Comissão de Utentes do Hospital de Portimão não quer ouvir falar em fecho da maternidade

«Não podemos aceitar o fecho, nem sequer temporário, da maternidade do Hospital de Portimão», disse Damião Sequeira, da Comissão de […]

Hospital-de-Portimão-CHBA2«Não podemos aceitar o fecho, nem sequer temporário, da maternidade do Hospital de Portimão», disse Damião Sequeira, da Comissão de Utentes daquele unidade, reagindo à notícia do possível encerramento transitório por falta de pediatras, sugerido pelo diretor de Pediatria do Centro Hospitalar do Algarve (CHA).

Aquele responsável sugere o fecho temporário da maternidade durante a noite, no mês de julho, e no período diurno em oito dos 31 dias deste mês. O problema, argumenta, é que só existe um pediatra por cada período de 12 horas.

Pedro Nunes, presidente do Conselho de Administração do CHA, já disse que não vai aceitar a proposta, enviada pelo diretor de Pediatria numa carta datada de 2 de julho.

No entanto, o administrador admitiu a falta de pediatras, dizendo que aquela maternidade só se mantém aberta devido à «boa vontade» dos médicos de Portimão, que têm que trabalhar mais horas, e dos de Faro, que lá vão ajudar quando é necessário.

O próprio diretor de Pediatria dizia, na carta, que a presença dos dois pediatras necessários no período diurno e noturno tem sido «mais ou menos conseguido com recurso aos pediatras de Faro e pedindo aos médicos que façam mais horas extraordinárias do que aquelas que legalmente têm de fazer».

Damião Sequeira, da Comissão de Utentes, sublinhou, em declarações ao Sul Informação, que a maternidade da unidade de Portimão do CHA serve «todo o Barlavento Algarvio, desde Odeceixe, Vila do Bispo, Aljezur, Monchique».

«Há pessoas que vivem a mais de 100 quilómetros do Hospital de Faro, pelo que não se pode aceitar que se feche, nem sequer de forma temporária, um serviço de saúde essencial como é a maternidade, sob pena de começarmos a ter bebés a nascer nas ambulâncias».

maternidade bebé«O hospital tem todas as condições de equipamentos. Só não tem médicos suficientes. Então é preciso criar incentivos e condições para atrair mais médicos ao Algarve», defendeu Damião Sequeira.

Este dirigente da Comissão de Utentes sublinhou que a Maternidade não é o único serviço do hospital de Portimão a debater-se com problemas: «Ortopedia e Cardiologia também têm graves problemas de carência de recursos humanos, que prejudicam enormemente os utentes e criam situações de perigo».

Quanto ao anúncio feito pelo ministro da Saúde Paulo Macedo do lançamento de concursos para a contratação de «45 enfermeiros, mais médicos de Medicina Geral e Familiar e médicos de outras especialidades, para o Algarve», Damião Sequeira sublinha que só isso não chega. «Já tem havido outros concursos, mas não há interessados, talvez porque não há atrativos. E neste momento, a falta de atrativo pode até ser o clima de trabalho que se vive no hospital. O clima é de cortar à faca e isso afasta os médicos».

A maternidade do hospital de Portimão realiza cerca de mil partos por ano e tem apenas seis pediatras e oito obstetras, que fazem simultaneamente os serviços de urgência e maternidade. A maternidade do hospital de Faro, por seu lado, faz cerca de 3000 partos por ano, contando com 20 obstetras, 14 dos quais com mais de 55 anos, ou seja, que também poderão sair dentro de pouco tempo.

 

 

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