Quercus exige «remoção total» das casas nas ilhas-barreira da Ria Formosa

A Quercus veio a público exigir «a remoção total das edificações privadas nas ilhas-barreira [da Ria Formosa] e na península […]

Ria FormosaA Quercus veio a público exigir «a remoção total das edificações privadas nas ilhas-barreira [da Ria Formosa] e na península de Ancão e uma aposta clara na renaturalização do cordão dunar».

Uma exigência baseada na mais recente avaliação desta Área Protegida algarvia feita pela associação ambientalista e que foi feita, propositadamente, ontem, 10 de dezembro, data em que se comemoram os 27 anos da criação do Parque Natural da Ria Formosa (PNRF).

Numa altura em que a Sociedade Polis Ria Formosa se prepara para avançar com demolições na Praia de Faro, na Península do Ancão, depois de já ter procedido à remoção de edificações em ilhotes desta zona lagunar e ter colocado a concurso a renaturalização de zonas com edificações, na Ilha da Culatra, a Quercus vai mais longe, defendendo que nenhuma casa devia ficar de pé, em prol do meio ambiente.

Após ter feito um diagnóstico das forças e fraquezas desta Área Protegida, que se espalha pelos concelhos de Vila Real de Santo António, Tavira, Olhão, Faro e Loulé, a associação ambientalista fez um prognóstico das ameaças e oportunidades. Nesta última rubrica, inclui-se, entre outras, a realização das ações previstas nos projetos do Programa Polis Ria Formosa «e ir mais além na remoção de edificações».

Aliás, das medidas que «carecem de atenção» elencadas pela associação ambientalista, a primeira é, precisamente, «implementar, sem demoras e sem exceções, as ações previstas nos projetos do Programa Polis Ria Formosa, nomeadamente a demolição de todas as edificações privadas presentes em domínio público hídrico e a requalificação e a renaturalização do cordão dunar com a plantação de espécies autóctones».

A prioridade às demolições é justificada com o facto de a Quercus considerar a forte pressão humana sobre a Ria Formosa uma das grandes ameaças à “saúde” da zona lagunar.

«Verifica-se que esta influência humana ao longo dos anos tem vindo a condicionar o desenvolvimento das comunidades vegetais, o que conduz irreversivelmente à perda de habitat para muitas espécies da fauna selvagem», defendem.

Quercus«Atualmente, muitas áreas do Parque Natural encontram-se fragilizadas devido à forte pressão turística e urbana, que compreende a edificação em zonas dunares e a utilização destas zonas para estacionamento, circulação de veículos e campismo ilegal, situação que gera a destruição do cordão dunar e a perda de habitat, devido à poluição da água, decorrente de descargas de efluentes urbanos e industriais, e também devido ao excesso de embarcações e das lavagens dos seus motores e à extração incontrolada de inertes», acrescentou a associação.

A estas ameaças, juntam-se outras, nomeadamente «a possível expansão do aeroporto de Faro, o abandono ou a reconversão das salinas em tanques de aquacultura intensiva, a utilização de artes de pesca ilegais, a apanha indiscriminada de bivalves, o abandono de resíduos sólidos e de entulho, o sobre pastoreio em algumas áreas mais sensíveis e a presença de espécies exóticas infestantes».

A soma destes e doutros fatores leva a Quercus a reiterar a necessidade de se adotarem «medidas de gestão apropriadas, focando a proteção do sistema lagunar, de modo a alcançar os objetivos presentes no Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa, que compreende claramente a conservação das espécies e habitats naturais de importância comunitária, da avifauna aquática e das espécies da flora globalmente ameaçadas».

 

Listas completa das situações que «carecem de atenção», para a Quercus:

– Implementar, sem demoras e sem exceções, as ações previstas nos projetos do Programa Polis Ria Formosa, nomeadamente a demolição de todas as edificações privadas presentes em domínio público hídrico e a requalificação e a renaturalização do cordão dunar com a plantação de espécies autóctones;

– Implementar um programa de erradicação de espécies exóticas invasoras, com a subsequente recuperação de habitats com a instalação de espécies autóctones, que permita resultados duradouros;

– Promover e apoiar as atividades económicas tradicionais, como a salicultura, o viveirismo, o marisqueio, a agricultura e a silvicultura com espécies autóctones;

– Aproveitar o perímetro de rega do Sotavento Algarvio para o desenvolvimento de formas de agricultura “eco-compatíveis”;

– Promover o envolvimento da população local nas problemáticas do Parque Natural;

– Melhorar a fiscalização e a vigilância na área do parque, com mais recursos humanos e meios materiais, permitindo um maior controlo sobre as atividades piscícola e da apanha de bivalves, as atividades turísticas, o abate de espécies protegidas e a recolha ilegal de espécies da flora e a prevenção de incêndios;

– Proibir a implementação de novas infraestruturas que condicionem o bom desempenho dos ecossistemas;

– Utilizar o financiamento da União Europeia para aumentar o conhecimento científico da região, com a implementação de projetos de conservação da natureza e desenvolvimento sustentável;

– Contrariar a tendência turística sazonal – “Sol e Praia” – e promover na sua totalidade a região do Algarve, incluindo o Barrocal e a Serra Algarvia;

– Assegurar o correto ordenamento da ocupação humana turística e dos usos recreativos, de forma a conciliar o seu usufruto com a conservação dos valores naturais em presença.

 

 

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