Pedreira de sienito de Monchique conquista mercados mundiais com investidores espanhóis

A China e os Estados Unidos da América são os maiores clientes do sienito nefelínico da pedreira da Nave, em […]

A China e os Estados Unidos da América são os maiores clientes do sienito nefelínico da pedreira da Nave, em Monchique, que, graças ao investimento do grupo espanhol David Fernandez Grande (DFG), parte agora à procura de novos mercados internacionais.

A pedreira, fundada há cerca de 40 anos pelo empresário monchiquense Carlos Vida Larga, tinha entrado em processo de falência, com a queda da construção nacional e dos seus mercados tradicionais de exportação, tendo estado fechada por algum tempo, até que, em princípios de 2013, foi comprada pelo grupo DFG.

Santiago Santos, Rui André, António Branco e Gabriela Schutz (vice-reitora)

Santiago Santos, um espanhol que reside desde o ano passado em Monchique e é o encarregado geral da pedreira, foi também o anfitrião, na sexta-feira passada, da visita do reitor da Universidade do Algarve, acompanhado pelo presidente da Câmara e pela restante comitiva.

Tanto o autarca Rui André, como o reitor António Branco nunca tinham visitado a pedreira e seguiram com atenção as explicações de Santiago Santos, que os levou até junto da cratera aberta na encosta da Serra de Monchique, de onde gigantescas máquinas extraem blocos com várias toneladas do valioso sienito nefelínico.

«Este é um material muito exclusivo, praticamente único no mundo», disse Santiago, para explicar porque razão um grande grupo espanhol, com quatro décadas de história, ligado à extração de rochas ornamentais e com pedreiras em Espanha, em África e na América e mais três em Portugal (duas em Monção e uma em Mogadouro), resolveu investir em Monchique.

«A China é o nosso maior comprador atual, embora seja um mercado que está um pouco a decair, na América estamos a abrir mercados, enquanto em Espanha e em Portugal, com a grande quebra na construção, só temos agora pequenos consumidores», explicou ainda.

«Este sienito é um exclusivo nosso em todo o mundo. Temos outros granitos exclusivos, das nossas pedreiras em África», acrescentou Santiago Santos.

 

Novos proprietários prolongam vida da pedreira

Mostrando como a experiência de um grande grupo internacional como o DFG pode fazer a diferença, uma das primeiras tarefas dos investidores espanhóis foi a recuperação da própria pedreira, de modo a garantir-lhe «muitos mais anos de vida».

É que os anteriores proprietários, explicou Santiago ao reitor António Branco e a Rui André, estavam a aprofundar a cratera aberta para extrair as rochas, mas essa era uma prática que, rapidamente, poderia levar ao esgotamento da pedreira. Por isso, os novos investidores resolveram alterar a estratégia e alargaram as bancadas nas zonas superiores da pedreira, criando assim novas zonas para extração dos enormes blocos de sienito. «Com o trabalho de desmontagem que agora estamos a fazer, alargámos a vida da pedreira por mais 30 anos e, se alargarmos mais, voltamos a aumentar».

E quando é que a pedreira de sienito nifelínico de Monchique poderá esgotar-se? «Asseguro que, pelo menos durante a minha vida, não se acaba!», garantiu, com um sorriso, o encarregado geral.

Atualmente, são extraídos 4000 metros cúbicos de rochas da pedreira, na sua maioria enviadas para exportação, seguindo de camião para o porto de Lisboa, onde são colocadas em contentores e enviadas de navio para todo o mundo. Longe vão os tempos em que Carlos Vida Larga exportava as rochas de Monchique para o Japão, em navios que partiam do porto de Portimão. «Seria muito melhor para nós, podermos usar um porto mais perto, mas o porto de Portimão não tem condições para a entrada dos navios que transportam a nossa pedra», explicou Santiago Santos.

 

Pedreira dá emprego e reduz desperdícios

Atualmente, trabalham na pedreira 22 pessoas, na sua maioria residentes no concelho de Monchique e antigos trabalhadores da Sienave, que foram reciclados e reintegrados na nova empresa.

Apesar de o grosso da produção serem os blocos de rocha ornamental para exportação, da pedreira também saem subprodutos. «Apostámos em outros pequenos produtos para aproveitar a pedra que não é de primeira qualidade. Com isto, reduzimos os desperdícios e aproveitamos 90 a 95% de tudo o que extraímos».

Assim, o que não é rocha de primeira qualidade é aproveitado para fazer novos produtos como pedras de calçada e para muros e outros elementos decorativos para a construção civil.

Outra parte do sienito nefelínico de desperdício é também vendida a uma empresa que extrai a sílica presente nesta rocha, para a utilizar na indústria de produção de vidro.

Com este aproveitamento de 90 a 95%, os novos proprietários da pedreira de Monchique reduziram os montes de escombreiras que desfeavam a zona da Nave, quase à entrada da vila, e aumentaram a rentabilização da exploração.

Outra garantia que os vizinhos da pedreira podem ter é que as enormes máquinas britadeiras que ainda lá estão no interior da pedreira, e que tanto ruído faziam, não vão ser postas em funcionamento. «Para já não vamos avançar com a produção de brita e, se o fizéssemos, não seria com estas máquinas», disse Santiago Santos ao Sul Informação.

A visita do reitor da Universidade do Algarve ao concelho de Monchique teve como base três dos principais eixos da economia deste município serrano – floresta, pedra e água. No caso da pedra, o futuro parece estar assegurado, como sublinhou o presidente da Câmara Rui André, após a visita à pedreira agora propriedade do grupo espanhol DFG.

 

 

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