Investimento de 30 milhões nas novas ETAR de Portimão e de Faro-Olhão está prestes a arrancar

As novas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Companheira, em Portimão, e de Faro-Olhão, que representam um investimento […]

Carlos Manuel Martins_presidente AdA_1As novas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Companheira, em Portimão, e de Faro-Olhão, que representam um investimento global de 30 milhões de euros por parte da empresa Águas do Algarve SA, estão prestes a iniciar as suas obras.

Na primeira entrevista que deu a um órgão de comunicação desde que assumiu funções, em Julho, como presidente executivo da empresa do Grupo Águas de Portugal, Carlos Manuel Martins revelou que o processo mais adiantado é o da nova ETAR da Companheira, que há-de servir o concelho de Portimão, mas também os vizinhos de Lagoa e Monchique.

Esta nova infraestrutura, segundo revelou em entrevista do Sul informação, «neste momento, só está condicionada pela componente administrativa: o conjunto de recursos no procedimento público que, de alguma maneira, perturbaram o normal andamento dos trabalhos, os quais, em condições normais, já estariam a iniciar-se».

De qualquer maneira, Carlos Manuel Martins espera que «a obra ainda possa ter início durante o ano de 2015, em Dezembro».

Quanto à ETAR de Faro-Olhão, o processo está, para já, a correr como previsto: «houve entrega das propostas há cerca de dois meses», estando agora a decorrer a «avaliação das propostas apresentadas pelos concorrentes».

«Alimentamos a esperança de que, se tudo correr bem, possa ser indicado um vencedor desse concurso durante o próximo mês de Novembro». E, «se o procedimento continuar dentro da normalidade», ou seja, se não voltar a haver reclamações dos concorrentes como aconteceu em Portimão, o presidente das Águas do Algarve espera que os trabalhos possam começar «no primeiro trimestre de 2016».

Uma das questões que ainda não está totalmente definida quanto à ETAR da Companheira é a possibilidade de esta vir a receber e tratar os efluentes das suiniculturas da Serra de Monchique. Carlos Martins é bastante cauteloso nessa matéria e salienta que «esta é uma questão que, não sendo responsabilidade da própria concessão, a vir a ocorrer alguma ligação, nunca a ETAR poderá receber tais efluentes sem que essas suiniculturas promovam tratamentos prévios».

ETAR CompanheiraE frisa: «a estação de tratamento não estará em condições técnicas para poder receber os efluentes brutos provenientes da agro-indústria».

No entanto, manifesta-se aberto a conversações: «se houver um diálogo que leve a que os suinicultores promovam pré tratamentos que coloquem os efluentes em condições de ser compatíveis com as características técnicas da ETAR para um tratamento de afinação complementar, não fechamos a porta a esse possível entendimento»

Mas isso, sublinha Carlos Martins, «exige da parte dos suinicultores uma responsabilização prévia ao nível dos pré tratamentos», já que os efluentes das suiniculturas têm uma «carga poluente muito elevada».

«Este é problema que não é só do Algarve, ocorre em mais dois ou três pontos do país onde têm muita pertinência das suiniculturas e a circunstância de não ter sido resolvido até hoje decorre de não ser um processo fácil», acrescentou, na sua entrevista ao Sul Informação.

O presidente executivo das Águas do Algarve admite que tem havido conversações, mas «não de uma forma muito estruturada». A questão, defende, «necessita de diálogo mais profundo, de contratualização da responsabilidade das partes» e «nessa matéria, não se pode dizer que as coisas estejam completamente claras».

Mas uma garantia pode o novo responsável pela empresa dar: que o mau cheiro da ETAR da Companheira, que afeta quem vive ali por perto (nomeadamente na aldeia da Companheira) ou quem passa na EN125, vai acabar.

«Esta nova ETAR visa resolver um problema que na atual instalação era insolúvel», o do mau cheiro. A atual situação «tem a ver com a conceção e com a tecnologia usada na antiga ETAR, a lagunagem em grande extensão, onde praticamente não há tratamento do ar e que era impossível agora instalar, numa área tão substantiva como aquela», explicou.

Daí que «se tenha decidido ser mais razoável, do ponto de vista técnico e económico, fazer uma ETAR de raiz, mas com tecnologias que permitam fazer o tratamento do ar. Hoje o mercado oferece tecnologias que permitem antever que, um bom projeto, uma boa construção e uma boa operação, não trarão no futuro a incomodidade do mau cheiro».

ETAR da Companheira: «Hoje o mercado oferece tecnologias que permitem antever que, um bom projeto, uma boa construção e uma boa operação, não trarão no futuro a incomodidade do mau cheiro»

Para defender esta ideia, Carlos Manuel Martins invoca a sua vasta experiência em outras empresas do Grupo Águas de Portugal, nomeadamente na capital: «venho de uma empresa que tem uma ETAR no meio da cidade de Lisboa, a de Alcântara. Todas as pessoas se queixavam, há anos, dos maus cheiros que a outra causava, mas hoje, com a nova ETAR, já ninguém repara que ela está ali».

«A tecnologia hoje tem respostas para isso e é apostados nesse pressuposto que nós estamos. Esse é precisamente o objetivo central da construção da Companheira: acabar com os maus cheiros».

