Maioria das zonas de produção de bivalves de Olhão volta a ter boa classificação

Metade das zonas de apanha de bivalves da Ria Formosa, no concelho de Olhão, já foram reclassificadas como «Zona B», […]

Metade das zonas de apanha de bivalves da Ria Formosa, no concelho de Olhão, já foram reclassificadas como «Zona B», que permite a venda do marisco após depuração, classificação que se deverá estender a mais 30 por cento da área de viveiros e bancos de moluscos daquele concelho.

Isto significa que a área com boa classificação ambiental subirá para 80 por cento, assim que o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) lance um novo despacho, algo que deverá acontecer «ainda este mês ou no início de fevereiro».

Na prática «vai reverter-se a situação» criada por um despacho lançado em dezembro de 2013, que determinou que as zonas de produção de Bivalves da Ria Formosa fossem desclassificadas de Zona «A» e «B», as de melhor qualidade, para «B» e «C», com esta última classificação, que limita fortemente a comercialização do marisco, a ocupar 80 por cento da área de produção do concelho olhanense.

O anúncio deste desenvolvimento foi feito pelo presidente da Câmara de Olhão António Pina num plenário de viveiristas e mariscadores que decorreu ontem à tarde no Auditório de Olhão. Mudanças que são consideradas «uma grande vitória» pelos dirigentes das associações representativas do setor, mas que não devem servir de pretexto «para deixar de lutar», uma vez que ainda há zonas classificadas como «C».

Os polígonos originais estão a vermelho, os novos a verde (clicar para ampliar)

Nesta reunião, António Pina revelou que uma nova configuração das zonas de apanha de bivalves, os chamados «polígonos», acordado entre o IPMA e a Câmara de Olhão, permitiu reclassificar uma vasta área de produção e apanha destes moluscos, frente à Ilha da Culatra e ao Parque Natural da Ria Formosa.

Estes dois polígonos, agora bem maiores do que anteriormente, foram os únicos que se mantiveram como «Zona B» na reclassificação original. Foram agora alargados de modo a cobrir cerca de 50 por cento das zonas de produção da Ria Formosa.

«Agora, temos a expetativa que seja lançado um despacho até final deste mês, ou no princípio de fevereiro, que irá classificar mais duas das cinco zonas como B», acrescentou António Pina.

Com o novo zonamento, as áreas designadas «Lameirão/Culatra» e «Barrinha/Marim» são classificadas como zona «B». Com o despacho, esperado para as próximas semanas, também as áreas denominadas «Ilhote Negro/Garganta» e «Regueira da Água Quente/Farrobas» passam a ter a mesma designação (ver na imagem acima).

Esta reclassificação já será apoiada «em análises que foram entretanto feitas» e «é uma quase certeza, baseada em factos concretos», assegurou o edil olhanense ao Sul Informação, à margem da sessão. O dirigente da associação Formosa Manuel Augusto da Paz acrescentou que os bivalves analisados têm sido pedidos à sua coletividade e que todas as análises feitas desde a reclassificação «têm dado A ou B».

 

Novo zonamento isola parte mais problemática

Das cinco zonas de produção de Bivalves identificadas no zonamento do IPMA, apenas uma é realmente problemática, aquela que fica «entre as duas ETAR de Olhão». Para conseguir que esta zona deixe de ser considerada como «C», há que fazer um trabalho mais profundo e atacar o problema dos focos de poluição na Ria Formosa.

Na reunião de ontem, também houve novidades nesse aspeto, com António Pina a afirmar que a Águas do Algarve deu um impulso ao processo de construção de uma nova Estação de Tratamento de Águas Residuais que sirva Faro e Olhão e a assumir o compromisso de atacar o problema «das descargas ilegais [de esgotos] nos pluviais da Câmara de Olhão», como o Sul Informação ontem noticiou.

Mas há um terceiro fator que ainda não tem resolução à vista, as já muito reclamadas (e anunciadas) dragagens na Ria Formosa, para abertura das Barras e limpeza dos canais. Uma intervenção que será realizada no âmbito do Polis Ria Formosa, que permitirá uma melhor renovação da água do sistema lagunar, que, só por si «resolve o problema da qualidade da água em 50 por cento».

 

Não baixar os braços é importante, dizem representantes dos mariscadores e viveiristas

Os dirigentes associativos e do Sindicato das Pescas do Sul veem estes desenvolvimentos como positivos, mas avisam que não se pode aliviar a luta. Ontem, cerca de um mês depois de um plenário que encheu completamente o mesmo Auditório de Olhão, a reunião de profissionais do setor foi bem menos participada.

Algo que poderá ter a ver com o facto de a mensagem da reclassificação eminente ter chegado aos profissionais, que pensarão «que está tudo encaminhado». «Estas novidades são boas, mas ainda fica a faltar 20 ou 30 por cento, que continua como área C», lembrou o dirigente sindical Josué Marques.

Para o sindicalista, há questões que ficaram por resolver e que justificam que a união se mantenha. «Quando nós deixamos de jogar, são eles que jogam», ilustrou, durante o plenário, numa analogia desportiva. Até porque, lembrou, ainda há uma batalha a combater no que toca ao Fundo de Compensação, que não está à disposição de todos.

«Um viveirista que não tenha também carta de mariscador, não tem direito ao subsídio. Isto não faz sentido», defendeu Josué Marques. Esta será uma luta que se manterá, apesar da reclassificação e o apelo dos diferentes intervenientes no plenário foi no sentido de se manter a mobilização.

 

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