Almargem exige «processo de averiguação» sobre Sound Beach Party

A associação Almargem exige a abertura de um «processo de averiguação» sobre a Sound Beach Party, a festa que, apesar […]

sound beach partyA associação Almargem exige a abertura de um «processo de averiguação» sobre a Sound Beach Party, a festa que, apesar de não ter as devidas licenças, se realizou no domingo na praia da Rocha Baixinha, litoral de Albufeira.

O processo de averiguação, explica a Almargem em comunicado, destina-se a saber «como foi possível, num estado de direito, permitir que se tenha realizado um evento com data marcada, sem cobertura legal, com os factos  que já eram conhecidos, sem que nenhuma autoridade tenha sido capaz de o impedir».

A associação ambientalista algarvia, que considera a realização da festa como um «atentado ambiental», faz ainda votos para que, «num futuro próximo, se realize a promessa, há muito repetida por vários governos, da criação de uma única entidade que promova em definitivo a gestão integrada do bem comum que é o litoral, um espaço que tem tanto de valioso como de frágil, que seja capaz de promover o ordenamento efetivo da faixa costeira sem atender a interesses particulares, e acabe de vez com a fragmentação de responsabilidades neste território e com a desarticulação entre os diferentes planos de gestão territorial e os planos de ordenamento da orla costeira (POOC)».

O episódio, recorda, «até poderia ter passado despercebido por entre tantos outros eventos do género que pululam, nesta época, um pouco por todo o litoral da região algarvia».

«Pomposamente anunciado, ou não fosse o facto de se realizar na área da mediática Vilamoura, o Sound Beach Party cedo se viu envolvido em polémica, com várias entidades a recusarem licenciar o evento, sobretudo por questões de segurança, mas também por razões de ordem ambiental, uma vez que implicou a ocupação de áreas sensíveis do ponto de vista natural (arribas e dunas)».

Ora, sublinha a Almargem, «perante tal cenário, o mero bom-senso inviabilizaria à partida o evento».

Só que «a festa (ilegal) acabaria por se realizar, talvez pelo clima de tontice próprio da época,e perante a evidente desarticulação das várias entidades com voto na matéria».

«À revelia das autarquias de Loulé e Albufeira, o evento recebeu a aprovação da Capitania e, pasme-se, até da própria APA, ultimamente tão preocupada com a segurança nas falésias…», critica a associação ambientalista.

Disto tudo, resultou apenas o levantamento de alguns autos pela Brigada Fiscal da GNR.

«A fatura chegaria depois: constatação de normas de segurança ignoradas (até de segurança aeronáutica), infração de legislação ambiental (ruído), estacionamento sem regras, ocupação de dunas e arribas…», acrescenta.

«Para memória futura, fica (mais) este triste episódio que coloca em causa a imagem da região, e que veio pôr a nu a confusão que graça no nosso litoral, com as várias entidades a continuarem a ver-se como um todo e não como uma parte de um todo que é o interesse público», diz ainda a Almargem, que considera como «caricata» a situação de a gestão do litoral nacional «estar entregue a mais de uma centena de entidades, com os mais diversos  interesses e competências particulares, entre as quais vários ministérios (Ambiente/Ordenamento/Pescas, Defesa, Economia, Saúde…), APA, Autoridade Marítima, várias  capitanias (6 só no Algarve), Autoridades Portuárias, GNR, Direções Gerais, 5 Comissões de Coordenação Regionais, ICNF, 62 autarquias…»

A Associação Almargem salienta que «não contesta o interesse da promoção de eventos de animação nesta época mais acalorada», mas entende que esses eventos «não podem levianamente ser tratados como se  de uma qualquer festa de salão de baile ou discoteca se tratasse, ou não fosse o facto de se realizarem, primeiro em Domínio Público, que é de todos, e também em áreas sensíveis do ponto de vista natural».

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