteriormente, foram recolhidos mais exemplares para o estudo agora efetuado.

“Esta descoberta traz nova luz acerca da distribuição temporal e geográfica do género Radnoria, sugerindo a possibilidade de se ter originado em altas latitudes antárticas, local onde se formaram as referidas rochas nas margens do continente Gondwana, há muito desaparecido”, acrescenta o investigador.

Esta nova trilobite corresponde atualmente ao registo mais antigo deste género. Até agora, o registo mais antigo de Radnoria, documentado, estava localizado no Sul da China.

Por isso, a descoberta é considerada histórica, já que “muda toda a perspetiva e conhecimento de um género cuja origem ocorreu num território que, 450 milhões de anos depois, viria a ser Portugal”, salienta a doutoranda Sofia Pereira.

A descoberta foi descrita e caracterizada num trabalho publicado no Bulletin of Geosciences, uma das revistas de referência em Paleontologia, com autoria de Sofia Pereira, doutoranda da UL e colaboradora do Centro de Geociências, Carlos Marques da Silva, da Faculdade de Ciências da UL, Miguel Pires, Paleontólogo não profissional, e Artur Sá do Departamento de Geologia da UTAD. O artigo pode ser consultado em http://goo.gl/pYWZPa.

As trilobites são uma classe extinta de artrópodes marinhos que viveram durante quase 300 milhões de anos e dominaram amplamente os ambientes marinhos do Paleozoico.

A designação “trilobite” diz respeito à divisão transversal da sua carapaça mineralizada em três lóbulos (tri-lobite): a ráquis (ao centro) e as pleuras (lateralmente). Longitudinalmente apresentam uma constituição corporal semelhante à de outros artrópodes: o cefalão (cabeça), o tórax e o pigídio (cauda).

Comentários

pub