Riqueza desprezada: 4. Pescado semi-industrial

Fomos um país pobre, com um povo esforçado, que aproveitava tudo que pudesse. As famílias plantavam a sua horta, colhiam […]

Jack SoiferFomos um país pobre, com um povo esforçado, que aproveitava tudo que pudesse. As famílias plantavam a sua horta, colhiam frutas, pescavam, andavam de bicicleta, falavam-se.

Hoje temos em Portugal um dos melhores ambientes para pesca, uma Zona Económica marítima enorme, com grande variedade de espécies marinhas. Também temos condições únicas na UE para aquacultura, seja em rias, à beira-mar ou offshore.

A indústria do pescado morreu, pois conservava com sal ou similar, em vez de congelar. O peixe capturado nas costas do Centro-Sul é ótimo para filetar e congelar ou fumar, para maior durabilidade. São os processos mais desejados hoje na Europa do Norte, por evitar conservantes, emuldorantes, etc.

Os de maior valia são os semi-industrializados ou semi-artesanais, que necessitam a autorização da UE para evitar as rígidas regras ditadas pelo cartel. Cabe às cooperativas de pesca solicitar e ao Ministério da Agricultura agilizar a aprovação em Bruxelas.

Fumar o peixe exige pouco investimento, mesmo a máquina de embalagem a vácuo não é cara; já a linha de congelação exige algum. Há muitas destas recém-abandonadas na Europa do Norte, que, com limitado investimento, podem ser atualizadas. Com as nossas 3000 h/ano de sol, deve-se instalar a unidade de frio que usa painéis solares e reduz o custo da eletricidade a quase zero.

Esta indústria, além de trazer maior renda ao pescador, oferece emprego à sua esposa e filhos na aldeia ou vila, que assim não precisam de ir trabalhar para as capitais. Deve haver uma central, para baratear o transporte internacional. As cooperativas vendem diretamente a refeitórios industriais e catering nas cidades com rotas aéreas de Beja e Faro.

Empreguemos mais 30 mil em pesca, quase sem investimentos. YES WE CAN – TOGETHER!

 

Jack Soifer é consultor internacional e autor dos livros «Como sair da Crise», «Empreender Turismo de Natureza», «Portugal Rural», «Algarve/Alentejo – My Love» e «Portugal Pós-Troika».

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