Personalidades do passado desvendam história de São Brás de Alportel

Quase a um ano de completar um século de história, o município de São Brás de Alportel convida a uma […]

Quase a um ano de completar um século de história, o município de São Brás de Alportel convida a uma viagem ao passado pela mão de uma plêiade de personalidades são-brasenses, que marcaram o passado e se mantêm vivas na memória do povo.

Inaugurada no âmbito das Jornadas Europeias do Património, no final do passado mês de setembro, a exposição “São Brás de Alportel, um percurso por Personalidades com História” trilha o percurso de várias figuras ilustres de elevado destaque nas mais diversas áreas do saber.

Patente no Centro Explicativo e de Acolhimento da Calçadinha de São Brás de Alportel até ao final de junho de 2013, esta mostra dá a conhecer a história do município são-brasense, pela mão de algumas personalidades: Ibn Ammâr, Manuel de Sousa Pires Rico, Roberto Nobre, Virgínia de Passos, João Rosa Beatriz, Manuel Francisco do Estanco Louro, José Belchior Viegas, Bernardo Rodrigues de Passos, entre outras.

 

Algumas das personalidades com história:

Natural de São Brás de Alportel, Ibn Ammâr nasceu no seio de uma família pobre, contudo a sua inteligência e persistência levaram-no ao topo da hierarquia social. Especialista em literatura e enamorado pela poesia Ibn Amar conquistou um lugar na corte real de Sevilha, pelo Rei al-Mu’tadid, em 1053, alcançando em 1069 pela conquista de Múrcia, a nomeação de governador de Silves. Porém, a sua ambição desmedida conduziu-o a um triste fim na prisão, alvo de traições.

Manuel de Sousa Pires Rico trilhou o seu percurso pela solidariedade ao ingressar no Corpo de Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel, em 1927, conquistando por mérito o lugar de comandante.

O incêndio que deflagrou numa fábrica de cortiça, uma das principais atividades económicas da altura, despoletou a formação de uma corporação de bombeiros. A inexistência de uma força de intervenção contra o incêndio fez com que Manuel Rico tomasse a iniciativa e organizasse um conjunto de homens no combate às chamas, o sucesso da operação deu origem à formação do grupo e à escolha deste líder para comandante.

Um dos maiores vultos da cultura são-brasense, Roberto Nobre, foi considerado por muitos um génio multifacetado que se distinguiu com incomparável notoriedade sobretudo três diferentes percursos: as artes gráficas, o ensaio e a crítica cinematográfica.

A ele se deve a criação da Escola de Critica de Cinema, além de um conjunto de trabalhos para a posteridade enquanto jornalista, escritor, ensaísta, crítico de arte, de cinema, de literatura, ilustrador, pintor, publicista, cartoonista e caricaturista.

Filha do publicista e democrata Bernardo de Passos, Virgínia de Passos demarcou-se na sua época na pintura de aquarelas, que segundo os críticos ”pinta como sente, sem preocupações da técnica” sem influências de escolas ou estilos “mantendo-se igual a si mesma”.

João Rosa Beatriz, acérrimo defensor da causa republicana, juntou-se à luta na rotunda em Lisboa, na noite de 4 de outubro, decisiva para o sucesso da revolução.

Após a implantação da República, João Rosa Beatriz ocupou diversos cargos de excelência sempre com o intuito de elevar a aldeia de São Brás de Alportel a município, feito alcançado a 1 de junho de 1914.

A Comissão Executiva da altura nomeou-o para Administrador do concelho, cargo equivalente ao de Presidente da Câmara na atualidade.

A 6ª personalidade a contar um pouco da história são-brasense é Manuel Francisco do Estanco Louro, patrono da Biblioteca Municipal de São Brás de Alportel, uma homenagem devida ao seu percurso de investigador, durante o qual deixou uma volumosa obra literária inédita, composta por diversos estudos nas áreas da linguística – gramática, dialectologia e toponímia – da etnografia do Algarve, dos estudos camonianos e ainda ensaios diversos de literatura Portuguesa.

Em 1925, após 12 anos de investigação concluiu a obra monumental que é ainda hoje uma referência a nível nacional e internacional no seu género “O Livro do Alportel- monografia de uma freguesia rural-concelho”.

A viagem prossegue pela mão de José Belchior Viegas, militar, maestro, professor e poeta. Proveniente de uma família com parcos recursos, José Viegas estudou e trabalhou ao mesmo tempo terminando o curso de música no Conservatório de Lisboa.

Apesar de manter uma estreita ligação ao mundo musical é o investimento na indústria corticeira que lhe permite, em conjunto com a sua esposa, Bernardete Romeira, conquistar o seu maior sonho: abrir o Externato São Brás, em 1961, para o ensino primário e secundário, sendo considerado um dos melhores do país.

A viagem ao passado encerra em jeito de poema, na companhia de Bernardo de Passos, poeta republicano que demonstrou através da sua obra os seus ideais políticos, preocupações sociais e com grande subtileza fez críticas a favor dos mais carenciados.

«Dormita a aldeia ao longo da
verdura,
E, em torno, as fontes vão
cantando às mágoas…
Assim tranquila, caiadinha e
pura,
Parece um cisne de brilhante
alvura,
Sonhando quieto no frescor
das águas…»

(«Minha Aldeia», in A obra
poética de Bernardo de Passos,
Edição Câmara Municipal de São Brás de Alportel, 1983, p. 59)

A exposição “São Brás de Alportel, um percurso por Personalidades com História” pode ser visitada de terça-feira a sábado, entre as 09h30 e as 13h00, e das 14h00 às 17h30.

Conheça aqui estas personalidades, entre muitas outras.

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