A Universidade do Algarve e a sua congénere brasileira de Passo Fundo vão unir-se para pensar a reabilitação urbana da Cidade Velha de Faro, entre os dias 9 e 11 de setembro. O workshop «Reabilitação Integrada da Paisagem Urbana: A Vila Adentro de Faro» vai fazer uma abordagem integrada e interdisciplinar nos domínios da arquitetura, da paisagem e do património.
A parceria entre a UAlg e a Universidade de Passo Fundo tem o propósito de «estabelecer uma experiência de ensino e investigação partilhada entre alunos de contextos geográficos diferenciados, com formação em âmbitos disciplinares distintos».
«O formato para este workshop incide no trabalho intensivo de grupo, com a duração de dois dias e meio, comportando um primeiro tempo de trabalho de campo, um segundo momento de desenvolvimento da estratégia e de formalização das propostas e um terceiro momento de apresentação e discussão dos trabalhos desenvolvidos», explicou a UAlg, numa nota de imprensa.
A Vila Adentro de Faro, objeto de estudo desta oficina de trabalho, combina um conjunto diversificado de temas relacionados com a cidade consolidada: o património construído, o património natural, o espaço público e as construções devolutas em contexto urbano.
«O objetivo fundamental deste workshop é o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar acompanhado, compreendendo a conservação integrada, a partir dos diferentes domínios da arquitetura, da paisagem e do património. Neste sentido, os grupos de trabalho a definir serão constituídos necessariamente por alunos das duas universidades dos cursos de Arquitetura (UPF), Arquitetura Paisagista (UAlg/FCT) e Património Cultural (UAlg/FCHS)», revelou a universidade.
O programa da iniciativa será definido em articulação com a Câmara de Faro, «admitindo-se a proposta de soluções complementares que contribuam para a reflexão e o debate em torno das práticas e metodologias da conservação integrada do património urbano, considerando a relação entre o espaço edificado e o espaço não edificado».
As propostas deverão ter em conta diversos tópicos, nomeadamente a «Reconquista cristã e posterior conversão da antiga alcáçova em castelo» (1249), a «Restauração da Independência e posterior adaptação aos princípios militares modernos» (1640), a «Renovação urbana com abertura da Rua do Castelo e destruição parcial do mesmo» (1925), a «Fábrica da Cerveja Portugália» (1935) e a Aquisição do edifício da antiga fábrica da Cerveja por parte da Autarquia (1999).
Descrição do objeto de estudo (Vila-Adentro de Faro):
«A área objeto de estudo e intervenção localiza-se no Centro Histórico de Faro, no limite sul da Vila Adentro, centrada no antigo castelo medieval e estabelecendo uma relação espacial e visual com a Ria Formosa (Parque Natural).
O edifício da antiga Fábrica da Cerveja e a área envolvente integra-se no núcleo intramuros de Faro que constitui uma das área da região privilegiada pelo turismo cultural, dado o valor patrimonial conferido a um conjunto urbano rodeado pelas muralhas medievais que integra ainda a Sé catedral, o seminário, o convento (museu arqueológico), o edifício dos Paços do Concelho, entre outros.
Esta área é ainda marcada por uma expressiva concentração de serviços (administração local, serviços religiosos) constituindo simultaneamente um espaço privilegiado, não apenas para o turismo cultural, como também para o turismo de natureza (considerando a proximidade da ria e do cais de embarque com rotas para as ilhas e para a ria.
Para além das transformações que, ao longo da história, marcaram o espaço do castelo, em função da sua matriz militar (desde a conversão a partir da antiga alcáçova islâmica, até à introdução de elementos característicos das fortificações modernas), importa considerar ainda outras modificações posteriores, como o traçado de um novo arruamento e abertura de vão na muralha, até à integração da fábrica de cerveja da Portugália.
A área sul da Vila Adentro, marcada durante o século passado pela presença de alguns espaços de armazéns e por um número reduzido de habitações, reflete ainda hoje algum estado de abandono, contrariado mais recentemente pelo aparecimento de alguns restaurantes e similares vocacionados para a população quer residente quer visitante.
Os limites da área de estudo contemplam, não apenas o antigo edifício fabril, como também encadeamento de diversos espaços de tipologias, configurações e escalas diferenciadas que se podem encontrar entre, a porta aberta na muralha, o largo do castelo e a praça D. Afonso III».
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