Silves mergulha nos tempos medievais durante dez dias

Um espetáculo diário no castelo, produzido e imaginado por um grupo local, um acampamento militar ainda maior, um torneio medieval […]

Um espetáculo diário no castelo, produzido e imaginado por um grupo local, um acampamento militar ainda maior, um torneio medieval um pouco diferente, uma nova organização da animação para que haja sempre qualquer coisa a acontecer.

Estas são algumas das novidades da Feira Medieval de Silves, que arranca amanhã, 2 de agosto, às 18h00, com um cortejo pelas ruas e largos da medina, ou seja, do centro histórico da cidade, e se prolonga até 11 de agosto.

Serão 10 dias intensos de viagem no tempo, até à época entre conquistas, ou seja, entre a primeira conquista cristã da cidade (ocorrida em 1189, no reinado de D. Sancho I, auxiliado pelos cruzados) e a reconquista muçulmana (ocorrida em 1191).

«Este ano, lançámos um desafio a gente da terra para fazer qualquer coisa a propósito da lenda da Moura Encantada do Castelo de Silves», conta Maria José Gonçalves, responsável pela parte de animação histórica da Feira Medieval. E assim surgiu o novo espetáculo diário a ser apresentado no interior daquele monumento nacional. «O que surgiu está muito além da nossa proposta inicial. O espetáculo, que junta teatro, novo circo, dança, música, explora a lenda, mas também todos os medos, que eram tão característicos dos tempos medievais», acrescenta.

O espetáculo, cuja entrada custa cinco euros (preço que inclui a entrada na própria feira, que custa 2 euros), foi imaginado por Rui Cabrita, que juntou «uma série de grupos aqui da região, como o Satori, de Salir, o Sin-Cera, da Universidade do Algarve, o Penedo Grande ou o PiPemPé, ambos de São Bartolomeu de Messines, reunindo 30 pessoas, entre atores e técnicos» terá amanhã a sua estreia, sob o nome de «Augúrio», e será apresentado ao longo das dez noites da Feira Medieval, sempre às 21h30.

Na edição de 2013 desta feira que sobe e desce pelas ruas íngremes, de traça medieval, da zona histórica de Silves, os torneios a cavalo voltarão a estar a cargo de Olivier e dos seus «Cavaleiros do Tempo», o que, segundo Sandra Moreira, responsável pelo Gabinete de Comunicação da Câmara de Silves, garante mais «teatralidade» a esse momento.

 

Animação permanente é aposta forte

 

Apesar da necessária contenção de custos, a animação continua a ser uma aposta forte do certame. Assim, graças a uma reorganização dos espaços, a animação com música, danças e outras performances será uma constante nas escadarias da Sé, enquanto em outros cinco espaços será rotativa.

Em termos de programa, todos os dias haverá um cortejo pelas ruas (18h00), a teatralização do episódio diário (18h30, no Largo da Sé ou nas Portas da Cidade», a leitura do Foral (19h00, nas Portas da Cidade), o Torneiro de Armas a Cavalo na Liça (20h00 e 22h30, na Praça Al-Mutamid), o Banquete Real no Castelo (21h00), o teatro circo Augúrio (21h30, Castelo), e o Largo da Colegiada (meia noite).

Pelas ruas circularão grupos de música (Percutunes, de Tunes, Silves, Troubadores, Al-Medievo , Mozárabes e Eduardo Ramos, todos portugueses, e os espanhóis Cuerno de Cabra) e dança (Grupo de Danças Medievais Dá para Pular, do Algarve, Grupo de Danças Orientais e ainda a Dança Tanora, do Egito), bem como figuras medievais e outras animações (Saltimbanco Charneca, Grupo Cénico Viv’Arte, Grupo Cénico PiPemPé).

E haverá 200 expositores, nomeadamente as tendas de comidas, onde os plásticos não entram e as ementas e bebidas terão sempre um toque medieval, ou as tendas de brinquedos, artesanatos e ofícios, roupas, chás e mezinhas, joias, loiças e tudo o mais que se possa desejar.

Quem quiser, poderá vestir roupas medievais, do clero, nobreza, povo e ainda muçulmanas, e passear-se assim pelas ruas íngremes e iluminadas à media luz de Silves, conferindo uma atmosfera misteriosa a toda a zona. «Temos entre 800 e mil trajos, numa coleção que até já foi maior, mas que vai ficando de ano para ano», revela Sandra Moreira. O aluguer dos trajos (no roupeiro situado perto da Sé) custa 3 euros para adultos e 2 euros para crianças, mas vale bem a experiência.

