LPN também apresenta queixa à Comissão Europeia devido à construção na Lagoa dos Salgados

A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) também vai avançar com uma queixa à Comissão Europeia devido à aprovação […]

A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) também vai avançar com uma queixa à Comissão Europeia devido à aprovação da construção de um empreendimento junto à Praia Grande e à Lagoa dos Salgados, em Silves. Alexandra Cunha, presidente da direção nacional da LPN, disse ao Sul Informação que a associação que dirige vai seguir o exemplo da associação Almargem e apresentar queixa à União Europeia.

A Câmara de Silves e a Finalgarve, empresa que irá promover o projeto, contratualizaram há pouco mais de uma semana um plano de urbanização da Praia Grande, que prevê a construção de 4 mil camas turísticas e um campo de golfe.

O núcleo algarvio da LPN reagiu à celebração deste contrato com um comunicado, onde considerou que «está dada a luz verde para mais um assalto à costa algarvia».

«Desde logo, choca a forma como, de um modo perfeitamente indecoroso, se assume este extraordinário e bacoco conceito de “urbanizar” uma praia (seguramente com as “very typical” palmeiras). Será a crise sinónimo de selvajaria, e do abdicar de toda a evolução em termos de preservação dos valores e recursos naturais fundamentais ao equilíbrio dos nossos ecossistemas?», questiona a associação ambientalista.

«O Algarve, não satisfeito com o modelo de “desenvolvimento” que o levou ao impressionante e degradante recorde de região nacional com mais desempregados (embora, somando todos os empregos prometidos pelos inúmeros empreendimentos, o Algarve tenha um défice de mão-de-obra – estranho, não?) e maiores assimetrias entre interior e litoral, continua a sonhar com a implantação de mais unidades hoteleiras, economicamente estéreis pelo modelo que assumem (a não ser para os grupos imobiliários responsáveis pela especulação imobiliária em seu torno) e social e ambientalmente ofensivas», considerou a LPN/Algarve.

A associação lembrou a Estratégia Nacional para a Gestão Integrada da Zona Costeira onde se alerta para os perigos a urbanização de faixas litorais e a Directiva Quadro da Água que «também não é favorável à ocupação das zonas costeiras, devido a questões de salubridade ambiental e risco para pessoas e bens».

Estas foram, de resto, razões que levaram a associação Almargem a avançar com uma queixa junto da Comissão Europeia, no seguimento da assinatura do contrato.

E não são apenas as associações ambientalistas que se estão a insurgir contra este investimento. «As repercussões negativas na opinião pública dos mercados emissores, que este empreendimento pretende alcançar, não se fizeram esperar e correm já petições em inglês e promovidas por cidadãos estrangeiros para impedir a destruição da vizinha Lagoa dos Salgados, que, lá fora, é vista como um “santuário”», garantiu a associação..

Para a LPN, tentar escamotear a questão ambiental «falando de milhões associados a transações imobiliárias, num momento em que este mercado está estagnado e em regressão (como nos mostra a vizinha Espanha e a própria situação em Portugal), é tentar atirar poeira para olhos ainda sonhadores com o desenvolvimento de betoneira».

«De resto, a publicidade em torno deste projeto, enquanto gerador de cerca de 1.500 postos de trabalho para o concelho, e mais impostos em IMI e IMT, não pode estar mais longe da verdade, bastando analisar situações análogas de outros empreendimentos, geograficamente próximos (Amendoeira Golfe), onde hectares de terra arável (incluindo solos de capacidade de uso de classe A) foram transformados numa pequena vila de casas turísticas que nunca foram vendidas, e ali ficam inutilizadas», recordou a associação.

A LPN garantiu que vai estar atenta aos desenvolvimentos no processo, «nomeadamente o cumprimento do normativo legal, desde já se exigindo à CCDR Algarve que clarifique o enquadramento deste empreendimento e qual o ponto de situação do seu processo de licenciamento».

Alexandra Cunha disse ao Sul Informação que «nós, na LPN, ainda andávamos a digerir a nova postura da CCDRA, cujo presidente considerou, em recente entrevista, que há ambiente a mais, quando foi anunciado este novo megaempreendimento, que vem confirmar a nova postura do governo e a sua falta de visão e sensibilidade».

 

Leia aqui na íntegra o comunicado da LPN Algarve

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