Alisuper reabriu hoje lojas em Vale de Lobo e Vilamoura

Sorrisos rasgados e muita vontade para conversar da parte de trabalhadores da cadeia Alisuper seria algo difícil de ver numa […]

Sorrisos rasgados e muita vontade para conversar da parte de trabalhadores da cadeia Alisuper seria algo difícil de ver numa ocasião em que se juntassem dezenas de funcionários desta empresa, de há alguns anos a esta parte. Desde ontem, quinta-feira, centenas de algarvios voltaram a ter esperança no futuro, com a reabertura anunciada das perto de 60 lojas do grupo, após quase três anos de incerteza e de ameaça de insolvência.

O Grupo Nogueira, do empresário José Nogueira, comprou a cadeia de supermercados algarvia, bem como todos os outros ativos da Alicoop e salvou-a da extinção. Hoje reabrem ao público as duas primeiras lojas da insígnia, já com a nova imagem e nova filosofia, em Vale de Lobo e Quinta do Lago, em Almancil, Loulé.

Seguem-se mais «duas a quatro lojas» na próxima semana, segundo o novo dono da cadeia, que explicou que, apesar de se estar a trabalhar intensamente, há muito a fazer, até porque a cadeia tem uma nova imagem. O Grupo Nogueira assumiu 58 lojas Alisuper, 26 das quais pertenciam diretamente ao grupo Alicoop, e pretende reabri-las todas, incluindo duas na zona de Lisboa.

A cerimónia de lançamento das primeiras lojas Alisuper acabou por ser uma autêntica festa, contagiada pela visível alegria dos funcionários. O Governo também se associou à iniciativa, com o ministro da Economia Álvaro Santos Pereira a fazer uma visita propositada a Almancil, acompanhado por dois dos seus secretários de Estado.

Nova imagem da Alisuper

E não seria para menos. Com a compra da Alisuper, José Nogueira evitou a falência do maior grupo empresarial algarvio e salvou centenas de postos de trabalho. Para além disso, assumiu um quinto das dívidas do grupo e vai investir cerca de 26 milhões de euros em toda a operação.

«Quando as lojas estiverem a trabalhar em pleno, durante o inverno teremos cerca de 370 trabalhadores. Depois, no verão, vamos pôr mais 110 ou 120», revelou.

O empresário, com origem em Lamego (Douro), que se destacou no negócio de frutas e legumes, numa primeira fase, e de enchidos e carne, mais recentemente, também mostrou estar atento aos problemas sociais associados ao processo de insolvência da Alicoop, nomeadamente dos trabalhadores afetados.

Nas lojas que agora abriram, foram reintegrados funcionários que já antes trabalhavam para a Alisuper, algo que deverá acontecer sempre que for possível, nas demais lojas da cadeia.

«A empresa não estava obrigada, no plano de insolvência, a ficar com os trabalhadores. Mas eu acho que é lógico que fiquem, até porque eles merecem. Foram eles que ficaram aqui anos, aguentaram as dificuldades e sentiram na pele todos estes problemas. Não fazia sentido que não os fosse buscar», explicou.

 

Falhar não é uma opção

 

A palavra insucesso parece não existir no dicionário de José Nogueira, que não admite falhar na recuperação da cadeia Alisuper, apesar da conjuntura de crise e da forte concorrência. «Onde entro, eu tenho de ter sucesso. Eu não quero falhar e assumo as responsabilidades que me passam. E como eu não quero deixar ninguém mal, trabalho a dobrar», disse o empresário, numa conversa com os jornalistas à margem da inauguração da loja de Vale de Lobo.

Afirmações que são apoiadas em ações. «Peguei na empresa Fumados Douro em 2001, que ia fechar e deixar 34 pessoas no desemprego. Hoje tem 115 funcionários», contou.

Esta empresa de carnes e produtos transformados tem vindo a crescer e prepara-se para dar novo salto, com a construção de um matadouro «que vai ser considerado dos melhores do país», em fase de conclusão. «No ano passado, não sentimos a crise, pelo contrário, faturámos mais 11 por cento que em 2010», exemplificou. A faturação desta empresa do Grupo Nogueira foi, em 2011, superior a 16 milhões de euros.

O novo dono da Alisuper não tem medo da concorrência e acredita que os supermercados de proximidade até fazem mais sentido, numa altura de dificuldades. «Há lugar para todos. E hoje até há um contra para as grandes superfícies. As pessoas têm de se deslocar e há o preço dos combustíveis e a Via do Infante paga», resumiu. «A qualidade é muito importante. É nisso que vamos apostar».

 

Empresas que vêm com a Alisuper ainda terão de ser avaliadas

 

Com a compra da Alicoop, José Nogueira ficou com mais do que esperava. «Foi novidade para mim saber que agora era dono de 90 por cento do jornal Barlavento e de 30 por cento da Fábrica do inglês», disse, a rir.

«Sinceramente, não sei ainda o desfecho que isso vai ter. Acho que terá de ser uma coisa de cada vez. Ainda não pensei nessa aventura», afirmou.

 

Os grandes grupos também podem ter ambiente familiar

 

José Nogueira é dono de um grupo económico, com interesses em diversas áreas e capacidade de investimento, mas nem por isso deixou cair o ambiente familiar nas suas empresas. E até trouxe o neto consigo, para estar presente no relançamento da cadeia Alisuper. «Esta é uma empresa familiar. O que está aqui é para o meus filhos», disse.

O conceito de família, neste caso, é bem alargado, com os funcionários a entrarem na definição. «Na empresa mãe, lido com os meus funcionários como lido com a minha família. O filho de uma funcionária foi criado no meu escritório. Passado quinze dias de ter o filho, disse-me que não aguentava estar em casa e que queria trabalhar. Então eu disse para ela o trazer para o meu escritório e foi lá que foi criado», contou.

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