Estátuas centenárias roubadas de Estoi em 2006 já regressaram a Faro

As estátuas centenárias conhecidas como «Preguiças», que haviam sido roubadas dos jardins do Palácio de Estoi em 2006, foram recuperadas […]

As estátuas centenárias conhecidas como «Preguiças», que haviam sido roubadas dos jardins do Palácio de Estoi em 2006, foram recuperadas pelas autoridades espanholas e estão já de volta a Faro. As duas obras de arte até já terão passado “em casa”, mas seguiram para o Museu Municipal de Faro, local onde estão atualmente, para beneficiar de uma ação de restauro.

As peças foram recuperadas pela polícia espanhola há alguns meses e posteriormente entregues à Polícia Judiciária portuguesa. As duas estátuas chegaram a Portugal «há cerca de dois meses», segundo o presidente da União de Freguesias de Conceição e Estoi José António Jerónimo, e regressaram a casa há cerca de quinze dias.

«Há cerca de dois meses, recebi um telefonema de um inspetor da PJ a dizer que as estátuas tinham sido recuperadas e que as podíamos ir buscar», disse o autarca. A Junta de Freguesia tratou então de «contratar uma empresa para fazer o transporte» e tratar dos trâmites legais, para recuperar a peça.

Apesar de já estarem em Faro, ainda não há perspetiva de quando acontecerá o regresso definitivo das duas estátuas ao local onde repousaram durante perto de 110 anos. Os trabalhos de restauro, que serão levados a cabo pela equipa de especialistas do Museu farense, ainda poderão demorar alguns meses.

«As peças não estavam muito danificadas, mas aproveitámos para as entregar à equipa do museu para que fizessem um restauro e recuperassem algumas partes. Não fazia sentido estar a colocá-las e a retirá-las, mais tarde, para as recuperar», ilustrou o presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau ao Sul Informação.

«A equipa é coordenada por uma técnica muito conceituada, que até tem dado apoio nesta área a outros museus, como o de Tavira», revelou.

O facto de este ser um trabalho que requer cuidado e dedicação, aliado ao facto de a coordenadora da equipa «estar grávida», levam o edil farense a não arriscar uma data. O mais importante, considerou, é as obras de arte terem sido recuperadas. «Dentro do mal, até correu bem!», ilustrou.

A ausência das duas esculturas de mármore, da escola romântica, que foram adquiridas em Itália há mais de um século pelo Visconde de Estoi, foi bem sentida pela população local. «Toda a gente estava muito aborrecida com a situação. Era um património muito antigo, uma relíquia estoiense», ilustrou José António Jerónimo.

As «Preguiças» também “selaram” muita união matrimonial, já que era tradição das noivas pousar junto das estátuas, que representam o amanhecer e o pôr-do-sol.

Dentro de alguns meses, espera-se que esta tradição possa voltar, até porque estará tudo preparado para receber as recuperadas estátuas. O Palácio de Estoi é hoje uma Pousada de Portugal e os seus emblemáticos jardins, onde as estátuas “preguiçaram” durante mais de um século, «foram recuperados pela Enatur, como estava estipulado no protocolo» de concessão da exploração da Pousada, segundo Rogério Bacalhau.

O Palácio de Estoi foi construído no final do século XVIII pela família Carvalhal e Vasconcelos e inaugurado em 1785. No final do século XIX, foi adquirido por José Francisco Silva, que se viria a tornar Visconde de Estoi e foi o responsável pela compra das «Preguiças». Em 1987, foi adquirido pela Câmara de Faro, que concessionou o palácio à Enatur, para ali instalar uma Pousada de Portugal, que abriu ao público em 2009, após obras que passaram pelo acrescento de uma nova ala, da autoria do arquiteto Gonçalo Byrne.

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