Portugal quer liderar na Economia do Mar, mas é de esperar muita concorrência

Portugal e o Algarve terão muito a ganhar com uma maior aposta na Economia Azul, ou do Mar. Mas deverão […]

Economia-do-MarPortugal e o Algarve terão muito a ganhar com uma maior aposta na Economia Azul, ou do Mar. Mas deverão esperar muita concorrência, neste setor, em todo o mundo.

A importância que os diferentes parceiros da União Europeia estão a dar às atividades económicas relacionadas com o Mar ficou bem patente numa conferência que a eurodeputada portuguesa Cláudia Aguiar organizou, em Bruxelas, no dia 14 de abril, onde o Sul Informação esteve presente.

A iniciativa juntou representantes de entidades públicas e privadas, nomeadamente Organizações Não Governamentais, de diversos países, bem como da Comissão Europeia. Também presente, esteve uma delegação de militantes e autarcas do PSD/Algarve, convidados por Cristóvão Norte, deputado à Assembleia da República eleito pela região, um dos oradores da conferência sobre a Economia Azul.

No evento, mais do que aquilo que o Mar pode dar à economia da União Europeia, discutiu-se como se pode explorar de forma sustentável este recurso e aquilo que lhe está associado. Ou seja, o que se deseja não é «investimento pelo investimento», com frisaram diversos intervenientes, mas sim uma aposta pensada, onde, além da dimensão económica, sejam ponderadas as componentes ambiental e social.

Ulisses Pereira: “Até os países sem linha de costa estão a apostar na Economia Azul, por que a consideram demasiado importante para ficar nas mãos só de alguns”

Durante a conferência, o deputado algarvio Cristóvão Norte defendeu que o edifício legal e as condições para que haja um crescimento deste setor, em Portugal, estão criadas. «Temos todo o potencial e a lei que o assegura. Mas não devemos colocar os ecossistemas em risco, só para ganhar no curto-prazo. O enquadramento legal criado em Portugal irá permitir um desenvolvimento sustentável, no futuro», acredita.

«Temos de ser líderes num tipo de economia que nos permite potenciar os nosso recursos endógenos», acrescentou o parlamentar, que foi acompanhado, na viagem a Bruxelas, pela deputada Elsa Cordeiro, também eleita pelo Algarve.

A componente da sustentabilidade está, de resto, bem patente nas orientações da União Europeia, no que toca aos apoios a dar a quem apostar na Economia do Mar. Já as áreas em que se pode apostar são muitas, segundo a eurodeputada Cláudia Aguiar, designada responsável do Partido Popular Europeu para a Economia Azul, coordenando esta área de trabalho na Comissão das Pescas e Assuntos Marítimos do Parlamento Europeu.

Deputados portugueses na Conferência sobre Economia azul_Bruxelas«Temos de saber identificar quais os projetos que acrescentarão valor à economia. A aquacultura, os estaleiros, a náutica de recreio, as energias renováveis e o setor dos transportes marítimos e de passageiros são alguns exemplos de áreas em que Portugal tem grande potencial. Também será importante apoiar as empresas start up ligadas à Economia do Mar», defendeu a eurodeputada portuguesa.

E se, em Portugal, a economia azul está cada vez mais presente no discurso político, na União Europeia não é diferente. «Até os países sem linha de costa estão a apostar na Economia Azul, por que a consideram demasiado importante para ficar nas mãos só de alguns», salientou Ulisses Pereira, deputado do PSD e membro da Comissão de Agricultura e Mar da Assembleia da República.

Os participantes nesta iniciativa chegaram de vários países europeus e, de um modo geral, colocaram a tónica na sustentabilidade e na necessidade de adicionar uma componente “verde” à economia azul

E, claro, é necessária muita investigação científica. Para os representantes da plataforma independente European Marine Board, que junta investigadores e centros de investigação  de vários pontos da Europa,  uma das necessidades mais prementes é juntar às estimativas económicas já existentes outra dimensão: a dos ganhos ambientais.

Segundo esta organização, não estão a ser quantificados parâmetros não tangíveis, como o sequestro de carbono e outros, pelo que é necessário «associar-lhes um valor económico», para que as estimativas sejam mais reais. O problema, defenderam, é que «o investimento em investigação não está ao nível da dimensão da Economia do Mar».

Conferência Economia Azul BruxelasÀ margem da conferência, o deputado algarvio Cristóvão Norte disse que o objetivo da visita que promoveu a Bruxelas, a convite de Cláudia Aguiar, foi colocar, cada vez mais, a Economia do Mar na agenda política portuguesa.

«Em função da situação do país e, em particular, do Algarve, esta é uma janela de oportunidade que nos fornece alternativas económicas sólidas, que pode gerar riqueza e garantir emprego», disse.

«Para a economia ser próspera, temos de aproveitar os nossos recursos. E, sabendo que 97 por cento do território português é marítimo, eles estão lá. Queremos sensibilizar os decisores políticos da região para a importância estratégica desta matéria, promover relações de maior proximidade entre os agentes políticos e garantir que esta realidade é concretizada  o mais rapidamente possível», resumiu.

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