Orquestra do Algarve cresce e passa a ser de todo o Sul

Deixou de ter a palavra Algarve no nome, mas não é por isso que deixa de ser da região «e […]

Deixou de ter a palavra Algarve no nome, mas não é por isso que deixa de ser da região «e dos algarvios», nem planeia retirar a sua sede da região. A Orquestra do Algarve é agora a Orquestra Clássica do Sul (OCS), uma mudança que não se resume à designação, mas também à  sua área de influência, que vai agora chegar ao Alentejo e Península de Setúbal.

Uma evolução da formação musical cujo principal objetivo é conseguir ganhar escala, público e, claro, outras fontes de financiamento. Um projeto arrojado, suficientemente aliciante para convencer o Maestro Cesário Costa a regressar ao Algarve, para voltar a ser o Diretor Artístico e Maestro Titular da OCS, depois de mais de quatro anos à frente da Orquestra Metropolitana de Lisboa.

Apesar de o futuro ainda estar a ser definido, nomeadamente ao nível das parcerias que se conseguirão encetar no vasto território que fica entre as fronteiras do Algarve e o Rio Tejo, a estratégia está já definida, pelos responsáveis da nova orquestra.

«A ideia é avançar para uma nova fase da Orquestra do Algarve. Houve a vontade por parte dos parceiros em pensar o projeto e como é que a Orquestra poderia alargar o âmbito da sua atividade, para além do trabalho que realiza no Algarve e na Andaluzia, onde se tem apresentado com enorme sucesso. O objetivo é alargar a atividade a toda a região a Sul do Tejo», resumiu Cesário Costa.

Com isto, a orquestra quer chegar «a mais gente, a um público mais vasto». «Estamos a falar de um universo de público que aumenta consideravelmente. E, não havendo nenhuma orquestra a oferecer uma programação regular, nós predispomo-nos a fazer isso», ilustrou.

Apesar de frisar que «ganhar escala» é o grande objetivo, Cesário Costa não esconde que a parte financeira também incentivou a Associação Musical do Algarve (AMA), que gere a orquestra, a avançar para esta mudança. «Queremos encontrar novos parceiros, autarquias e promotores, que possam trabalhar com a OCS, para ficarmos todos a ganhar», referiu.

«Numa situação que todos sentimos que é difícil, este é um passo que a orquestra está a dar na procura de encontrar novos parceiros, soluções e financiamentos. É também uma oportunidade de desenvolver mais o seu trabalho, pois o universo de autarquias [14 das 17 entidades fundadoras/associadas da AMA são municípios do Algarve] alarga imenso», considerou.

Neste momento, ainda estão por definir quais as autarquias do Alentejo e Península de Setúbal que irão aderir à OCS, até porque as eleições autárquicas são este mês. «Esta é uma altura complicada, porque sabemos que poderá haver alteração nos executivos. Mas estamos já a trabalhar. Há contactos feitos e concertos agendados, por exemplo, em Ourique e em Setúbal. Mas este é um processo longo, que deve ser feito da forma mais sólida possível, para ser duradouro, no futuro», disse o Diretor Artístico da OCS.

 

Orquestra Clássica do Sul aceita desafios

As portas que se abrem com este novo figurino não se limitam às entidades públicas e ao poder local. Também se procurará estabelecer parcerias com outros agentes culturais locais, à semelhança do que já aconteceu no Algarve, principalmente com a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve. «Uma das coisas que me fez aceitar este desafio, foi sentir que este é um projeto que está em crescimento. Há vontade de encontrar novas soluções», disse Cesário Costa.

«Estamos a ver de que forma poderemos estabelecer ligações com outras instituições. Já foram feitos contactos, mas, obviamente, estas coisas demoram tempo e não se podem divulgar antes de estar totalmente fechadas», revelou.

«Uma orquestra, nos dias de hoje, não deve limitar-se a apresentar uma programação de concertos. Claro que esse é o ponto principal, mas deve criar mais meios e oportunidades para que outros possam trabalhar com a OCS», disse.

Entre estas colaborações, pode haver algumas que surpreendam o público. «Julgo que uma orquestra moderna deve ser extremamente versátil e apresentar uma programação diversificada e muito abrangente», disse.

«Uma orquestra deve ser um veículo para criar oportunidades para outros, não só numa perspetiva institucional, mas também criar condições para que jovens solistas, compositores e maestros se possam apresentar, bem como trabalhar ao nível da nova música e com repertório menos conhecido», defendeu.

«A imagem que as pessoas têm de uma orquestra muito formal, apesar de continuar a existir, irá aliar-se a outros registos», anunciou. «Recentemente, a Orquestra do Algarve apresentou-se com os Amor Eletro e teve 4 mil pessoas a assistir ao concerto na Praia do Carvoeiro [também atuou em Tavira]. Se calhar, muitas delas nunca tinham visto uma Orquestra Clássica ao vivo e tiveram essa oportunidade», exemplificou Cesário Costa.

Desafios que farão parte da programação da OCS, que ainda irá ser apresentada, tudo indica, no final do mês de setembro ou início de outubro.

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