Autarcas e profissionais de saúde desconfiam de «agenda oculta» para fechar urgências

Poderá existir «uma agenda oculta» da parte do Governo para o fecho de Serviços de Urgência Básica no Algarve. Foi […]

Vítor Guerreiro e Vítor AleixoPoderá existir «uma agenda oculta» da parte do Governo para o fecho de Serviços de Urgência Básica no Algarve. Foi este receio que levou os presidentes das Câmaras de Loulé e São Brás de Alportel e representantes de médicos e enfermeiros a convocar uma conferência de imprensa, esta sexta-feira, com o objetivo de «alertar a população» para este risco.

Depois de um início de semana bem atribulado, em que o SUB Loulé esteve temporariamente impedido de funcionar dois dias consecutivos, aquela unidade de saúde voltou a não funcionar em pleno esta sexta-feira, tendo em conta que apenas um médico se apresentou ao serviço, quando a lei estipula um mínimo de dois clínicos. Além disso, o dia começou «com falta de material».

A representante do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses Guadalupe Simões deixou bem clara a desconfiança de que poderá haver uma intencionalidade da parte do Governo. «Alertamos os cidadãos algarvios para a possibilidade de uma agenda oculta do Ministério da Saúde, que passa pela degradação dos serviços de saúde, para poder vir a encerrar quer o serviço de urgência de Loulé, quer o de Lagos», alegou a sindicalista.

Uma ideia que é partilhada pelos presidentes das câmaras de Loulé e São Brás, concelhos servidos por este SUB. Na quarta-feira, o segundo dia em que a urgência esteve fechada, no período da manhã, por não se ter apresentado qualquer médico ao serviço, os dois autarcas socialistas já tinham avançado essa possibilidade.

Vítor Aleixo: “Temos todas as razões para dizer que os responsáveis do ministério da Saúde não nos merecem confiança e que não acreditamos neles”

«A nossa função é denunciar a situação, alertar as populações e convidar a que sejam mais ativas e vigilantes, porque têm direitos que elas próprias devem defender», disse, hoje, Vítor Aleixo.

Da parte da Ordem dos Médicos, chega o alerta de que esta situação se poderá repetir ao longo do Verão, uma vez que não há clínicos suficientes para dar conta do recado. «Se não se fizeram as contratações necessárias para suprir este serviço de urgência básico, não é agora, em cima da hora, que se irá conseguir», disse o dirigente regional da Ordem dos Médicos Ulisses Brito.

Os problemas vividos esta manhã acabam por contrariar as garantias dadas pela Administração Regional de Saúde do Algarve, na quarta-feira. O presidente daquela entidade disse ao Sul Informação que a falta de médicos se devia a uma falha de uma empresa que fornece serviços, neste caso médicos, à ARSA e que já havia sido contratada uma outra empresa, para evitar estas situações.

«Temos todas as razões para dizer que os responsáveis do ministério da Saúde não nos merecem confiança e que não acreditamos neles», disse por seu lado, Vítor Aleixo.

A ARSA, por seu lado, disse lamentar «o aproveitamento político desta situação, criando um cenário alarmista à volta de uma situação que se encontra em fase de resolução e de conclusão dentro de muito poucos dias».

Numa nota enviada ás redações, hoje, ao início da tarde, a entidade refutou «a maneira como alguns representantes políticos e de organizações sindicais têm vindo a extrapolar um problema regional para política a nível nacional, correndo o risco de fomentar uma publicidade negativa que poderá vir a afetar o turismo em toda a região».

Presidente da ARS Algarve João Moura ReisGarantindo que tem informado todos os intervenientes no processo «de forma permanente, transparente e regular», a ARSA mostra-se disposta a ajudar a resolver o problema, embora volte a frisar que a responsabilidade pelos SUB é do Centro Hospitalar do Algarve, como o Governo esclareceu, recentemente, num despacho.

«No que diz respeito ao fornecimento dos materiais de consumo clínico, já se encontram presentemente corrigidas através da aquisição e distribuição dos referidos materiais. De destacar que, apesar das quebras pontualmente verificadas, a ARS Algarve IP e todos os seus profissionais asseguraram sempre a prestação de cuidados de saúde em todas as unidades de saúde», esclarece a entidade.

«O Conselho Diretivo da ARS Algarve IP compreende a preocupação da população, mas reforça, de novo, que tem vindo a adotar todas as medidas necessárias para fazer face a eventuais carências de recursos humanos na Região. A solução definitiva relativamente aos Serviços de Urgência Básica será anunciada em breve quando o processo estiver concluído», concluiu a ARS Algarve.

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