Projeto pioneiro liga Museu a grupo de cidadãos para salvar património subaquático de Portimão

Fazer o enquadramento institucional e científico para o uso de detetores de metais na prospeção de bens arqueológicos, provenientes das […]

Fazer o enquadramento institucional e científico para o uso de detetores de metais na prospeção de bens arqueológicos, provenientes das dragagens efetuadas no Rio Arade e na Ria de Alvor, é o objetivo do protocolo de colaboração estabelecido entre o Museu de Portimão e a Associação Projecto Ipsiis.

Esses bens encontram-se fora do seu contexto original, dispersos pelas praias e em depósitos de dragados.

Esta cooperação entre um museu da Rede Portuguesa de Museus e um grupo de cidadãos interessados no património cultural, realizada em estreita articulação com a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e a Direção Regional de Cultura do Algarve, possibilitará, segundo o Museu de Portimão, «a salvaguarda de um espólio que de outro modo ficaria irremediavelmente perdido, assegurando-se o seu depósito, conservação e inventário, bem como a produção de conhecimento científico e divulgação pública».

Nesse sentido, a DGPC autorizou as arqueólogas do Museu de Portimão a supervisionar aquela atividade de prospeção, concedendo, para esse efeito, licenças para a utilização de detetores de metais à Associação Projecto Ipsiis.

O presente protocolo veio dar continuidade a um acordo de colaboração, estabelecido em 2000 e que vigorou até 2011, entre o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, do antigo Instituto Português de Arqueologia, e o grupo de cidadãos que está na origem da atual associação, sediada em Portimão.

Dos cerca de 700 artefactos recuperados pelo grupo, que abarcam um período que vai do Calcolítico aos nossos dias, destacam-se um espeto votivo e um ex-voto em bronze representando um touro, ambos da Idade do Ferro, sobressaindo igualmente 11 placas de chumbo para anilhar as asas de ânforas romanas (peças singulares utilizadas para identificar as oficinas de fabrico ou os produtos transportados nesses recipientes), cinco compassos de cartear (instrumentos náuticos da época dos Descobrimentos), bem como moedas de diversas proveniências que abarcam 23 séculos de comércio e circulação monetária.

Parte do espólio recolhido neste âmbito integra a exposição permanente do Museu de Portimão, tendo sido já exposta no Museu Nacional de Arqueologia, pelo que é desejo de todas as partes envolvidas «dar continuidade a esta divulgação pública das peças que constituem uma importante fonte de informação sobre a história e a cultura desta região».

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