20,1% dos alunos matriculados nas escolas públicas do Algarve são estrangeiros 

Concelho de Loulé tem mais de um quinto dos alunos estrangeiros da região

Foto: Fabiana Saboya | Sul Informação (arquivo)

20,1% dos alunos matriculados nas escolas públicas do Algarve são estrangeiros, um número superior ao do ano letivo passado, no qual a percentagem foi de 18,4.

De acordo com Alexandre Lima, delegado regional da DGEstE, esta é uma percentagem que tem vindo a aumentar, ano após ano, e à qual as escolas têm sempre dado resposta, «apesar das dificuldades».

Todas os dias, estudam nas escolas algarvias alunos de 98 países, num total de 49 idiomas. Apesar de, por vezes, ser difícil a integração destes estudantes devido às dificuldades linguísticas, o delegado regional de Educação frisa que «todos os alunos estrangeiros são integrados nas turmas, mas depois têm um reforço adicional para se conseguirem adaptar mais facilmente à língua portuguesa».

Nestes casos, «o número de horas depende das dificuldades dos alunos».

«A escola, atendendo à situação, identifica a necessidade do aluno e dá resposta, sendo que temos aumentado o número de turmas de Português como Língua Não Materna. Todas as escolas têm estas turmas e isso é uma das coisas que têm funcionado muito bem e com muita agilidade. Muitas vezes, a maior dificuldade é arranjar professores disponíveis, mas em português, neste momento, não temos tido dificuldades», afirma.

 

Alexandre Lima, delegado regional da DGEstE – Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Tal como no ano letivo anterior, o concelho de Loulé continua a ser o que tem o maior número de alunos estrangeiros em toda a região, concentrando mais de um quinto dos estudantes naturais de outros países (21,2%) que frequentam as escolas algarvias. Em oposição, Alcoutim tem apenas 0,09% dos estrangeiros nas escolas regionais.

Quanto aos Agrupamentos de Escolas (AE), o D. Dinis, em Quarteira, é o que tem a maior percentagem, já que 39% dos seus alunos são estrangeiros.

O AE de Albufeira, que, em 2022/2023, se encontrava no topo da lista, está agora em segundo lugar, com 34,4%, seguido do AE Dra. Laura Ayres, também em Quarteira (33,7%), do AE Professora Piedade Matosos, em Aljezur (33,2%), e do AE de Vila do Bispo, com uma percentagem de 32,7.

Em oposição, os agrupamentos de escolas de Castro Marim (6,1%), João de Deus, em Faro (9,1%), D. José I, Vila Real de Santo António (9,3), Paula Nogueira, Olhão, (9,6%) e Alcoutim (10,6%) são os cinco com menor presença de estudantes de outras nacionalidades.

Em entrevista ao Sul Informação, Alexandre Lima fez ainda questão de desmentir os receios dos pais portugueses em relação a esta vaga de alunos vindos de fora.

«Existem alguns encarregados de educação que ficam um bocado incomodados quando não conseguem vaga para o filho na escola x ou y porque acham que nós damos prioridade aos alunos estrangeiros, mas isso não acontece. Para nós, os alunos são todos iguais. Quando estão cá e estão na escolaridade obrigatória, têm de ser colocados, sem qualquer tipo de restrição», frisa o delegado de Educação, admitindo que há, todos os anos letivos, «muito esforço dos professores», que ficam com turmas maiores.

Albufeira, Loulé, Portimão e Faro são, de acordo com Alexandre Lima, os concelhos onde haverá mais turmas do que no ano passado. Contudo, cabe a cada autarquia fazer essa gestão.

Em Portimão, do ano letivo passado para este, há pelo menos mais 200 alunos nas escolas, o que obrigará à abertura de, no mínimo, cinco novas salas para o pré-escolar e o 1º ciclo numa ala da antiga Escola de Hotelaria e Turismo, já havia anunciado a presidente da Câmara deste concelho.

 

Entrada da ala da antiga Escola de Hotelaria de Portimão agora adaptada – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Em Lagos, já foi preciso criar pelo menos mais duas turmas de 1º ciclo e quatro de Secundário.

Já no concelho de Loulé, onde o número de alunos também aumentou, abrirá este ano letivo uma nova escola e será reativada outra, que estava encerrada, em Quarteira.

Albufeira, que todos os meses recebe novos alunos, prevê também a abertura de novas salas.

Em entrevista ao Sul Informação, José Carlos Rolo, presidente desta autarquia, afirma que o Município «já teve autorização da DGEstE para abrir mais seis salas de Jardim de Infância».

Quanto aos outros níveis de ensino, «que também precisam de novas salas», estão previstas ampliações de algumas escolas, como a Francisco Cabrita e a das Ferreiras.

Em Faro, está prestes a nascer a nova Escola Básica Afonso III, que será edificada no recinto da Escola EB 2,3 que já existe e tem o mesmo nome.

Apesar de o ano letivo já ter começado há cerca de um mês, o delegado regional de Educação do Algarve salienta que, todas as semanas, há mais alunos estrangeiros para colocar, sendo Portimão o concelho que tem registado maior aumento do número de alunos naturais de outros países.

Em Janeiro, quando acaba o ano letivo no Brasil, prevê-se nova vaga de alunos provenientes daquele país. Algumas das Câmaras Municipais já estão a fazer planos para os acolher.

 

 

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