Atividade do Porto de Faro cresce 10% em 2015

O Porto de Faro vai terminar o ano com com um «aumento substancial de 10%» nos seus movimentos, ou seja, […]

Porto de Faro_01O Porto de Faro vai terminar o ano com com um «aumento substancial de 10%» nos seus movimentos, ou seja, com cerca de «450 mil toneladas de carga», revelou João Franco, presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), numa visita a essa infraestrutura.

O principal cliente do Porto de Faro é a Cimpor, que, através dele, exporta grande parte da sua produção de cimento, para mercados como a Argélia ou Cabo Verde.

Faro é «um porto pequeno, mas estrategicamente muito importante para desenvolver a economia regional», viabilizando, por exemplo, a exportação de cimento que permite «manter a Cimpor viva e manter também os seus 300 postos de trabalho», como explicou José Pedro Soares, administrador da APS.

Além do cimento já em sacos, que gera um movimento contínuo de camiões entre a fábrica perto de Loulé e o cais, para carregar os navios que aí atracam, o porto de Faro serve ainda de local de exportação de clínquer (um cimento numa fase básica de fabrico, a partir do qual se fabrica o cimento Portland) e alfarroba (5 mil toneladas por ano). Em tempos, o sal-gema da mina de Loulé era também exportado por esta estrutura portuária, mas atualmente a extração mineira está parada.

Desde que a APS assumiu a gestão dos portos de Faro e de Portimão, há pouco mais de 12 meses, já foram investidos, por aquela empresa de capitais públicos, 3,7 milhões de euros em ambas as estruturas.

Em Faro, segundo João Franco, «o mais premente era a recuperação do cais, que estava abatido, tinha a sua estrutura muito enfraquecida e estava em condições operacionais muito deficientes». Aquando das obras, foi mesmo descoberta uma “cratera” debaixo dos carris onde a grua trabalha, uma situação potencialmente de grande perigo.

Mas a intervenção nos 11 hectares do Porto de Faro, dos quais um hectare é zona internacional, incluiu também terraplanagens e limpeza de toda a zona do interior do perímetro, colocação de uma vedação e criação do controlo de acesso, com portaria e câmaras de vigilância, bem como instalação de sistemas informáticos e de rádiocomunicações.

«Tudo isto tinha necessidade de estar pronto, por razões de fundos comunitários, até ao fim de Julho, e está», garantiu o presidente da APS, durante um encontro com os jornalistas no Porto de Faro.

Porto de Faro_04Num processo separado, também já em curso, «está a decorrer a dragagem dos acessos marítimos, a cargo da Sociedade Polis, que faz o concurso, recebe os fundos comunitários, faz os pagamentos e nós [APS] pagamos a componente nacional, que anda à volta de 700 mil euros», acrescentou João Franco.

Com estas dragagens, o canal de acesso ao porto «passa dos atuais 6,5 metros [de profundidade] para 8 metros», o que «permite um maior conforto nas operações portuárias», explicou José Pedro Soares.

Faro vai também receber uma das duas viaturas multifuncionais compradas pela APS, que permitem «o combate à poluição e a incêndios ou ainda o resgate de pessoas», e que custaram 60 mil euros cada. «As questões ambientais fazem parte do ADN da APS», garantiu o presidente da APS.

«Hoje, os portos de Faro e Portimão têm condições absolutamente incomparáveis com o que era antes. Aliás, era esse o objetivo da decisão de integrar Faro e Portimão na APS, permitir que se fizesse investimentos nestes portos de maneira a melhor cumprirem a sua missão», salientou ainda.

As terraplanagens e a limpeza já feitas permitiram “desbravar” o perímetro portuário para aí instalar uma Zona de Atividades Logísticas, que permita à APS rentabilizar a vasta área até agora sem qualquer utilização, a não ser servir de lixeira.

Essa ZAL está aberta à instalação de empresas «com negócios no âmbito portuário», salientou João Franco. Alguns exemplos? «Desde armazéns para acondicionar mercadorias para exportar ou importar e trabalhar com valor acrescentado, quer unidades industriais que queiram fazer aqui importação de peças e montagem de equipamentos, quer para reparações de equipamentos marítimos, encaramos todas as hipóteses», responde aquele responsável.

Mas fora do perímetro vedado da zona portuária, noutras áreas sob jurisdição da APS no Algarve, podem surgir novos negócios, por exemplo na área da aquacultura, tal como já acontece em Sines.

Porto de Faro_06A intervenção de limpeza e terraplanagem acabou há poucos dias e só agora começam a ser feitos contactos com empresas eventualmente interessadas em instalar-se naquela ZAL.

Para já, Faro é um porto de carga. Mas poderá haver outras áreas a desenvolver, como o transporte de passageiros e os cruzeiros.

João Franco esclarece que «os negócios nos portos dependem muito do que a atividade económica quiser fazer. Se houver interessados em fazer negócio de transporte de passageiros e de cruzeiros aqui em Faro, venham eles e analisaremos!»

Mas, recordou, estão «condicionados pela dimensão do porto e pelas características dos acessos».

No passado, já houve empresas a investir no transporte de passageiros, a partir do Porto de Faro, sem sucesso. O caso mais conhecido é o do ferry «Lusitania Express», que fazia a ligação a Marrocos.

«Se os agentes económicos tiverem interesse em desenvolver essa atividade aqui em Faro, olharemos para o assunto com o maior gosto», conclui o presidente da APS.

 

Fotos de Elisabete Rodrigues/Sul Informação

 

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