Na nova ETAR de Faro-Olhão, à beira da Ria Formosa, a preocupação principal das Águas do Algarve é resolver os problemas ambientais, causados, atualmente, pela rejeição de efluentes ainda com cargas poluentes muito elevadas, com efeitos nefastos, por exemplo, para a produção de bivalves, que é uma das grandes riquezas daquela zona lagunar.

Essa infraestrutura «visa sobretudo fazer um upgrade ao nível do tratamento», salienta Carlos Martins. «A preocupação principal é que as rejeições sejam de molde a cumprir as diretivas para a apanha dos bivalves, para potenciar esse recurso que é tão importante do ponto de vista económico».

Qualquer uma das duas novas ETAR algarvias custam «entre 12 e 14 milhões de euros», mas houve a necessidade de fazer obras complementares. «No caso de Faro-Olhão, vamos ter de fazer uma conduta elevatória entre Olhão e Faro», revelou, acrescentando que, com essas obras complementares, os dois sistemas custarão um «valor próximo de 30 milhões de euros».

Neste momento, a empresa Águas do Algarve tem ainda, em curso, a construção da ETAR Vila do Bispo (2 milhões de euros), mas há outros investimentos dessa dimensão em curso: «estamos a fazer um conjunto de estações elevatórias e de sistemas complementares, nomeadamente para a ETAR nova de Albufeira». Trata-se de «pequenos investimentos, que são complementos ao que já existe ou são extensão de sistemas a áreas envolventes que não estavam servidas».

Trata-se de um trabalho que, «por enquanto, não está acabado», mas que leva a empresa Águas do Algarve a «atingir quase 100% da população servida». Por isso, conclui o presidente executivo da AdA, «desse ponto de vista, as nossas redes estão praticamente alinhadas com aquilo que está previsto no contrato de concessão».

 

Carlos Manuel Martins_presidente AdA_2Quem é Carlos Manuel Martins?

Carlos Manuel Martins, licenciado em Engenharia Civil (IPL), mestre em Planeamento Regional e Urbano (UTL) e doutorando em Administração Pública (Universidade de Lisboa), é desde Julho o primeiro presidente executivo da empresa Águas do Algarve SA. Trata-se de um novo modelo de governança da empresa, no âmbito da reestruturação do Grupo Águas de Portugal.

Carlos Manuel Martins que, curiosamente, começou a sua vida profissional, ainda bem jovem, ligado aos jornais, como revisor do semanário de espetáculos «Sete», entre outros, em Lisboa, tem um sólido currículo no setor das águas, saneamento e resíduos.

Foi gestor da UNAPD, do grupo AdP – Águas de Portugal SGPS, desde 2012 e desde essa data até junho de 2015, acumulando as funções de presidente do Conselho de Administração da SIMTEJO SA, presidente do Conselho de Administração da SANEST SA, presidente do Conselho de Administração das Águas do Oeste SA, presidente do Conselho de Administração da Águas do Zêzere e Côa SA e gestor UNAPD da Águas do Centro SA.

De 2009 a 2012, exerceu funções de Administrador da EGF – Empresa Geral de Fomento SA, sendo ainda presidente do Conselho de Administração da AMARSUL SA, vogal do Conselho de Administração da VALORSUL SA, residente do Conselho de Administração do ACE EGF/Dourogás, vogal do Conselho de Administração da AQUASIS SA, vogal do Conselho de Administração da AdP Serviços Ambientais SA,

Foi presidente da Comissão Executiva (CEO) da SIMTEJO SA, entre 2007 e 2009, sendo membro do Conselho de administração dessa empresa de 2005 a 2007, em representação da Câmara Municipal de Loures.

Foi vogal do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Loures entre 2002 e 2007.

Exerceu funções de vice-presidente do Instituto dos Resíduos, do Ministério do Ambiente, entre 1997 e 2002.

Dirigente dos Serviços Municipalizados de Loures de 1982 a 2002, onde exerceu funções técnicas de 1979 a 1982.

Professor Especialista em Engenharia Sanitária do Instituto Politécnico de Lisboa, exerce como Equiparado a Professor Adjunto no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, desde 1991, onde leciona atualmente Processos de Construção e Reabilitação de Edifícios.

Foi membro do Conselho Científico do ISEL e do Centro de Estudos do ISEL e responsável da Unidade Curricular de Ordenamento do Território.

Coordenador do GRAPESB – Grupo de Resíduos da Associação Portuguesa de Estudos de Saneamento Básico, sendo atualmente membro do respetivo grupo e representante de Portugal no “board” da ISWA – International Solid Waste Association de 2002 a 2005

Presidente da APDA – Associação Portuguesa das entidades gestoras de Distribuição e Drenagem de Água de 2003 a 2009 e presidente da European Federation of National Associations of Water Services – EUREAU – 2005/2006, Bruxelas.

Membro do Senado da ISR – Fundacion para la Sustentabilidade de los Recursos, Madrid, e foi membro suplente do Conselho Consultivo da ERSAR – Entidade Reguladora de Água e Resíduos, de 2009 a 2012.

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