Instituições sociais do Algarve recebem toneladas de peixe produzido na Estação Piloto de Olhão

Douradas e corvinas enormes e fresquíssimas, acabadas de “pescar” nos tanques da Estação Piloto de Piscicultura de Olhão, vão reforçar […]

Douradas e corvinas enormes e fresquíssimas, acabadas de “pescar” nos tanques da Estação Piloto de Piscicultura de Olhão, vão reforçar nestes dias de Páscoa a ementa dos utentes apoiados pela Santa Casa da Misericórdia de Moncarapacho, seja no lar de idosos, no apoio domiciliário ou na cantina social.

O provedor José Marcelino não cabia em si de contente esta manhã, ao receber a notícia de que mais de quarenta quilos de peixe seriam doados naquele momento à instituição que dirige, tornando a Misericórdia de Moncarapacho a primeira instituição social do Algarve a beneficiar de um protocolo que acabara de ser assinado pelos ministros da Agricultura e Mar (Assunção Cristas) e da Solidariedade Social (Pedro Mota Soares).

O protocolo entre o MAMAOT e o MSSS estabelece a entrega, a Instituições de Solidariedade Social da região do Algarve, de 2.500 quilos de peixe, produzidos na Estação de Piscicultura de Olhão e que, por razões que têm a ver com o financiamento de projetos científicos, não podem ser comercializados.

É um protocolo inédito, que o ministro da Solidariedade Pedro Mota Soares disse esperar que possa ser alargado a «outras fontes de pescado e a outras regiões do país».

A ministra Assunção Cristas explicou como tudo começou: «esta Estação Piloto, que desenvolve um trabalho de investigação fundamental, tinha estas 2,5 toneladas de peixe da elevadíssima qualidade que não podia vender, mas também não poderia deitar fora. Entretanto tínhamos estas corvinas boas, a crescer, e tínhamos que arranjar uma solução para elas. Lembrámo-nos de contactar com o Ministério da Solidariedade . Peixe desta qualidade, certificado e não poder ser aproveitado era uma dor de alma… Por isso estabeleceu-se este protocolo entre os dois ministérios».

Para começar, o peixe produzido na EPPO vai ser distribuído pelas 38 instituições de solidariedade social que aderiram ao Programa de Emergência Alimentar e gerem cantinas sociais. Ofélia Ramos, diretora regional do Instituto de Segurança Social, explicou ao Sul Informação que não estão ainda definidas exatamente quais as instituições abrangidas, uma vez que terão que ser elas a «manifestar interesse em receber este peixe para darmos início ao processo». Mas isso, garantiu, vai decorrer já «na próxima semana».

Os utentes destas 38 IPSS serão assim os primeiros em todo o país a comer corvinas criadas em aquicultura, já que esta é uma das vertentes mais importantes da investigação que está a ser feita na Estação Piloto, na Quinta de Marim, em Olhão, como explicou Pedro Pousão, o seu diretor, aos dois ministros, durante a visita que fizeram às instalações.

À saída, perante as caixas de esferovite, onde as corvinas e as douradas, com quilo e meio de peso, estavam a ser acondicionadas com gelo picado para serem transportadas para a Misericórdia de Moncarapacho, Pedro Pousão garantia, virando-se para a ministra Assunção Cristas: «este peixe é fantástico, qualquer um de nós gostaria de o comer».

Por seu lado, Nuno Simões, funcionário da Estação Piloto, segurava nas mãos uma dourada fresquíssima e completava, com orgulho: «eu já fui pescador e digo que não se nota a diferença de sabor entre este peixe de aquicultura e o pescado no mar».

José Marcelino, provedor da Misericórdia de Moncarapacho, fez questão de felicitar «a iniciativa do Governo», salientando que, apesar de «termos sempre peixe fresco nas refeições que preparamos, raramente temos esta qualidade de peixe». E aproveitou para dizer que a dádiva em plena Quaresma veio mesmo a calhar, «porque agora e até ao Domingo de Páscoa não se pode comer carne».

A Estação Piloto de Piscicultura de Olhão é uma estrutura de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a produção de espécies com potencial interesse para a aquicultura nacional.

Este local constitui ainda um suporte privilegiado para a transferência de tecnologia, formação técnica e científica na área da aquicultura, aspeto que foi sublinhado pela ministra do Mar.

Assunção Cristas, que voltou a frisar que «esta área deverá ser encarada como uma grande prioridade na estratégia de desenvolvimento da economia do Mar», revelou que, no âmbito do PROMAR, nos primeiros três meses do ano já foram candidatados projetos no valor global de 36 milhões de euros, dos quais 6 milhões se referem a candidaturas na área da aquicultura, sobretudo no Algarve. «O objetivo é duplicar a produção de peixe e bivalves em aquicultura até 2015», esclareceu a governante.

A Estação Piloto de Piscicultura de Olhão, instalada junto à Ria Formosa, é composta por uma maternidade e diversas zonas de alimentação das espécies.

Este espaço conta ainda com uma jaula oceânica onde decorrem ensaio de cultivo de peixes em sistemas off-shore.

Pedro Pousão, diretor da EPPO, acrescentou ainda que, a partir desta primeira doação de 2,5 toneladas de peixe, «daqui a três ou quatro meses teremos mais umas centenas de quilos para doar e depois haverá sempre peixe». E mais uma vez se prova que é possível aliar o útil – a investigação aplicada – ao agradável – a doação do peixe produzido no âmbito dessa investigação a quem mais precisa dele.

 

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