AFA: «Época pode ser considerada desastrosa, mas gosto de ver o copo meio cheio»

A época 2014/2015 terminou e a temporada 2015/2016 vai ter menos uma equipa algarvia nas provas nacionais. O Quarteirense e […]

Alves-CaetanoA época 2014/2015 terminou e a temporada 2015/2016 vai ter menos uma equipa algarvia nas provas nacionais. O Quarteirense e o Ferreiras não evitaram a despromoção do CNS ao Campeonato Distrital, e, na II Liga, nenhum dos clubes algarvios conseguiu subir de escalão.

Nuno Alves Caetano, presidente da Associação de Futebol do Algarve (AFA), em entrevista ao Sul Informação, fez uma análise da performance das equipas algarvias e prefere olhar para os resultados numa perspetiva otimista.

«Eu gosto de ver o copo meio cheio em vez de meio vazio. Se quisermos avaliar numa perspetiva pessimista, este foi ano desastroso para as equipas algarvias. O Ferreiras e o Quarteirense desceram e o Lusitano foi por pouco que não desceu. Na II Liga, o Olhanense esteve ali sempre a sofrer e depois temos o Portimonense e Farense que ficam classificados a meio, sem hipóteses de subida. Nessa medida, podia dizer que foi um ano desastroso», afirmou.

«Para o ano, vamos ter três equipas no CNS e boas condições para que as equipas algarvias tenham bons resultados»

No entanto, para Alves Caetano, não é esse o seu ponto de vista: «noutra perspetiva podemos dizer que das equipas II Liga não desceu nenhuma e é uma liga muito difícil. Depois, podemos ver que, no CNS, um campeonato com grandes deslocações, o Louletano ficou na fase de subida e, apesar de todas as dificuldades, o Lusitano conseguiu manter-se. O Campeonato Distrital foi muito disputado e, com a subida do Almancilense, para o ano, vamos ter três equipas no CNS e boas condições para que as equipas algarvias tenham bons resultados», considerou.

As equipas algarvias que disputam os escalões nacionais queixam-se de ser prejudicadas em relação aos outros clubes, pelo facto de terem deslocações maiores do que a maioria dos emblemas do mesmo campeonato.

Nuno Alves Caetano assume que existe um problema e que só há uma solução para resolvê-lo. «Há um desgaste elevado, não só financeiro, mas também a nível de cansaço para os jogadores. No CNS, as equipas vão jogar a meio do país, o que não é a mesma coisa que uma equipa do Norte, que joga num raio de 50 quilómetros… Mas a solução para isto é fácil: é as equipas do Algarve manterem-se,  outras subirem e termos uma divisão nacional que se jogue só no Algarve».

«Quando os clubes jogam com equipas algarvias, preferem aplicar-se mais»

No entanto, esta realidade pode ser difícil de atingir devido à competitividade que os adversários põem em campo quando enfrentam equipas algarvias. «É normal que exista, por parte da grande maioria dos clubes, maior desconforto em deslocar-se ao Algarve do que a Lisboa ou Setúbal. Por isso, quando os clubes jogam com equipas algarvias, preferem aplicar-se mais, para que a equipa que se mantém no campeonato não seja do Algarve, e, no ano seguinte, há menos essa deslocação», explica Alves Caetano.

 

Subida à Primeira Liga de clubes algarvios é «importantíssima» para o Algarve

O Portimonense chegou a disputar os lugares cimeiros da II Liga e o Olhanense apresentou um dos orçamentos mais elevados da competição, mas nenhuma das equipas conseguiu regressar ao primeiro escalão do futebol português. Também o Farense procura o regresso à Primeira Liga, mas não foi além de um lugar no meio da tabela.

«Não é só investimento financeiro que conta. Para equipas recém chegadas à II Liga, é difícil criar estabilidade que permita subida»

Alves Caetano considera que, este ano, seria difícil voltar a ter equipas no principal escalão porque «não é só investimento financeiro que conta. Para equipas recém chegadas à II Liga, é difícil criar estabilidade que permita subida. É difícil para as equipas que cheguem de “baixo”, como o Farense ou de “cima”, como o Olhanense e o Portimonense. O problema é que uma equipa quando está na Primeira Liga tem conjunto de compromissos que, quando baixa à II Liga, são quase iguais, mas as receitas são diminuídas, e há um abanão forte. Quem chega [do CNS] vem de outra realidade competitiva e precisa de tempo de habituação, para criar estrutura forte para atacar a subida», considera.

Para o presidente da AFA, a «II Liga é o campeonato mais competitivo, não pela qualidade, mas pela incerteza do resultado entre equipas. Uma equipa que está nos primeiros cinco lugares perde, e passa para os últimos 10. Se se cometer um erro, paga-se caro», considera.

«O meu desejo era que as três equipas que estão na II liga conseguissem rapidamente subir à Primeira Liga»

As equipas B também são uma dificuldade acrescida para as equipas que tentam a subida ou que lutam para não descer. «As equipas B, por vezes, jogam com equipas A e outras vezes com reservas da B. Quando estas equipas precisam, metem equipa A a jogar, para assegurar que não descem. E esses jogos podem calhar com uma equipa que pode estar a tentar subir, e que perde três pontos que tinham sido essenciais para a promoção».

Para a região, a subida de Portimonense, Farense e Olhanense «era importantíssima», segundo Nuno Alves Caetano, para quem «o prestígio das associações é o prestígio dos clubes filiados. Para o Algarve e para a AFA, era importantíssimo ter equipas na Primeira Liga, e o meu desejo era que as três equipas que estão na II liga conseguissem rapidamente subir à Primeira Liga», conclui.

 

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