Dupla de velejadores parte de Portimão para volta ao mundo de três anos

No domingo, dia 10 de novembro, pelas 11h00, o João e a Natali vão zarpar do Pontão C da Marina […]

No domingo, dia 10 de novembro, pelas 11h00, o João e a Natali vão zarpar do Pontão C da Marina de Portimão a bordo do seu veleiro «Balilé», para uma volta ao mundo. Será o início do concretizar de um sonho que os há de levar a paragens bem distantes, sob o lema «Rumamos a um Futuro Melhor».

Nesta história há três personagens. A primeira é João Liberato, que nasceu em Portimão em 1984, é formado em Engenharia Naval e velejador desde os 11 anos. Desde criança que sonhou em ter um veleiro e dar a volta ao mundo.

A segunda é Natali Santos, nascida em Santos (Brasil) em 1984, formada em Oceanografia e velejadora desde que conheceu o João. Desde criança que sonhou em morar num veleiro, pelo desejo de viver da forma simples que se vive a bordo.

E a terceira é a embarcação. O «Babilé» é um Van de Stadt de 34 pés em aço, construído em 1992. O veleiro amarelo teve de ser praticamente todo reconstruído para dispor de condições de habitabilidade, conforto e segurança, para que o casal possa cruzar os cinco oceanos e vencer os ventos dos quatro quadrantes.

1ª etapa, de Portimão a Lanzarote

Mas esta volta ao mundo não é apenas mais uma. O João e a Natali irão assumir o papel de Embaixadores da Vela Solidária, com o objetivo de divulgar este projeto da portimonense associação Teia d’Impulsos pelos vários pontos do mundo onde irão passar.

A Vela Solidária proporciona oportunidades únicas a crianças e pessoas portadoras de deficiência, elevando a qualidade de vida e potenciando em todos os seus beneficiários valores e competências que os tornam mais aptos para os desafios da vida quotidiana.

O João e a Natali terão como missão «demonstrar as potencialidades da prática da vela nas populações mais desfavorecidas, assim como sensibilizar os poderes locais, as escolas e empresas para os benefícios a médio e longo prazo, da integração sociodesportiva destas populações», explica Luís Brito, responsável pelo projeto Vela Solidária.

«O João foi meu aluno de vela há uns quinze anos, no Clube Naval de Portimão, e quando me falou deste seu projeto da volta ao mundo logo o desafiei a ser embaixador da Vela Solidária. A ideia é que eles levam o nosso projeto à volta do mundo, para dar a conhecer a possibilidade de, através dele, abrir a vela a pessoas, nomeadamente jovens, com deficiência ou dificuldades económicas. A vela é um meio muito elitista, mas este projeto Vela Solidária acaba com essas barreiras», acrescenta Luís Brito.

«Num convite irrecusável dos responsáveis do projeto, aceitámos e abraçámos o papel de embaixadores, levando para além fronteiras os princípios e valores pelos quais este se rege», dizem.

E assim, a ideia é que, nas várias paragens do João e da Natali pelo mundo fora, sejam contactadas as escolas e as autoridades locais, «para fazerem pelo menos um evento em cada sítio». «Eles poderão ir às escolas contar a sua história, que é motivadora, e associado a isso falar da vela solidária e de como pode ser importante para os miúdos com deficiência e internados em instituições. Ou podem as escolas deslocar-se à embarcação, para a conhecerem ou para navegarem um pouco», explica Luís Brito.

No fundo, pretende-se «com as autoridades locais, presidentes dos clubes navais e escolas, mostrar o que fazemos aqui com a Vela Solidária e que pode ser feito em qualquer parte do mundo».

 

Três anos à volta do mundo

Está previsto que a volta ao mundo dure três anos. Há mais de um ano que o João e a Natali estão a preparar o «Babilé» para esta aventura.

«Este é o sonho de uma vida, o sonho que modifica a vida, que lhe dá um sentido e que a faz ser vivida de uma forma diferente», dizem.

«Estamos a trabalhar no barco desde o início de setembro do ano passado. A trabalhar no barco e a viver nele», conta João Liberato ao Sul Informação.

«O anterior dono do barco também tinha este sonho de fazer uma volta ao mundo, mas nunca o conseguiu. O barco estava parado em estaleiro há dois anos e precisava de muitas reparações. Além disso, havia muito material para ser instalado e testado. Ao fim deste ano de trabalho, estamos uns verdadeiros especialistas!», acrescenta o velejador.

Entre os «150 trabalhos que já fizemos no barco», está a instalação de painéis solares, dois pilotos automáticos e aerogeradores, por exemplo. «Ainda há poucos dias estava preocupado, porque havia um equipamento que nunca mais chegava. Mas já chegou e está instalado».

 

E agora, a partida!

A rota prevista da volta ao mundo do «Balilé»

«Vilfredo Schurmann diz no filme “O Mundo em Duas Voltas” que “a coisa mais importante de uma viagem é marcar a data de partida”. Foi o que fizemos, várias vezes! Percalços de uma grande aventura, adiámos vezes sem contam mas estamos agora mais prontos do que nunca e de partida marcada para o dia 10 de Novembro», explica o casal de velejadores.

No domingo, a dupla parte «de casa, em Portimão, em direção à Bahia de Arrecife, na Ilha de Lanzarote (Canárias), percorrendo cerca de 600 milhas (aproximadamente 1100 quilómetros) em cinco a sete dias de navegação». Para já, a previsão é de «sol e bom vento».

A rota à volta do mundo já está traçada, mas pode haver alterações pontuais. «Temos uma ideia mais ou menos clara de onde queremos ir, mas pode ser sujeita a alterações», disse João Liberato ao Sul Informação.

De toda esta volta ao mundo, que se fará sempre na zona «entre trópicos», por ser «mais segura, com melhor clima», há um local que João e Natali não querem deixar de visitar: as ilhas da Polinésia Francesa, no Pacífico Sul. «Todos os velejadores dizem que é o sítio mais bonito do mundo», explica o algarvio.

Depois de Lanzarote, a dupla luso-brasileira deve seguir rumo a Cabo Verde, de onde partirá para a travessia do Atlântico Sul até ao Brasil, até à zona da ilha de Fernando Noronha ou a cidade de Natal. Descerão depois a costa brasileira até Santos, de onde Natali é natural. Aí aproveitarão para «fazer algumas reparações, que a embarcação já deverá precisar», e para «esperar que passe a época dos furacões nas Caraíbas».

Subirão depois rumo ao Mar das Caraíbas, cruzarão o Canal do Panamá, onde passarão para o Oceano Pacífico. Depois irão um pouco para Sul, para a Polinésia Francesa, e farão uma longa travessia até ao Norte da Austrália e Indonésia, «talvez Timor».

No Oceano Índico, irão evitar a zona da Somália, «por causa da pirataria», e atravessar até ao Sul de Madagáscar e Moçambique. Cruzado o Cabo da Boa Esperança, subirão a costa de África, de novo no Atlântico, passando pelas Ilhas de Santa Helena, Cabo Verde, Canárias, Madeira e finalmente Portugal.

Quem quiser pode seguir a aventura do João e da Natali através da sua página no Facebook. Em breve vai também estar disponível um blogue e um site. e, no fim desta aventura de três anos, quem sabe se não surgirá um livro.

Que os bons ventos acompanhem João e Natali!

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