Edifício de Medicina da Universidade do Algarve só está à espera de um ministro para ser inaugurado

O novo edifício de Medicina, no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve, em Faro, está «pronto» e «praticamente em […]

Edificio Medicina UAlg (2)O novo edifício de Medicina, no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve, em Faro, está «pronto» e «praticamente em condições de ser inaugurado», mas o curso que atualmente funciona noutro local do campus, em instalações emprestadas, só se deve mudar para lá no próximo semestre.

A revelação foi feita pelo reitor António Branco, em entrevista ao programa «Impressões», uma produção conjunta do Sul Informação e da Rádio Universitária do Algarve.

Ao que o nosso jornal apurou, a inauguração oficial do edifício, orçado em 2,1 milhões de euros, deverá trazer à região um ministro, mas isso só não aconteceu ainda, primeiro por falta de agenda por parte do ministro do Desenvolvimento Regional, e agora devido à situação de indefinição quanto a uma solução governativa.

António Branco explicou que «o edifício tem dois objetivos: o normal ensino e investigação», de modo a permitir «instalar em condições mais adequadas um departamento que está em franco crescimento» e potenciar «uma ligação mais entrosada à sociedade, ao nível da investigação aplicada, etc».

O reitor da Universidade do Algarve disse não ter dúvidas que as novas condições «vão melhorar os indicadores e a perceção que se tem sobre essas áreas» da Medicina, o que, por sua vez, «vai potenciar os cursos e permitir o recrutamento de mais alunos».

E poderá o novo edifício e condições ser um chamariz para os alunos internacionais, cuja captação tem sido uma das tarefas a que a UAlg se tem dedicado nos últimos tempos? «Sem dúvida! Só não estamos a atrair mais porque estamos quase no limite máximo de vagas possíveis com o número de professores que temos. Mesmo que quiséssemos aumentar as vagas, iria provocar um estrago pedagógico no curso, porque iria alterar o número de alunos que funcionam em tutoria. Não queremos, à custa da entrada de mais alunos internacionais, estragar aquilo que está a ser muito bem feito», responde António Branco.

António Branco: o curso de Medicina «já tem grande apetência a nível internacional e poderá vir a ter mais. O que teremos é que encontrar meios para que isso seja possível, porque ele esgota completamente as vagas»

No entanto, o reitor admite que «o curso já tem, neste momento, uma grande apetência a nível internacional e poderá vir a ter mais. O que teremos é que encontrar meios para que isso seja possível, porque ele esgota completamente as vagas».

Aquele responsável recorda que, dentro desta área, na UAlg, «no primeiro ciclo só temos Ciências Biomédicas, mas depois temos o Mestrado Integrado em Medicina e vários cursos de segundo ciclo das áreas da Biomédicas e Medicina, além de doutoramentos».

E será que a construção do novo edifício é o prelúdio da criação de uma Faculdade de Medicina? «Estamos, neste momento, a começar o debate sobre a revisão dos estatutos da Universidade, sobre se queremos manter a organização atual ou se queremos adaptar a nossa organização à dimensão e aos problemas que temos», responde, com prudência, António Branco.

António Branco_1Ora, «um dos temas que vai ter de ser resolvido é o lugar da Medicina e das Ciências da Saúde no novo panorama estatutário. Há a possibilidade de ter não sei se uma Faculdade, mas uma unidade orgânica, em que está a Medicina está, mas não sozinha, está com as Ciências Biomédicas. E, se calhar, até podemos alargar. Com certeza que a ideia é manter autonomia científica e pedagógica desse conjunto de formações que são muito coerentes entre si».

O reitor recorda que, dentro da universidade, «há duas correntes»: «uma que acha que a Medicina deve ser integrada dentro da Faculdade de Ciências e Tecnologia e outra que acha que lhe deve ser dado um estatuto próprio». António Branco assume-se como «defensor da segunda», considerando que a «área da medicina, das Ciências Biomédica e da Saúde deve ter um estatuto próprio, até porque isso é a tradição em Portugal». «Tentarei que o Conselho Geral dê uma resposta a isso», acrescentou, na sua entrevista ao Sul Informação e à RUA FM.

Uma das questões que se coloca sempre que se fala do curso de Medicina na UAlg é se esses alunos ficam no Algarve. Mas António Branco considera que essa não é a questão principal: «sabemos, de muitos dos alunos, onde estão a fazer o Internato e a Especialidade» e que «alguns estão a ficar no Algarve, mas não todos».

Mas, revela, «há alunos nossos já formados que resolveram pegar numa das vocações da sua formação, que é a de uma Medicina muito próxima do doente, e ir para o estrangeiro, até para países africanos. E isso não é por falta de vagas aqui».

O reitor manifesta-se também muito satisfeito com a qualidade deste inovador Mestrado Integrado em Medicina, que a Universidade do Algarve começou a lecionar em 2009. «Há diplomados que estão já no Algarve a exercer. O que me dizem médicos com quem tenho falado é que não notam, do ponto de vista do que é essencial, diferença nenhuma entre os nossos diplomados em Medicina e os formados pela via tradicional. Pelo contrário, já ouvi médicos dizerem que há uma vantagem que notam: parece que os nossos diplomados têm uma atenção maior ao doente, o que era um dos objetivos deste tipo de formação. Esse objetivo parece que está a ser conseguido».

António Branco acrescenta que «o curso teve há pouco tempo uma avaliação, feita por uma comissão independente, presidida por um investigador português, o professor António Coutinho, onde todos os outros eram estrangeiros, que fez um elogio que até a mim me surpreendeu. O que eles deixaram no relatório que depois foi mandado para a agência que acredita os cursos é que o curso já tem qualidades excecionais e que há ali potencial a emergir que o poderá tornar um curso muito reconhecido internacionalmente e ao nível do melhor que se faz no mundo. Isso ainda não está conseguido, mas há caminho que está a ser feito se conseguirmos continuar a manter o nível de qualidade e de financiamento».

 

Clique aqui para ouvir a entrevista na íntegra.

 

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