Pesca da sardinha pára amanhã em Portimão e em Olhão está por dias

A partir de amanhã, ao meio-dia, os armadores da Barlapescas (Portimão) estão impedidos de pescar sardinha devido ao esgotamento da […]

sardinhasA partir de amanhã, ao meio-dia, os armadores da Barlapescas (Portimão) estão impedidos de pescar sardinha devido ao esgotamento da quota. Em Olhão (Olhãopesca), a quota também se vai esgotar nos próximos dias.

Jorge Vairinhos, da Barlapescas, adiantou ao Sul Informação que «os barcos esta noite ainda vão sair, mas a pesca da sardinha está interdita a partir de amanhã ao meio-dia», uma vez que a quota de cerca de 700 toneladas se esgotou.

Segundo o o armador, a situação «não faz sentido». Para Vairinhos, «a tutela não soube gerir a quota ibérica. O Estado tinha de saber como gerir melhor a nível nacional. Há barcos noutros portos que podem apanhar 9 toneladas e eu só posso apanhar duas. Pagamos os mesmos impostos e há diferenças no que cada um pode apanhar, mas as necessidades são iguais».

A portaria publicada pelo Ministério da Agricultura e Pescas esta semana que prevê compensações entre os 20 e os 27 euros aos pescadores por cada dia em que estejam parados, «é muito bem-vinda, mas é para três meses, quando estamos nove meses parados, porque só vamos recomeçar em junho. O que vamos fazer nos outros seis?», questiona.

Pesca da sardinha2Miguel Cardoso, da Olhãopesca, confirmou que, mais a Sotavento, a situação é semelhante: «estamos em vias de encerrar. Mais um, dois, ou três dias e vamos encerrar a campanha. Era de prever, apesar de todo o esforço que fizemos para gerir a quota que tínhamos [436 toneladas entre junho e 31 de outubro], que no final de agosto teríamos de parar».

Os armadores da Olhãopesca podiam pescar 2000 kg por dia no caso das embarcações maiores e 1400kg no caso das menores, sendo que ambas paravam três dias por semana.

Quem perde com esta paragem das traineiras algarvias não são só os armadores, também os consumidores têm muito a perder, segundo Miguel Cardoso.

«Quando esgotarmos a quota, a sardinha no Algarve passa a vir, primeiro, de outras zonas do país, ainda com quota, como a Costa Vicentina e Sesimbra, mas depois vem de Espanha e Marrocos, congelada, e com muito menor qualidade», explica.

 

Possível redução da quota em 90% no ano de 2016 preocupa ainda mais armadores

Pesca da sardinha1Se no ano de 2015 o setor da pesca «atingiu o limite», 2016 pode ser ainda pior. O parecer do Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES) recomendou que os totais admissíveis de capturas de sardinha em águas ibéricas não devem ultrapassar as 1587 toneladas, menos 90% do que em 2015.

Apesar de este ser apenas um parecer, os armadores temem que possa ser adotado e já convocaram uma reunião com a Ministra da Agricultura e Pescas.

«Mais do que o que fizemos este ano não podemos fazer. Não aguentamos mais sacrifício. Segundo o IPMA o recurso este ano teve uma recuperação fruto deste esforço e achamos que merecemos uma recompensa. Pelo menos que não reduzam mais as quotas do que em 2015», disse Miguel Cardoso ao Sul Informação.

Para o responsável da Olhãopesca, «não é só a pesca que está em risco, é toda a cadeia de valor, como a indústria envolvente, nomeadamente conserveira e de gelo. Entendemos que há um problema no recurso, que não se relaciona com a sobre-exploração, é de ordem natural, mas mais não podemos fazer».

A visão é partilhada por Jorge Vairinhos: «se houver essa redução de 90% nem vale a pena ir ao mar e formar tripulações!»

 

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