 

Prata da casa é a grande aposta

 

Para dar corpo a tudo isto, há mais de um mês que se anda a trabalhar. No total, a logística dos dez dias da Feira Medieval envolve 200 pessoas, todos funcionários dos mais diversos departamentos da Câmara de Silves. «E não estamos a contar com as pessoas que serão figurantes», garante Sandra.

Este investimento na prata da casa, vê-se até na animação, em que se procurou integrar o máximo de grupos locais, ou na publicidade da Feira. O cartaz, por exemplo, tem como figurantes duas funcionárias do Gabinete de Comunicação da Câmara de Silves, a Carla e a Salomé, bem como o namorado de uma delas. «Até já me disseram que viram a minha cara no metro de Lisboa», contou Carla ao Sul Informação.

No ano passado, montar a Feira custou 200 mil euros, mas, graças à introdução de entradas pagas – que se mantêm este ano e custam 2 euros (bilhete diário) por dia ou 4 euros para os dias que se quiser (pulseira) – o investimento ficou pago.

Ricardo Pinto, responsável pela parte logística da feira, espera que este ano o sucesso se mantenha. «Este ano temos mais um dia e esperamos investi 230 mil euros. Só a animação custa 110 mil euros, o que, num evento tão longo e com estas características, até não é muito», garante.

A organização espera uma média de 8500 pessoas por dia, de modo a garantir que este evento será, de facto auto-sustentável. «Nos tempos que correm, isso é muito importante», conclui Ricardo Pinto.

A Feira Medieval de Silves, de 2 a 11 de agosto, abre todos os dias às 18h00. Às sextas-feiras e sábados, encerra às 2h00. Nos restantes dias a feira funcionará até à 1h00.

A organização da Feira está a cargo da Câmara Municipal de Silves.

 

EVENTOS DIÁRIOS

18h00 – Abertura da Feira Medieval e Cortejo pelas Ruas e Largos da Medina
18h30 – Teatralização do episódio diário – Largo da Sé
19h00 – Leitura do Edital – Portas da Cidade
20h00 – Torneio de Armas a Cavalo na Liça – Praça Al’ Muthamid
20h00 – Banquete real no Castelo
21h30 – Augúrio – Castelo de Silves
22h30 – Torneio de Armas a Cavalo na Liça – Praça Al Muthamid
00h00 – Juizo final – Largo da colegiada
01h00 – Encerramento | 02h00 (sextas e sábados)

RECRIAÇÕES HISTÓRICAS

02 de agosto – A cidade acabou de ser tomada por D. Sancho I com a ajuda dos Cruzados . D. Mendo Mem Gonçalves de Sousa (o Sousão) torna-se governador e D. Nicolau, Bispo de Silves.

03 de agosto – Os muros da cidade são mandados restaurar. Bispo D. Nicolau abençoa-os e concede indulgências aos cavaleiros e outros soldados.

04 de agosto – O chefe Almóada Iacube Almansor ordena ao irmão, vali de Córdova e principal chefe militar na Península, que envie tropas poderosas contra Silves.

05 de agosto – Mahomede Ibne Iuçufe chega a Silves e cerca a cidade.

06 de agosto – Chegam as catapultas e iniciam-se os assaltos. A cidade, sob o comando do novo governador Rodrigo Sanches, é forte. As tropas Almóadas recuam.

07 de agosto –Almansor avança para Silves, isolada das bases portuguesas.

08 de agosto – Em Silves, Rodrigo Sanches defende a cidade, mas Iacube intensifica o cerco com a ajuda de Ibne Uazir. Os assaltos à cidade são contínuos.

09 de agosto – Falha na vigilância do passeio de ronda permite a penetração de berberes. O governador, Rodrigo Sanches, vê-se isolado na velha alcáçova e o assédio redobra de intensidade.

10 de agosto – A rendição é exigida e o governador Rodrigo Sanches pede um prazo, mas a  resposta de El-Rei D. Sancho tarda e o cerco mantém-se.

11 de agosto – A capitulação é negociada. Os soldados cristãos partem e os mouros entram. Estamos de novo sob domínio muçulmano.

 

Nota: O Sul Informação é media partner da Feira Medieval de Silves. Por isso, mantenha-se atento ao nosso site ao longo destes 10 dias! Pode ser que haja surpresas!

 

 

Comentários

pub