Hospital de São Gonçalo de Lagos aposta no Turismo de Saúde

O Hospital de São Gonçalo de Lagos, unidade hospitalar adquirida em dezembro de 2014 pela IMAG, empresa de capitais 100% […]

equipa do Hospital São GonçaloO Hospital de São Gonçalo de Lagos, unidade hospitalar adquirida em dezembro de 2014 pela IMAG, empresa de capitais 100% portugueses, e que irá atender este ano cerca de 100 mil utentes, quer apostar no Turismo de Saúde, revelou João Sampaio, administrador executivo do Hospital e da IMAG, em entrevista ao Sul Informação.

O responsável, que falava à margem da apresentação do Plano Estratégico para o triénio 2015 a 2017 deste hospital privado, acrescentou que essa aposta no Turismo de Saúde não passa pela criação de unidades hoteleiras próprias (« consideramos que existe oferta hoteleira suficiente no Algarve», disse), mas pelo estabelecimento de parcerias com os principais operadores turísticos e de saúde da região.

«Já temos contactos iniciados com outras entidades de Faro e não só, quer a nível hoteleiro, quer a nível de saúde», explicou João Sampaio, salientando que o objetivo é que «o Hospital de São Gonçalo seja um promotor daquilo que pensamos ser um standard científico e técnico, para que seja gerada confiança internacional, de modo a que as pessoas possam vir a este país e, com este clima fantástico, fazer aqui as suas cirurgias não urgentes», nomeadamente ao nível da «colocação de próteses, cirurgias oftálmicas e estéticas».

O administrador executivo do Hospital não quis ainda revelar quais as entidades parceiras. «Preferia não adiantar muito mais sem estar tudo concertado com os outros parceiros, mas muito em breve vamos anunciar essas parcerias». Ainda assim, deixou escapar, «muitas dessas parcerias são com entidades hoteleiras aqui da região de Lagos e do Barlavento».

Esses parceiros, explicou, «estão interessados em fazer connosco uma aposta, de modo a que parte da recuperação possa ser feita neste hospital e o resto num hotel, com condições de acesso a lazer e ocupação dos tempos livres, que, como sabemos, é meia cura. Isso é valor acrescentado».

«A médio prazo, serão propostas várias iniciativas que permitam alavancar o prestígio hoteleiro e médico-cirúrgico do Algarve. Tudo faremos para que esta região, e em particular o Hospital de São Gonçalo de Lagos e os nossos parceiros, entrem na agenda do setor no contexto europeu», afirmou também João Sampaio.

O administrador executivo salientou igualmente que a unidade hospitalar situada em Lagos está a ajustar a sua oferta de serviços em função das necessidades da região, numa lógica de complementaridade, não pretendendo concorrer com a oferta do Serviço Nacional de Saúde.

Hospital de São Gonçalo de LagosIrá, também, aumentar a oferta de especialidades e valências com carência efetiva nesta região do país, e apostar na captação de estrangeiros para o setor do Turismo de Saúde, potencializando os recursos naturais e hoteleiros da região.

Outro pilar estratégico é a aproximação à população algarvia (em especial, a do Barlavento) e a criação de áreas de diferenciação clínica e cirúrgica, bem como a criação da Academia Hospital de São Gonçalo.

Um dos primeiros passos dessa aproximação à população foi o estabelecimento de parcerias com Municípios das Terras do Infante – Lagos, Aljezur e Vila dos Bispo – de modo a garantir o acesso facilitado a todos os serviços e especialidades do hospital por parte dos funcionários municipais e seus familiares.

João Sampaio admitiu, em declarações ao Sul Informação, que, «numa outra fase, essa parceria poderá vir a incluir munícipes», nomeadamente para dar resposta em áreas em que o Serviço Nacional de Saúde não consiga dar resposta, mas sublinhou que o objetivo não é «conflituar» com a rede do SNS.

Depois de adquirir, em dezembro de 2014, o Hospital de São Gonçalo de Lagos ao Grupo Lusíadas, a IMAG já investiu mais de 800 mil euros em equipamentos de diagnóstico e terapêutico, e foram recrutados mais de 20 colaboradores especializados, incluindo 10 médicos.

No que diz respeito ao equipamento, o administrador salienta, a título de exemplo, que a unidade tem «o melhor microscópio cirúrgico do Algarve» e que vai instalar, «durante o Verão, o melhor aparelho de TAC a sul do Tejo», bem como «novos equipamentos de Gastrenterologia», para colonoscopia e endoscopia.

Os diretores clínicos Armin Moniri e José Coucello
Os diretores clínicos Armin Moniri e José Coucello

Mas o maior investimento foi mesmo feito em «capital humano: já recrutámos para este hospital mais de uma dezena de novos médicos, mais de uma dezena de novos profissionais não médicos, temos uma equipa de gestão quase toda ela nova, pessoas que vêm dos serviços públicos e não só. Fomos buscar todas as pessoas que achámos que eram chave para que este projeto possa avançar».

Entre a equipa recrutada, estão os dois novos diretores clínicos do Hospital de São Gonçalo: José Coucello e Armin Moniri, ambos professores do Curso de Medicina da Universidade do Algarve e antes ligados ao Serviço Nacional de Saúde.

Toda esta aposta já está a dar frutos: no primeiro trimestre deste ano foram atendidas 21.191 pessoas, esperando-se que o número de utentes anual ultrapasse os 100 mil, sendo cerca de 50% estrangeiros.

O Hospital de São Gonçalo de Lagos presta serviços clínicos na área médica e cirúrgica, em internamento e ambulatório, disponibilizando também serviço de atendimento permanente, consultas externas e meios complementares de diagnóstico e tratamento. O Hospital vai ainda apostar em cuidados diferenciados na área cardiovascular, de pediatria e ginecologia, realizando procedimentos médico-cirúrgicos em parceria com universidades europeias.

Atualmente, disponibiliza 30 especialidades médicas e valências, urgências, e 28 camas para internamento.

Destina-se a toda a população, está acreditado na rede SIGIC (para dar resposta às listas de espera cirúrgicas), e tem convenções com a maioria das seguradoras e subsistemas de saúde, nomeadamente a ADSE (desde Abril).

«Atualmente, 51% dos nossos clientes que não são portugueses. Mas a ideia é trazer a população da zona para junto do hospital», reforça João Sampaio, que recorda que «um estudo de mercado que fizemos, indicou que a população de Lagos e áreas limítrofes consideravam o hospital como sendo para pessoas com posses superiores, do segmento A, ou então para estrangeiros».

O administrador João Sampaio
O administrador João Sampaio

«Queremos mostrar que não é assim, que esta é uma unidade aberta a todos. Neste momento, fazemos ressonâncias magnéticas ao mesmo preço de Faro, apesar de não termos aqui o equipamento, levando as pessoas e trazendo-as. Não queremos que as pessoas por estarem numa zona menos central tenham um acesso diferente aos cuidados de saúde», exemplificou na sua conversa com o Sul Informação.

Dadas as características turísticas da região, e o perfil dos utentes que recorrem ao Hospital de São Gonçalo de Lagos, os médicos e enfermeiros são fluentes em idiomas estrangeiros e todos os elementos da direção clínica falam inglês fluentemente.

Entretanto, e no âmbito do estreitamento dos laços com a população, a unidade móvel do Hospital já entrou em funcionamento, com o objetivo de levar cuidados de saúde primários à população algarvia, nomeadamente no interior da região. Mas, durante o Verão, estará também nas praias.

 

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