Roubos no Porto de Olhão já causaram milhares de euros em prejuízos

Milhares de euros de prejuízo resultantes de furtos, barcos que ficam em terra porque encontram as suas artes danificadas e […]

Milhares de euros de prejuízo resultantes de furtos, barcos que ficam em terra porque encontram as suas artes danificadas e vandalismo são situações cada vez mais habituais no porto de Pesca de Olhão, alertou esta semana a Organização de Produtores Olhãopesca.

Os armadores afetados admitem fazer justiça pelos seus próprios meios, caso as autoridades não resolvam o problema.

Em declarações ao Sul Informação, o presidente da Olhãopescas António da Branca revelou que esta onda de furtos e destruição começou «em finais de dezembro» e que, desde então, tem sido «sempre a aviar, como se costuma dizer».

Uma situação que tem paralelo no Porto de Quarteira, ainda que numa dimensão menor, acrescentou.

Ao início, os alvos preferenciais eram os veículos dos armadores e «o desvio de gasóleo», mas depressa escalou para roubo de outro material e até destruição gratuita. «A um barco de Quarteira, destruíram todos os equipamentos eletrónicos, porque não os conseguiram levar. É vandalismo puro», acusou António da Branca.

Além dos prejuízos do material que é roubado, os armadores sofrem, por vezes, duplamente, pois, quando chegam ao pé dos seus barcos, com as tripulações, não têm condições para sair do porto. «É muito triste ver 20 homens a ficar em terra e a não poder ganhar o seu pão por causa desta situação», considerou, dando o exemplo de profissionais que encontraram «as suas artes cortadas».

Segundo o armador de Olhão, tudo decorre da falta de segurança no porto, considerando mesmo «uma bandalheira» o que se passa naquela infraestrutura portuária. «É assustador ver as pessoas que lá entram, sem que ninguém lhes diga nada. Qualquer pessoa entra, há buracos em todo o lado e mais algum», ilustrou.

Até agora, os armadores e as suas tripulações têm procurado evitar confrontações com os elementos estranhos à atividade do Porto de Olhão, mas admitem mobilizar-se para fazer «justiça pelas próprias mãos» e defender os seus pertences, caso não haja uma resposta das autoridades.

«Caso nada seja feito, teremos de recorrer aos meios que forem necessários para que não andem a roubar as nossas coisas», avisou.

 

Extinção do IPTM complica o encontrar de uma solução a curto prazo

Arranjar uma solução de curto prazo para a falta de segurança no Porto de Olhão e noutros portos algarvios adivinha-se difícil, uma vez que está em curso a transição das competências do já formalmente extinto Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM) para duas entidades distintas.

O ainda delegado do departamento do Sul do IPTM Brandão Pires disse ao nosso jornal que está consciente da situação, mas que fazer face ao problema «é complicado neste momento», pois a entidade que dirige já devia ter deixado de existir «no início deste ano» e nem sequer tem verba para 2013, o que a impede de «assumir compromissos».

Brandão Pires revelou que já «não há portaria há algum tempo» na generalidade dos portos algarvios, uma vez que este é um serviço oneroso, que, no caso de Olhão, custa à administração portuária «cerca de 10 mil euros por mês». Ainda assim, acredita, mesmo que ela continuasse a existir, pouco contribuiria para evitar o tipo de crime que agora ocorrem.

«Sei que a situação é grave e que a criminalidade tem aumentado não só em Olhão, mas na generalidade dos portos», revelou. Mas, até que a jurisdição dos Portos de Pesca passe em definitivo para a Docapesca, pouco se pode fazer, defendeu.

Mesmo nessa altura, considerou, a solução terá de passar sempre por um unir de esforços entre os administradores dos portos e os seus inquilinos, «como acontece no condomínio de um prédio».

«O Porto de Olhão não tem receitas que lhe permitam, nem de perto nem de longe, contratar segurança a sério», disse. A sugestão de Brandão Pires é que a Docapesca, em conjunto com os inquilinos, nomeadamente as fábricas sedeadas no porto, arranje uma «solução comum».

 

Polícia Marítima tem feito «o que é possível»

A responsabilidade da segurança de um Porto de Pesca é da administração portuária e há limites para a atuação da Polícia Marítima no seu interior. Ainda assim, garantiu o comandante da Capitania do Porto de Olhão Luís Duarte, a força policial que dirige tem feito o que pode.

«Estamos perfeitamente conscientes da situação e temos feito aquilo que é possível», revelou. Entre as medidas tomadas, estão «o reforço da segurança e do policiamento no mar e em terra» e também o levantamento de «autos de notícia», que são enviados à administração portuária para tomar medidas.

«O Porto de Pesca de Olhão é uma área reservada e de acesso condicionado, mas é visível para todos que tem muitas falhas de segurança», acrescentou. Em causa não estão apenas os muitos buracos no gradeamento exterior, mas também a falta de iluminação nos passadiços, um dos problemas para que os armadores também alertaram.

Enfatizando que as autoridades não querem, «de forma alguma, que se faça justiça pelas próprias mãos», Luís Duarte sugere que os armadores e profissionais de pesca se mobilizem antes para fazer a vigilância dos seus pertences e que tomem «medidas próprias para reforçar a segurança», como por exemplo evitar deixar material valioso em locais sem supervisão.

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