Crónica da 7ª Travessia da Via Algarviana – «The End»

The End! E finalmente o grupo de caminhantes chegou ao fim da sua “penitência” de 300 quilómetros, desde o Cabo […]

The End! E finalmente o grupo de caminhantes chegou ao fim da sua “penitência” de 300 quilómetros, desde o Cabo de S. Vicente até Alcoutim e ao Guadiana. O cronista, apesar das dificuldades vividas, já tem saudades destes 14 dias de travessia da Via Algarviana.

Sexta-feira, 18 de abril, 14º e último dia de caminhada:

Neste último dia de Travessia da Via Algarviana, foi pedido aos deuses da meteoologia com tempo para caminhar. E os deuses concederam-nos essa Graça, com céu nublado e sem calor excessivo.

Foi um percurso calmo, com 20 e tal caminhantes e alguns ciclistas, mas já se notava uma ponta de nostalgia e saudade entre os que partilharam a maior parte – ou a totalidade – da travessia.

Sempre ouvimos dizer que a chegada ao mar de Sagres, quando a travessia é feita em sentido contrário, tem um grande simbolismo. Mas olhem que a chegada ao Guadiana, o grande rio do Sul, não lhe fica atrás.

Os cinco magníficos: Paco, Zé Brito, Anabela, António e Ana

Foi uma chegada que bateu fundo. Todos com a camisola da travessia vestida, os ciclistas também se juntaram à festa e os cinco magníficos que fizeram a caminhada de Sagres a Alcoutim a manifestarem a sua comoção. Para a posteridade, os seus nomes: Anabela, Ana, Paco, António e José.

Algumas notas soltas para encerrar estas crónicas:

>> cerca de 300 km, com desnível acumulado a rondar os 6400 metros;

>> impossibilidade de passar para o papel os cheiros e as cores das magníficas paisagens algarvias;

>> as picadas de abelha;

>> a quantidade de algarvios que fez a totalidade da travessia (todos menos o Paco);

>> os metros quadrados de pele que se perdem em burrefas e bolhas;

>> a quantidade de pensos e adesivos espalhados pelo corpo;

>> as mãos mágicas da Anabela, sem as quais muitos caminhantes ficariam pelo caminho;

>> a amizade e companheirismo – as pessoas que fazem esta travessia são especiais!

O rio Guadiana, finalmente!

>> a comidinha: com pão e vinho se faz o caminho;

>> a eleição da mini preta como a bebida oficial desta travessia;

>> o teste aos limites da dor e do sofrimento;

>> No hay gloria sin dolor!

>> Finalmente: não há palavras para descrever o que se pode e deve experimentar.

Faça o favor de fazer a Travessia da Via Algarviana. Se perguntarem, direi: SIM, VALEU E VALE A PENA!

 

Para terminar, extra crónica do José Brito, umas quadras que descrevem esta 7ª Travessia, da autoria da Ana Boto, uma das cinco magníficas caminhantes que este ano fizeram os 300 k do percurso:

Travessia da Via Algarviana - caminhantes e ciclistas

«Do Cabo de S. Vicente a Alcoutim,
14 dias passámos,
cerca de 300 km no frenesim,
o Algarve atravessámos.

O percurso calminho
rapidamente se transformou
entre estevas e rosmaninho,
com subidas e descidas mudou.

Ao ar livre andámos,
animais avistámos,
modos de vida presenciámos,
pores-de-sol apreciámos.

Entre etapas convivemos,
pessoas novas encontrámos,
mas os cinco sobreviventes
até ao final caminhámos.

A nossa guia como enfermeira
nos cuidou do início ao fim,
sempre na dianteira
e ao final do dia, burrefas, plim!

O presidente da Câmara de Alcoutim Osvaldo Gonçalves e Anabela Santos, da Almargem, a guia da travessia, na receção final aos caminhantes, no castelo de Alcoutim

Após quilómetros a andar,
às minis pretas nos habituámos,
petiscos a acompanhar
e ao jantar continuamos.

Comidinha tradicional,
moreia, veado e javali,
medronho no final,
ai que bem que se está ali!

Campos repletos de flores,
pássaros cantam para animar.
O que não falta são as dores
para o corpo avivar.

Enriquecidos ficámos
pela experiência que aqui vivemos.
À liberdade nos acostumámos,
quem sabe quando nos veremos!»

 

Veja aqui todas as 256 fotografias desta 7ª Travessia da Via do Infante.

 

 

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