Distrital do PSD levanta processo a Pedro Xavier por acordo com PS «à sua revelia»

A Comissão Política Distrital do PSD/Algarve vai levantar um processo a Pedro Xavier, presidente da Concelhia social-democrata de Portimão e […]

A Comissão Política Distrital do PSD/Algarve vai levantar um processo a Pedro Xavier, presidente da Concelhia social-democrata de Portimão e vereador eleito nas recentes Autárquicas, por ter assinado um acordo com o PS para a Câmara, «à revelia dos estatutos e dos órgãos» do partido.

Luís Gomes, presidente da Distrital, em declarações ao Sul Informação, acrescentou que o acordo, que garante ao PS e à recém empossada presidente da Câmara Isilda Gomes a maioria que não conseguiu nas eleições, «não tem cobertura da Comissão Política Distrital», pelo que será levantado um processo disciplinar a Pedro Xavier, que já «não merece a confiança política» dos social-democratas algarvios.

Também os outros militantes social-democratas que assinaram o acordo serão alvo de um processo, embora, ao que o Sul Informação apurou, o documento tenha sido assinado também por independentes que integraram as listas do PSD aos diversos órgãos autárquicos (Câmara, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia).

A reunião da Assembleia Distrital do PSD, que decorreu este sábado em Faro, destinou-se a analisar os resultados das Eleições Autárquicas, que se saldaram num desastre para os social-democratas, que perderam três Câmaras Municipais para o PS (Loulé, Lagoa e Alcoutim) e uma para a CDU (Silves).

 

Caso de Portimão dominou Assembleia Distrital do PSD

Mas o tema que dominou a Assembleia Distrital foi mesmo o caso de Portimão. O próprio Luís Gomes, nas declarações ao nosso jornal, admitiu que houve «grande consternação em relação a esta matéria».

Carlos Gouveia Martins, presidente da JSD/Portimão, acrescentou que «não houve militante, de Aljezur a Vila Real de Santo António, que não mencionasse o caso de Portimão».

A questão do acordo estabelecido pelo vereador e presidente da Concelhia com o PS foi a que motivou mais críticas, mas também foram debatidas as razões que levaram militantes a integrar listas adversárias, a expulsão desses militantes pretendida pela Concelhia e o nunca visto terceiro lugar do PSD nas eleições autárquicas em Portimão.

«Aquilo mais parecia um plenário do PSD/Portimão, já que, entre a centena de militantes de todo o Algarve presentes, uns trinta eram de Portimão. Foi um momento muito triste, porque o PSD/Portimão foi muito enxovalhado e nem os dois vice-presidentes da Concelhia que lá estavam, Luís Miguel Martins e Luís Rodrigues, defenderam o que se passou em Portimão», contou ainda Carlos Gouveia Martins.

O mais curioso é que Pedro Xavier, o presidente da Concelhia e vereador no centro da polémica, nem sequer esteve presente na Assembleia Municipal. A essa hora, o vereador estava ao lado da presidente da Câmara, a socialista Isilda Gomes, e dos dois vereadores do PS, Castelão Rodrigues e Ana Figueiredo, na inauguração do espaço «Bold.Ponto Criativo», no centro de Portimão.

Tendo em conta que o PSD/Portimão, cuja Comissão Concelhia de Secção até está sem quórum há meses, na sequência de várias demissões, ainda não convocou qualquer Assembleia de Militantes para discutir as Autárquicas e muito menos para debater o Acordo, a Distrital do partido vai pedir a convocação dessa reunião magna dos social-democratas portimonenses.

 

Perda de confiança pode por em causa acordo

A mais do que provável perda de confiança de Pedro Xavier por parte do PSD pode pôr em causa ou pelo menos alterar o alcance do «acordo de coligação» que o vereador conseguiu estabelecer com o PS.

É que, se o vereador perder a confiança política do seu partido, poderá ainda assim manter-se na Câmara como vereador permanente e assim garantir a maioria de que os socialistas precisam para fazer passar as suas propostas.

Mas, ao que o Sul Informação apurou, tanto na Assembleia Municipal como nas Assembleias de Freguesia, há militantes que não estão na disposição de deixar de o ser para honrar um Acordo com o PS que, na sua maioria, não assinaram, nem conhecem. Ou seja, o «acordo de coligação» anunciado por Isilda Gomes, no seu discurso de tomada de posse na quinta-feira, corre o risco de só ter aplicação na Câmara Municipal.

O acordo foi mesmo apresentado pela nova presidente da autarquia, no seu discurso, como uma «solução de governabilidade» para a Câmara, já que, como a própria autarca socialista admitiu, os portimonenses «quiseram que o Partido Socialista continuasse a liderar os destinos da autarquia mas que estabelecesse pontes e acordos com as oposições».

Por seu lado, na noite da tomada de posse, Pedro Xavier garantiu ao Sul Informação que a sua decisão de fazer o acordo com o PS tinha tido como motivações «primeiro Portimão, depois o PSD e só depois o Pedro Xavier»…

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