20ª Feira dos Enchidos de Monchique apresenta os melhores ingredientes da serra

Seis produtores de enchidos, 12 de medronho, dois de mel, sete de doçaria, dois de compotas e licores, quatro de […]

Seis produtores de enchidos, 12 de medronho, dois de mel, sete de doçaria, dois de compotas e licores, quatro de pão e 23 de artesanato. Farinheira, molhos, chouriças, morcelas, presunto. Cachola de cebolada, milhos com feijão, couve à Monchique, papas com pique, fregeneco, pudim de mel e bolo de tacho.

Estes são os diferentes ingredientes com os quais, ao longo de dois dias, no fim de semana de 2 e 3 de março, se vai confecionar, em Monchique, a 20ª Feira dos Enchidos da Serra de Monchique.

No certame, que atrai habitualmente milhares de pessoas, estarão em destaque os produtos de charcutaria tradicional feitos a partir do porco preto, criado localmente.

Idália Duarte, proprietária da fábrica «Sítio da Serra de Monchique», na Picota, a mais antiga fábrica de enchidos tradicionais desta localidade, que desde 2001 se dedica à produção e transformação do tão conhecido porco preto, garante que «devido aos fatores genéticos, a carne é mais saborosa, porque é marmoreada. Quando a carne tem aquelas risquinhas de gordura por dentro, a que nós chamamos marmoreado, é porque a carne é de boa qualidade».

Luís Grade, vice-presidente da Câmara de Monchique e responsável pela organização da Feira, disse em entrevista ao Sul Informação estar «muito feliz e muito triste» com a edição deste ano do certame, que será a 20ª.

«Feliz porque temos recebido solicitações de todo o país e, daqui de Monchique, estarão presentes todos os produtores da fileira agroalimentar». E «triste porque não tenho capacidade de resposta para acolher mais expositores».

É que a Feira dos Enchidos, como sempre, irá decorrer nos 3000 metros quadrados do heliporto, que já são escassos para a dimensão da iniciativa. «Estamos condicionados e ali não podemos expandir-nos. Mas a Câmara de Monchique tem em mente a aquisição de um terreno, o da antiga serração Júlio & Júlio, para a qual até já submetemos uma candidatura ao PO Algarve21, estando apenas dependentes da aprovação dessa candidatura e da Assembleia Municipal».

«Chegou a altura de nos deixarmos de politiquices e de fazermos a aquisição de um terreno para instalar um pavilhão de feiras e exposições com espaço, condições e capacidade para dar resposta aos vários eventos que vamos promovendo ao longo do ano e a outras que podemos vir a promover, numa perspetiva de futuro».

Luís Grade recorda que, além da Feira dos Enchidos, há ainda as do Presunto, Medronho, Limão e Batata, a Artechique e o Festival de Motards. Mas como outras condições, «teríamos também espaço que nos permitisse criar novos certames, nomeadamente um dedicado ao mel, já que Monchique é o maior produtor do Algarve».

As novas instalações, no espaço da antiga serração de madeiras, junto à rotundo do Largo de São Sebastião e à estrada para a Fóia, até traria, segundo o autarca, «muitas poupanças à Câmara. Cada vez que fazemos uma feira, temos que arrendar os pavilhões e isso tem custos acrescidos». O terreno pretendido, acrescenta, «até já têm uma área coberta muito razoável», que poderia ser aproveitada.

Ao mesmo tempo, sublinha o vice-presidente da Câmara de Monchique, o espaço serviria também para «terminal rodoviário».

 

Seis produtores registados garantem dezenas de postos de trabalho

 

Mas voltando à Feira dos Enchidos Tradicionais. O seu objetivo é dar a conhecer e promover a produção de um setor que já representa dezenas de postos de trabalho no concelho serrano. Atualmente, há quatro fábricas e duas cozinhas tradicionais, unidades de menor dimensão que as fábricas, todos perfeitamente legalizados e cumprindo os mais estritos padrões de qualidade. Um dos produtores até já tem outra fábrica, no vizinho concelho de Aljezur, ao mesmo tempo que todos possuem talhos para venda direta ao público no centro da vila de Monchique.

«A fileira agroalimentar tem uma importância cada vez maior no concelho e, com a crise, devido a um certo regresso à terra que se está a verificar, penso que isso irá acentuar-se mais», sublinha Luís Grade.

O autarca manifestou-se mesmo «muito contente» por verificar que, na maioria dos casos, os investimentos feitos pelos produtores de enchidos tradicionais «têm a sua continuidade assegurada, uma vez que os filhos também já estão a trabalhar nessas unidades».

Outro setor em franca afirmação é o da produção de aguardente de medronho, que, tendo uma feira própria (em julho), também está presente no certame de amanhã e domingo.

Já há, em Monchique, 75 destilarias licenciadas e perto de 45 marcas de aguardente de medronho registadas. «Depois de levar algum tempo a arrancar, o processo de licenciamento do medronho já está a dar os seus frutos e o caso de Monchique até tem servido de exemplo para os outros municípios algarvios, que têm vindo aqui beber da nossa experiência».

Na Feira dos Enchidos de Monchique – que este ano até teve uma notoriedade inesperada, já que a Confraria dos Enchidos acusou o certame algarvio de ter plagiado o seu logotipo… – além das tasquinhas das coletividades presentes dentro do recinto, há ainda uma Mostra Gastronómica a decorrer, contando com a adesão de sete restaurantes locais, onde será possível degustar pratos como a cachola de cebolada, milhos com feijão, couve à Monchique, assado de porco preto, papas com piques ou o tradicional feijão com couve. Como sobremesa, a proposta passa pelo pudim de mel, bolo de tacho ou pastéis de batata-doce.

Os estabelecimentos de restauração que aderiram a esta mostra são a Palmeirinha dos Chorões, A Charrette, O Parque, O Luar da Fóia, O Jardim das Oliveiras, O Paraíso da Montanha e O Recanto.

A par de tudo isto, a feira propõe ainda muita animação, tendo como destaques do cartaz as atuações de Leandro, no sábado, às 21h30, e de Adriana Lua, no domingo, às 19h00. Pelo meio, haverá ainda as arruadas da Xaranga do Rosário, e atuações de grupos de ginástica rítmica, fitness, dance kids, dança oriental e de salão.

Além disso, e provando que o turismo de natureza é também uma aposta importante da Câmara de Monchique, a Feira dos Enchidos é pretexto para “inaugurar”, no domingo, um percurso pedestre de ligação à Via Algarviana, entre Monchique-Picota-Caldas-Monchique.

O objetivo da Feira é promover os enchidos de Monchique, derivados da carne de porco preto e curados de acordo com os métodos tradicionais da região, destaca a organização.

A Feira de Enchidos é uma iniciativa do município de Monchique e conta com o apoio da Direcção de Serviços de Alimentação e Veterinária da Região do Algarve, Direção Regional de Agricultura, do Turismo do Algarve e da Associação de Produtores de Enchidos de Monchique.

E se está com medo do frio da serra, saiba que, para aquecer, não há nada melhor que os enchidos tradicionais e as comidinhas reconfortantes serranas, tudo isto rematado com um medronho ou uma melosa. Vai ver que o frio desaparece como que por magia!

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