Mais de mil pessoas de 20 países assistiram a “festival de avistamentos” em Sagres

Foi muito mais do que um evento dedicado ao birdwatching: foi uma autêntica festa de avistamentos de espécies de aves, […]

_134_Carla SalvadorFoi muito mais do que um evento dedicado ao birdwatching: foi uma autêntica festa de avistamentos de espécies de aves, e não só, em terra e no mar.

O Festival de Observação de Aves e Atividades de Natureza de Sagres, que decorreu de 1 a 4 de Outubro, foi «o melhor de sempre», segundo os seus organizadores, e permitiu que o número recorde de mil participantes, vindos de 20 países, avistasse «o maior número de espécies de aves diferentes», desde que este evento foi lançado, em 2010.

Anabela Santos, da Almargem, não esconde a sua satisfação pelos resultados do festival, em declarações ao Sul Informação. Afinal, foi possível a quem se dirigiu a Sagres – em alguns casos, vindo de muito longe – observar «um grande número de espécies interessantes, o que foi excelente».

«Tivemos muita sorte, sem dúvida alguma. Nunca sabemos muito bem como será, relativamente às espécies que vai ser possível observar, mas este ano correu tudo muito bem. Tivemos o maior número de sempre de espécies de aves registadas, durante o festival, cerca de 150. O mar também ajudou. Foi possível observar não só muitas aves marinhas, mas também golfinhos e outros cetáceos, em todas as saídas. Houve alguns sortudos que viram espécies de peixes ósseos e tartarugas marinhas. Foi um ano excelente para saídas de barco, o mar estava “à pinha” (risos)», ilustrou Anabela Santos.

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Golfinhos no Festival de Observação de Aves de Sagres 2015 – Foto de Carla Salvador|CMVB

Segundo a organização do evento, a cargo da Almargem, da Câmara de Vila do Bispo e da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), com o apoio da Região de Turismo do Algarve, foi possível observar, no ar, «pardela-de-barrete, pardela-balear, painho-de-wilson, gaivota-de-sabine, o bufo-real, um elevado número de sombrias, uma espécie que tem apresentado um forte decréscimo nas suas populações, e uma grande variedade de rapinas, como a águia-de-bonelli e a águia-calçada».

Os seres marinhos também não se esconderam dos festivaleiros. Nas saídas de barco, uma oferta que fazia parte do programa do festival e foi proporcionada por empresas de animação turística, foi possível avistar, entre outras, as espécies golfinho-comum, golfinho-roaz, baleia-anã, boto, tubarão-martelo, tubarão-azul, peixe-lua, peixe-voador e tartaruga-de-couro.

Destaque, ainda, em terra, para «várias espécies de borboletas, libélulas e libelinhas».

A natureza não podia ter escolhido melhor ano para proporcionar tanta diversidade aos que tiram prazer de a desfrutar. Em 2015, passaram no festival 1009 pessoas, com a percentagem de estrangeiros «a aumentar significativamente». Ultrapassar a fasquia dos mil participantes era, de resto, um dos grandes objetivos da organização, nesta sexta edição do evento. E, segundo Anabela Santos, os organizadores sentiram «que todos foram embora felizes e contentes».

Apesar de o festival ter acontecido no fim-de-semana das Eleições Legislativas (já estava agendado antes de ser anunciada a data do escrutínio), o que levou «a que alguns dos portugueses que costumam vir não comparecessem», houve estrangeiros suficientes para compensar e até bater recordes de afluência. «Nos dois primeiros dias, no secretariado, passámos 90 por cento do tempo a falar inglês», revelou Anabela Santos.

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Festival de Observação de Aves de Sagres – Foto de Elisabete Rodrigues|Sul Informação

Neste contacto direto com os visitantes que vieram de além fronteiras, a organização aproveitou para os desafiar a indicar num mapa a sua proveniência. Estes contributos, cruzados com os dados das pré-inscrições e com os das empresas participantes, permitiram chegar ao número de 20 nacionalidades presentes.

E não foram só europeus que marcaram presença. Os participantes vieram de vários pontos de Portugal e de Espanha, Reino Unido, Estados Unidos da América, Suécia, Rússia, Alemanha, Holanda, França, Noruega, Suíça, Dinamarca, Polónia, Bélgica, Itália, Austrália, África do Sul, República Checa, Irlanda e Bielorrússia.

«Isto significa que o trabalho que estamos a fazer, com a ajuda da Associação Turismo do Algarve (ATA), está a dar frutos. Houve jornalistas que estiveram presentes pela primeira vez e que vão agora escrever artigos sobre o festival. Além de um jornalista alemão, de um jornal de referência, estiveram cá dois repórteres portugueses, mas que escrevem para jornais da Andaluzia», segundo Anabela Santos.

A ATA apoiou a vinda do profissional alemão, que contactou diretamente a organização do festival. Além disso, promoveu nova Fam Trip, com 10 jornalistas e operadores turísticos especializados em Birdwatching e Turismo de Natureza.

A internacionalização crescente do festival deverá incentivar algumas mudanças, no ano que vem. «Com tantos estrangeiros, teremos de começar a fazer a divulgação lá fora muito mais cedo, porque as pessoas precisam de tempo para organizarem as suas viagens», considerou.

 

Houve atividades para todos os gostos e «muitas delas esgotaram»

A anilhar uma ave no Festival de Observação de Aves de Sagres 2015- Foto de Carla Salvador/CMVB

Para acolher tantas pessoas, foi pensado um programa repleto de atividades, muitas delas promovidas pela organização, que eram gratuitas, mas também iniciativas de empresas que se associaram ao evento, «a preços convidativos». Ao todo, os participantes puderam escolher entre 215 atividades, pensadas para todos os gostos. Até porque, como ilustrava Anabela Santos numa entrevista ao Sul Informação e à Rádio Universitária do Algarve, há muitos observadores de aves que aproveitam para trazer a família, que não se interessa, necessariamente, por esta atividade.

«Muitas das atividades esgotaram, não apenas as nossas, que eram gratuitas, mas também as das empresas. Como sempre, reservámos algumas em que a inscrição era feita na hora, para que, quem não tivesse reservado antecipadamente, também tivesse oportunidade de participar», ilustrou Anabela Santos.

Destaque, ainda, para a ação de voluntariado que permitiu arrancar, em Sagres, 90 sacos de chorão, que se juntarão às quase três toneladas que já foram recolhidas no âmbito do projeto LIFE Charcos e que serão tratadas pela empresa Algar.

Veja as fotos do Festival:

 

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