Diz que é uma espécie de manual de sobrevivência do eleitor

“Se não fores lá votar, tens de aguentar o que os outros escolherem por ti”, é a única certeza perante […]

conceição-branco1“Se não fores lá votar, tens de aguentar o que os outros escolherem por ti”, é a única certeza perante a grande bagunça nesta campanha eleitoral para as Legislativas de 4 de outubro de 2015, em que o marketing político se superou a si mesmo, com a utilização de uma coisa a que chamaram sondagens e que “sai” todos os dias na maioria dos órgãos de comunicação.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) acordou do seu sono profundo e decidiu-se finalmente, a 28 de setembro (na última semana da campanha eleitoral), a abrir processos e a pedir esclarecimentos a empresas de sondagens e aos meios de comunicação que fazem a divulgação dos resultados, sem dizer que empresas e que meios de comunicação foram chamados a prestar esclarecimentos.

Como é costume, os resultados dos processos são como os prognósticos do outro: só depois do jogo, quer dizer, dos votos.

Para lá deste novo meio de clara manipulação da opinião – e dos medos – dos eleitores, coexistem os meios tradicionais e perante esta massiva informação, alguma dela de duvidosa legalidade, e face ao ambiente geral de descrédito em que se vive quanto à classe política, confirmado pela significativa percentagem de indecisos, têm toda a oportunidade as recomendações de Ronald Kuntz, professor de Marketing Político da Universidade de S. Paulo, no Brasil.

Diz este conceituado especialista, a propósito das campanhas eleitorais, que estas, para serem úteis no esclarecimento dos eleitores e, por arrasto, na possibilidade de os candidatos serem eleitos (enganam-se os que só pretendem atingir o segundo objetivo), devem obedecer a três exigências básicas: boa imagem, mensagem simples e visibilidade.

Serão raros os candidatos, ou as forças políticas pelas quais concorrem, a cumprir estas regras basilares de comunicação. Muitas das mensagens são slogans de“palavras cheias de vento”, como diz a minha amiga Ana.

Ou não têm noção das tais regras de ouro, o que não abona à inteligência, ou se estão pura e simplesmente nas tintas quanto à necessidade de esclarecer os eleitores, um tique arrogante que não prenuncia nada de bom para quem pretende ocupar um cargo público.

Mas Ronald Kuntz foi um pouco mais longe e sintetizou alguns dos sinais seguros de que um candidatos está a enganar um eleitor:

* Tem soluções à medida para todos os problemas
* Gasta muito tempo a criticar os adversários e a atiçar ódios, inveja e revolta dos eleitores
* É incapaz de responder objetivamente a uma pergunta clara e desenvolve a capacidade de dizer, sempre, só aquilo que julga que este ou aquele público quer ouvir
* Não tem inimigos durante a campanha
* Faz-se de vítima e opta por não esclarecer boatos e calúnias
* Já ocupou cargos públicos, mas insiste em criticar e denegrir a classe política, como se não fizesse parte dela
* Promete resolver problemas que não estão sob a sua responsabilidade.

Em jeito de manual de sobrevivência , e num exercício democraticamente estimulante, antes de decidir qual o sentido do seu voto, convém fazer passar os candidatos do círculo eleitoral de cada um pelos pontos críticos do enganador profissional e chumbar o que apresentar mais de 50% destes ‘tiques’. Suspeito que muitos deles farão o pleno sem dificuldade.

E depois há a regra de ouro quando se trata de eleições: se não fores lá votar, tens de aguentar o que os outros escolherem por ti.

É isto.

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