Obras na EN125 param esta sexta-feira

As obras de requalificação da EN125 vão parar esta sexta-feira, devido a dificuldades financeiras da concessionária, apurou o Sul Informação […]

As obras de requalificação da EN125 vão parar esta sexta-feira, devido a dificuldades financeiras da concessionária, apurou o Sul Informação junto de diversas fontes.

As obras, que neste momento estavam em curso com a construção da Variante de Faro, da Variante de Lagos, do nó da Praia da Luz e da requalificação do troço entre Lagos e Vila do Bispo, com a construção de diversas rotundas, bem como da Variante a S. Lourenço/Troto e da Variante à EN395 entre Guia e Albufeira, têm estado a avançar a um ritmo muito lento nas últimas semanas, mas agora tudo indica que vão mesmo parar.

Macário Correia, presidente da Câmara de Faro, contactado pelo Sul Informação, disse que «oficialmente» não tem «conhecimento dessa paragem», mas salientou «não estranhar que isso possa acontecer, até como forma de pressão negocial do consórcio» concessionário da intervenção ao longo dos 273 quilómetros da EN125.

De qualquer modo, sublinhou o também presidente da Junta Metropolitana do Algarve (Amal), «isso não é assumido oficialmente pelo consórcio».

Macário Correia, que estava em viagem para a Dinamarca para uma reunião europeia, disse que já falou com «a administração da Tecnovia», a empresa que lidera o consórcio, que não terá assumido oficialmente a paragem dos trabalhos.

No entanto, ao que o Sul Informação apurou junto de vários subempreiteiros envolvidos nas obras, as ordens são mesmo para parar, já a partir desta sexta-feira, dia 23, com a retirada de máquinas e de homens.

O nosso jornal constatou, por exemplo, que na zona junto ao Nó do Rio Seco da Variante de Faro, onde foi descoberto um cemitério romano que estava agora a ser alvo de escavações para que as obras da estrada pudessem avançar, e apesar de faltar pouco mais de uma semana para o fim da intervenção, os arqueólogos estavam agora ocupados em selar com geotêxtil algumas sepulturas que não chegaram a ser escavadas, depois de terem recebido ordens para parar.

Na origem desta paragem das obras, que já estavam atrasadas mais de um ano, não está qualquer falta de pagamento por parte das Estradas de Portugal, já que os pagamentos ao consórcio responsável pela concessão do Algarve Litoral só começarão a ser feitos quando as obras estiverem concluídas.

O problema é que o consórcio tem enfrentado problemas do ponto de vista financeiro. O consórcio é formado por quatro empresas – Edifer, Iridium (grupo espanhol ACS), Tecnovia e Conduril. A Edifer abriu falência e as outras têm vindo a sentir dificuldades de se financiar junto da banca. Daí que o ritmo de trabalhos esteja a ser bem mais lento que o que se previa inicialmente.

Macário Correia, nas suas declarações ao Sul Informação, admitiu mesmo que se trata de uma «obra insegura do ponto de vista financeiro». «Não há paragem assumida, mas pode haver suspensão momentânea dos trabalhos», disse o líder dos autarcas algarvios.

Uma paragem que pode ter na sua origem não só as alegadas dificuldades financeiras do consórcio concessionário, como o seu desejo de forçar o Governo e as Estradas de Portugal a rever um contrato que foi assinado ainda sob a égide de José Sócrates, quando as condições do mercado e do acesso à banca eram bem diferentes das atuais.

Júlio Barroso, presidente da Câmara de Lagos, um dos concelhos que mais poderá ser afetado pela paragem, ainda que temporária, das obras da EN125, garantiu ao Sul Informação«não admitir tão pouco a hipótese de a obra parar para sempre».

O autarca socialista recordou que «uma das razões para os anteriores Governos equacionarem a introdução de portagens na Via do Infante foi a realização de obras na EN125. O atual Governo avançou para as portagens sem que as obras estivessem feitas. Se agora houver uma paragem das obras é o fim da picada, é a descredibilização total do Estado e da administração central».

Por isso, Júlio Barroso, que garantiu desconhecer qualquer intenção de parar as obras, espera que esta situação, a concretizar-se, seja «apenas um acidente de percurso», um «impasse» que seja rapidamente ultrapassado.

«Não posso, de modo algum, admitir que seja para suspender as obras sem fim à vista», frisou o presidente da Câmara de Lagos.

 

Um processo muito atribulado

 

O concurso para a requalificação da EN125 foi lançado a 16 de março de 2008 e o contrato assinado em 21 de abril de 2009, prevendo-se um investimento de perto de 400 milhões de euros.

A concessão foi atribuída, após concurso, ao consórcio Rotas do Algarve Litoral, que tem por objetivo assegurar a reconstrução, manutenção e conservação da EN125, em toda a sua extensão, de Sagres a Vila Real de Santo António, num total de 273 quilómetros.

A requalificação da EN125 foi anunciada no Algarve a 16 de março de 2008 pelo então primeiro-ministro José Sócrates, que nessa data apontou o final de 2010 como o prazo para conclusão das obras.

Mas o processo tem sofrido sucessivos atrasos. A conclusão das obras passou a estar prevista para abril de 2012, depois para o segundo semestre de 2013, três anos depois do inicialmente previsto.

Mas os constantes atrasos põem em causa mais este prazo, enquanto se admite que algumas das obras previstas poderão não avançar sequer. Neste caso incluem-se as Variantes de Odiáxere (Lagos) e de Olhão.

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